Grupo da Usp Nega Apagão de Engenheiros e Afirma Que Carências São Localizadas Geograficamente e em Certas Especialidades

Criada em 11/09/2013 12:30 por maperna | Marcadores: fen geral


 

 

Não há apagão generalizado de engenheiros. O que existe é carência regional e/ou em certas especialidades, como engenharia naval, além de um gapgeracional, herança dos tempos em que a profissão era desvalorizada e sem boas perspectivas. A conclusão é de estudo divulgado na última sexta-feira (30) pelo Observatório da Inovação e Competitividade (OIC) do Instituto de Estudos Avançados da USP.
 
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Para Mario Salerno, coordenador do OIC e professor titular do departamento de engenharia da produção da Poli-USP, antes de mais nada é fundamental definir o que vem a ser escassez de engenheiros. "O Ipea e a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República têm trabalhos sobre falta de médicos. A conclusão clara desses trabalhos é que há sim falta desses profissionais da saúde", diz o engenheiro. Mas na cobertura do suposto apagão de engenheiros, pautado na imprensa bem antes da polêmica dos médicos, o especialista detecta "muita opinião, impressão, especulação, muito estudo sem base e até gente séria que erra na conta ou na lógica. O que menos tem são dados."
 
Apresentando detalhes do estudo, o sociólogo Leonardo Melo Lins, pesquisador do OIC, mostra que em 2000 havia 1,04 formando em engenharia para cada 10 mil habitantes. Em 2011, eram 2,31 formandos (Censo do Ensino Superior/Inep e IBGE). "Em 2013 está 2,5, aproximadamente", complementa Salerno. A questão é: ainda que tenha mais do que dobrado, esse contingente novo é suficiente? Qual pode ser um critério válido de suficiência? Se for a comparação internacional, os dados são gritantes: a China tem 13 formandos por grupo de 10 mil habitantes, e a Coreia do Sul tem mais de 20.
 
Em resposta à questão "estamos fazendo o debate correto sobre a escassez de engenheiros?", os pesquisadores do OIC verificaram que:
 
- O emprego não cresce a taxas maiores do que a formação dos engenheiros com respeito ao passado recente
 
- O emprego e o número de engenheiros não são menores do que o "desejado socialmente" (diante de evidente dificuldade em definir o que seja isso, a evolução do PIB foi usada como parâmetro)
 
- Não houve um aumento do salário dos engenheiros muito superior ao das demais categorias profissionais
 
- Não é verdade que os engenheiros estejam procurando (e achando) melhores empregos em outras empresas (rotatividade)
 
Das seis hipóteses empregadas para calibrar melhor o debate, o OIC verificou que apenas duas poderiam eventualmente alimentar o discurso do apagão generalizado: de fato diminuiu sensivelmente o desemprego dos engenheiros (mas a taxa de desemprego nesta profissão sempre foi muito baixa). E, sim, houve maior atração para "ocupações típicas", tomando espaço das "não típicas".
 
Em 2010 o engenheiro que trabalha em funções típicas passou a ganhar mais que o colega que rumou para outras ocupações não relacionadas à engenharia. A rotatividade baixa, por sua vez, aponta para um mercado de trabalho "tranquilo", estável, onde a taxa de desemprego é de 2%.
 
"Estão reclamando de quê?", interroga Salerno. É verdade que há algumas reclamações que são válidas. Existe escassez em certas especialidades, como engenharia naval e de minas. Há problemas regionais, como em áreas de exploração de petróleo e gás, e também no Nordeste.
 
E, acima de tudo, "falta engenheiro com experiência, líder de projeto, que possa entrar na empresa e já desempenhar", explica Salerno. "Será que temos, então, um problema de formação?", interroga Lins. O relatório indica que mais de 40% dos formandos são egressos de cursos com conceito 1 e 2 no Enade; 30% vêm de cursos nota 4 e 5 (as mais altas). O problema é que ruídos como o usual boicote de estudantes contra o Exame enfraquecem os dados tanto para os melhores quanto para os piores cursos.
 
O fenômeno mais importante, avaliam os especialistas, é que o Brasil passou por quase 20 anos com formação baixa de engenheiros. De 2000 a 2010 o número de formados voltou a subir. "Começou de fato a melhorar em 2006-7, mas ainda se convive com a herança da falta de experientes, que não estão aí no mercado simplesmente porque a engenharia não era interessante em um dado momento", explica Salerno.
 
Assim, conclui, "não há apagão generalizado de mão de obra de engenharia no Brasil; não é o mesmo panorama da medicina". Sobre o gap geracional, ele diz que "não há o que fazer [além de esperar a "maturação" da força de trabalho], a não ser que se importe um ou outro, mas não é exatamente essa a solução".

http://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/notas/grupo-da-usp-nega-apagao-de-engenheiros-e-afirma-que-carencias-sao-localizadas-geograficamente-e-em-certas-especialidades

 


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