Tese Doutorado:
Caracterização da Diversidade Molecular Microbiana e Simulação Computacional da Produção de Biogás a Partir de Lodo de Ete
Mariana Erthal Rocha
- DEAMB
- Orientador
Profa. Lia Cardoso Rocha Saraiva Teixeira 
- Coorientador
Prof. Norberto Mangiavacchi , Ph.D. 1994 - The University of Michigan/EUA -
k- Banca
* Profa. Lia Cardoso Rocha Saraiva Teixeira 
* Prof. Norberto Mangiavacchi , Ph.D. 1994 - The University of Michigan/EUA -
k
* Profa. Marcia Marques Gomes , Ph.D. 2000 - Royal Institute of Technology-KTH, Estocolmo/Suécia -
k
* Prof. André Luís De Sá Salomão , Professor Ph.D. - 
* Prof. DSc. Cristina Rossi Nakayama - UNIFESP
* Prof. DSc. Alex Enrich-Prast - Linköping University
* Prof. DSc. Gilberto de Jesus Colina Andrade - UCSM
* Prof. DSc. Paulo Afonso de Almeida - CEDAE
- Data - hora da defesa
- 07/05/2024
- Resumo
- ROCHA, Mariana Erthal. Caracterização da diversidade molecular microbiana e simulação
computacional da produção de biogás a partir de lodo de ETE. 2024. 228 f. Tese (Doutorado
em Engenharia Ambiental) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.
A digestão anaeróbia (DA) é um processo biológico eficaz para o tratamento de
diferentes tipos de resíduos orgânicos e produção de energia na forma de biogás. Bactérias e
Archaea formam consórcios microbianos, tendo como produto, o gás metano (CH4). A DA e a
estabilidade na formação do biogás, fundamentais para a operação de um reator, ainda não são
totalmente compreendidas. Identificar os microrganismos (MO) envolvidos no processo
permite conhecer o potencial metabólico do sistema em questão. Na presente investigação, o
Modelo de Digestão Anaeróbia nº 1 (ADM1) foi utilizado para simular a produção de CH4 em
um reator anaeróbio (RA), e um ensaio associado de potencial bioquímico de metano (BMP)
em escala de bancada, foi conduzido tendo lodo de esgoto (LE) da estação municipal de
tratamento de esgotos (ETE) Alegria/RJ como matéria-prima. O LE apresentou as seguintes
características físico-químicas: pH (7,4 - 7,6), alcalinidade (2.382 ± 100 mg CaCO3 L-1), tDQO
(21.903 ± 1000 mg L-1), COT (895 ± 100 mg L-1), ST, STV e SSV (2,0%, 1,1% e 0,8%,
respectivamente). O ensaio de BMP foi realizado em seis réplicas sob condições mesófilas
anaeróbias (37 ± 0,1°C) por 11 dias com rendimento de CH4 de 137,6 ± 6,39 NmL CH4 ou 124
± 6,72 CH4 g-1 VS-1
. Ao comparar os resultados obtidos no BMP com os dados gerados pelo
modelo computacional ADM1, foram obtidas curvas de produção cumulativa de CH4
semelhantes, indicando a calibração e a validação do modelo ADM1. Utilizando a plataforma
Illumina MiSeq, o sequenciamento do gene 16S RNAr revelou uma comunidade bacteriana
central no material sólido, apresentando variações notáveis nos perfis. Antes da DA, a
abundância relativa no LE era composta por: Proteobacteria > Bacteroidota >
Actinobacteriota. Pós-DA, a abundância relativa mudou para Firmicutes > Synergistota >
Proteobacteria, com Sporanaerobacter e Clostridium emergindo como gêneros dominantes. A
comunidade metanogênica passou por uma mudança na via metabólica de acetoclástica para
hidrogenotrófica nos reatores em escala de laboratório. No nível de gênero, Methanosaeta,
Methanolinea e Methanofastidiosum predominaram inicialmente, enquanto pós-DA,
Methanobacterium, Methanosaeta e Methanospirillum tiveram precedência. Esta transição
metabólica pode estar ligada ao aumento da abundância de Firmicutes, particularmente
Clostridia, que abrigam bactérias oxidantes de acetato (CH₃COO) facilitando a conversão de
acetato em hidrogênio (H2). Firmicutes foi o filo dominante durante a DA, seguido por
Synergistota. Sporanaerobacter e Clostridium foram os gêneros dominantes nos reatores BMP.
A mudança da comunidade de arqueas metanogênicas de Methanosaeta para
Methanobacterium pode estar relacionada ao aumento do filo Firmicutes e Synergistota nos
reatores, afetando o grau de fermentação do substrato, o qual contém bactérias oxidantes de
acetato, as quais convertem acetato em H2 que é eliminado pelos metanogênicos, tornando a
reação termodinamicamente possível para esses grupos. Os perfis microbianos observados no
presente estudo ampliam o conhecimento atual sobre possíveis relações sintróficas entre
bactérias produtoras de H2 e arquéias metanogênicas hidrogenotróficas em LE. Os resultados
obtidos ajudam a vislumbrar novos horizontes para futuros estudos de ecologia microbiana e
melhoria da produção de biogás em ETEs.
Palavras-chave: Bioenergia; digestão anaeróbia; biogás metano; ADM1; RNAr 16S; archaea;
lodo de esgoto.