Utilizando exemplos sobre o funcionamento e a necessidade da certificação profissional ao redor do mundo, a presidência e as Divisões Técnicas de Exercício Profissional (DEP) e Formação do Engenheiro (DFE) realizaram o workshop Certificação Profissional de Engenharia, na quarta-feira, 9 de abril. Com palestras do presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, e do subchefe da DEP, Jorge Luiz Bitencourt, o workshop destacou, entre outros temas, que a autovistoria predial, agora prevista em lei, deixa evidente a necessidade da definição das responsabilidades técnicas em cada área da engenharia. A certificação é o reconhecimento formal dos conhecimentos e habilidades do profissional, independentemente da forma como foram adquiridos, definidos em termos de padrões ou normas acordadas previamente. Tem sido apresentada como recurso eficaz para organizar o mercado de trabalho devido ao acelerado desenvolvimento tecnológico.
![]() Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia.
Foto: Fernando Alvim De acordo com Francis Bogossian, as certificações nada mais são do que uma forma de garantir que a sociedade e o mercado sejam atendidos por profissionais com perfil adequado à atual situação brasileira. Ele afirmou que os engenheiros costumam achar que com as certificações eles serão obrigados a fazer exames, mas, na verdade, eles terão o direito de fazê-los se acharem necessário. “A partir daí pode-se também exigir melhores condições de trabalho e salários, já que as certificações apontarão as capacidades do profissional”, explicou. O presidente do Clube também falou sobre os problemas de infraestrutura, saúde e serviços básicos que assolam o país há décadas, ressaltando a falta de investimentos e gestão da educação pública como principal problema para o desenvolvimento, resultando na má qualidade da formação dos profissionais.
Francis, além de engenheiro, tem uma longa carreira ligada à educação. Foi professor durante 30 anos tanto da rede privada de ensino superior como da pública. Por esse motivo, colabora com o Instituto Brasileiro de Certificação Profissional, ligado à Fundação Cesgranrio. Para ele, a formação mais humanista foi negligenciada pelo crescimento das universidades privadas e a prioridade em uma formação técnica. “Muita gente se forma apenas com conhecimentos técnicos, sem discutir ética, por exemplo. Não há saída. Temos que promover o debate sobre exigências e certificação profissional. Com a certificação as instituições terão de vencer suas limitações”, defendeu, explicando que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação brasileira já aborda as certificações.
![]() Jorge Luiz Bitencourt, subchefe da DEP.
Foto: Fernando Alvim Para apontar o atraso brasileiro na área, Jorge Luiz Bitencourt lembrou que, nos Estados Unidos, a certificação profissional existe desde 1933. Muitos têm resistência ao processo, mas é preciso pensar que uma falha profissional na área de engenharia pode causar a morte de pessoas. “É importante que não só o Clube de Engenharia, mas também associações empresariais briguem para que tenham representatividade na implementação da política de certificações”, defendeu.
Bitencourt falou ainda sobre os métodos de avaliação das faculdades de engenharia no Brasil e da LDB que, segundo ele, viabilizou a liberdade de propostas de formação acadêmica. “Em 2001 o Ministério da Educação estabeleceu que o curso de engenharia deve ter 30% de matérias básicas, comuns a todos as áreas; 15% de disciplinas devem ser as específicas de cada engenharia; e o resto deve garantir uma certa mobilidade entre os conteúdos”, detalhou. O engenheiro defendeu também a mudança recorrente nos currículos. Segundo ele, a mudança curricular é essencial para que possa acompanhar as transformações tecnológicas. Os palestrantes explicaram como funcionam as certificações das faculdades de engenheiros no Reino Unido, Canadá, nos Estados Unidos e em Portugal, onde o procedimento é composto por uma série de etapas, desde a visita de comissões até dossiês sobre conteúdo curricular, nível de docência e avaliação dos alunos. Em 2004, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) realizou uma pesquisa de acreditação de cursos superiores e seus egressos vinculados ao sistema como passo inicial deste debate. Tanto os palestrantes quanto a plateia defenderam a necessidade de ampliação das discussões sobre o assunto para que a engenharia brasileira acompanhe o desenvolvimento da tecnologia e se mantenha como uma das melhores do mundo.
http://www.portalclubedeengenharia.org.br/info/certificacao-profissional-um-debate-necessario
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| Em 03/05/14 08:09 Edinei Rodrigues disse:Não acredito que uma úniva prova irá avaliar de forma coerente um formando de engenharia, após 5 anos de curso. Acredito, sim, numa avaliação prolongada, isto é, o acadêmico deveria ser orientado desde sua entrada no 1º periodo do curso e avaliado ao longo de cada ano... Acredito que esta forma consiga dar um "Norte" ao estudante no intuito de orientá-lo e se for o caso corrigí-lo num ponto específico e não avaliá-lo com uma única prova e tentar acabar com as prováveis distorções e "vícios" adquiridos e acumulados ao longo de diversos anos!! Em 30/04/14 00:10 Carl José Wessthoff disse:Dada a variação na qualidade dos currículos das diversas faculdades, dada a qualidade da aferição do aprendizado das diversas faculdades, é necessário conferir centralizadamente o nível de conhecimento de cada formado. Enquanto este nível não estiver aferido o formado será um simples bacharel. Os advogados já chegaram a esta realidade há anos. |