Prof. Weber Figueiredo - vice-diretor da FEN e Prof. Mauro Migon

Homenagem ao professor Mauro Migon na abertura da Semana Comemorativa dos 50 Anos da Faculdade de Engenharia da UERJ, na capela Ecumênica da UERJ em 4 de abril de 2011.

Mauro Migon, jovem prodígio, ainda aluno do curso técnico de Eletrônica da Escola Técnica Federal, atual Cefet, Migon calculou com alta precisão o eclipse total do sol ocorrido em 1966. Dois anos após, estudante do Instituto de Física da Uerj e trabalhando no Observatório Nacional publicou trabalhos científicos sobre astronomia inclusive na Academia de Ciências da Polônia.

Ingressou na Uerj em 1974. Foi professor da primeira turma de eletrônica. Ao ser contratado, em face da sua importância, o então chefe de departamento confessou-lhe que a sua contratação também serviria para calar a boca daqueles que o estavam questionando na chefia do departamento.

Naquela época, Migon ministrava parte de suas aulas no laboratório de eletrônica no prédio da Rua Fonseca Teles nas salas que abrigara o antigo necrotério da Faculdade de Ciências Médicas. Ao anoitecer, diziam, ouviam-se barulhos e passos misteriosos no laboratório. Alguns professores nunca entravam ali sozinhos. Foi naquele espaço que Migon também participou do laudo que condenou ao lixo o primeiro computador comprado pelo Detran do Rio para controlar os semáforos. O equipamento importado carríssimo ficou obsoleto antes de ser usado.

Todo os anos os estudantes sempre o homenageavam, quer fosse como paraninfo, patrono ou outra distinção. Só havia elogios ao querido professor.

Migon é Físico formado pela UERJ, mas foi dos melhores professores da Engenharia Eletrônica. Por diversas razões, não teve oportunidade de concluir seu mestrado, mas foi o verdadeiro mestre na acepção estrita da palavra. Mesmo sem o doutorado, Migon foi doutor em tudo que projetava e lecionava.

Ai início de sua carreira docente, seu pai faleceu e a situação da família ficou difícil. Afinal eram 10 filhos! Migon era o mais velho. Sua mãe, sem condições financeiras de manter a numerosa prole, foi a procura de um orfanato que acolhesse tantas crianças. Migon impediu. Com o seu trabalho de professor e muitas aulas particulares ele assumiu por muitos anos o sustento da grande família.

Esse exemplo de desprendimento e fraternidade também foi uma de suas características no trabalho na UERJ. Sempre disposto a ajudar deu o melhor de si à Faculdade de Engenharia, aos seus alunos e ao convívio com os colegas.

Migon é um grande didata, excelente professor, tecnicamente muito competente, mas acima de tudo uma alma gentil, humilde, generosa, integrante de uma estirpe nobre cuja humildade é proporcional ao brilho de sua intelectualidade e ao brilho de sua grandeza espiritual.

A homenagem é justa. Parabéns Professor Mauro Migon!

Weber Figueiredo