Tese Doutorado:
Investigação da Persistência do Endosulfan e Seus Metabólitos Após Desastre Ambiental Utilizando Gcxgc/tofms

Felipe Cury Mazza

DEAMB
Orientador
Profa Dra Carin von Mühlen
Coorientador
Prof. Dr. Nilo Sampaio
Banca
* Profa Dra Carin von Mühlen - FAT/resende - UERJ
* Prof. Dr. Nilo Sampaio - FAT/resende - UERJ
* Prof. Eduardo Monteiro Martins Currículo Lattes
* Prof. Dr. Renato Zanella - UFSM
* Profa. Dra. Lisiane Freitas - UFS
* Profa. Dra. Erika Cortines - UFRRJ
Data - hora da defesa
01/12/2023
Resumo
Em 2008 ocorreu um desastre ambiental com o vazamento de cerca de 8 mil litros do pesticida endosulfan, o que causou um impacto de larga extensão no Rio Paraíba do Sul, um dos rios mais importantes da região sudeste do Brasil. Entretanto, não foram encontrados estudos que avaliem a persistência do endosulfan e seus metabólitos nesse ambiente. Pesticidas organoclorados, incluindo o endosulfan constituem o grupo dos pesticidas mais tóxicos e tem uma relação direta ao envenenamento agudo, podendo permanecer no meio ambiente por muitos anos. A cromatografia gasosa bidimensional abrangente acoplada à espectrometria de massas por tempo de voo (GC×GC/TOFMS) é uma ferramenta poderosa para analisar resíduos de pesticidas e seus metabólitos. O objetivo da pesquisa foi desenvolver uma metodologia para quantificação de endosulfan e seus metabólitos, dentre outros pesticidas organoclorados, com simultânea análise de compostos não alvo em água e sedimento e avaliar a persistência destes compostos na região impactadas pelo acidente ambiental de 2008. Os métodos de extração das amostras validados nesse estudo empregaram a Extração em Fase Sólida (SPE) para as amostras de água e QuEChERS para a extração de amostras de sedimento. O método foi desenvolvido com foco em cromatografia rápida para determinação dos analitos tetracloro-m-xileno, α-BHC, β-BHC, δ-BHC, γ-BHC, heptacloro, aldrin, epóxido de heptacloro, trans-clordano, α-endosulfan, clordano, dieldrin, 4,4 DDE, endrin, β-endosulfan, 4,4 DDD, endrin aldeído, 4,4 DDT, sulfato de endosulfan, endrin cetona, metoxicloro e decaclorobifenil, e o processo de validação seguiu os critérios da ANVISA. O tempo total de análise cromatográfica foi de 12 minutos. Os resultados de recuperação foram entre 70,0 a 117,4% para amostras de água e 71,3 a 118,5% para extração de sedimento, validando 15 e 19 analitos de 25 compostos, respectivamente em cada método. O método foi validado em todas as etapas com análise estatística no RStudio. Os limites de detecção foram entre 0,38 a 173,74 ng mL-1 e de quantificação entre 1,18 e 526,49 ng mL-1. Foram estudadas amostras de água e amostras de sedimento (n=16), coletadas em um período chuvoso e em período sem chuva. Os resultados quantitativos obtidos determinaram a presença do endosulfan lactona no Rio Pirapetinga, abaixo da ferrovia e nas margens da rodovia Presidente Dutra, nas concentrações de 142 e 255 ng mL-1 enquanto que para β- BHC na foz do rio Pirapetinga a concentração foi de 40,7 ng mL-1. A detecção do isômero do produto da degradação do endosulfan encontrado e ausência dos isômeros α e β do endosulfan indicam uma contaminação antiga. A análise de 184 compostos não alvo identificou tentativamente fármacos, produtos químicos diversos e outros pesticidas presentes em toda a área de estudo. Conclui-se que o método desenvolvido é eficaz para análise de compostos organoclorados e outros compostos tentativamente encontrados, alertando sobre a atual qualidade dos recursos hídricos.

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