Google Flagrado Usurpando Banco de Dados Alheio na África

Criada em 14/01/2012 00:06 por maperna | Marcadores: fen geral

Em 2009 chamei a atenção do problema dos mapas da cidade do Rio de Janeiro, no googlemaps, destacar muito nossas favelas. Sob o ponto de vista turístico isso é péssimo e sob o ponto de vista cartográfico o mapa foi muito mal elaborado. É dado um maior destaque para as favelas do que para os bairros e na realidade elas deveriam aparecer como comunidade ou mesmo bairro, sem grande destaque ao termo favela e ter o nome do morro, aí sim, aparecendo com destaque. Do jeito que o mapa mostrava, parecia que só tínhamos favela... 

Em uma palestra (em 2009) na cidade de São Paulo, proferida por um "alto" diretor do google, minha pergunta sobre o assunto foi sumariamente ignorada e mesmo a comunidade cartográfica (informada através de listas de discussão), apesar de vários de seus membros concordarem, não deu continuidade ao assunto. Acredito que geopolítica não seja de interesse aos cartógrafos cariocas.

Fora os "erros" do google na Europa quando obteve dados de redes wifis durante o trajeto do carro utilizado para obter as imagens do Google Street View.

Enfim, será que foi um mero erro do google (da empresa "cartográfica" responsável) ? Leiam o texto abaixo sobre as práticas do google no terceiro mundo.


Marco Antonio Perna

Analista de Sistemas FEN-UERJ e engenheiro cartógrafo formado pela UERJ.

 


 

Startup do Quênia faz investigação detalhada e revela conduta desprezível.

http://tecnoblog.net/88322/google-mocality-quenia/

 
13/01/2012 às 17h10

Quando publicamos a história do levante jurídico do grupo BuscaPé contra o Google Brasil  nos tribunais houve uma repercussão bastante interessante sobre a origem da contenda da empresa e seus possíveis impactos.

Eu mesmo me enfileirei junto aos que entendiam que o BuscaPé poderia estar reclamando demais. Por outro lado, sempre argumentei que a estratégia do BuscaPé se baseia nos algorítimos de busca e indexação do Google, o que fatalmente em algum momento a tornaria refém de qualquer mudança não muito bem-vinda.

Bem, digamos que agora eu tenha um pouco mais de razões para entender o que exatamente pode provocar a tal indigestão no Buscapé. O Google está sendo acusado por uma empresa do Quênia, na África, de práticas anticompetitivas da pior espécie.

Em um post especialmente detalhado que foi publicado hoje em seu blog, a startup Mocality, que fornece um diretório de páginas amarelas, escancara os pormenores de uma auditoria que parece revelar práticas nem um pouco éticas para tomada no recorte de diferentes mercados. O alvo de suas denúncias: o gigante das buscas.

Para entender a denúncia, é preciso observar que, como não existem páginas amarelas ou outros grandes diretórios no Quênia, a startup Mocality se organizou como projeto para preencher esta lacuna. Com os últimos anos, ela conseguiu agregar um banco de dados de mais de 400 mil empresas em território queniano, baseando-se principalmente nocrowdsourcing e no pagamento oferecido para que os cidadãos validem os dados presentes no diretório.

 

Segundo o post, a Mocality começou a perceber uma mudança drástica em alguns dos fluxos de SEO em seu projeto e, desconfiada, decidiu dar uma de Sherlock Holmes e empreender uma auditoria na imensa quantidade de chamadas em seu website e bases de dados online.

Em uma medida extremamente inteligente, e reconhecendo que o scrapping (varredura) das chamadas em seus bancos de dados não estava sendo feito por nenhuma programação, mas obviamente por uma equipe de pessoas, a Mocality decidiu direcionar 10% dos visitantes com alguns IPs específicos para um tipo “diferente” de conteúdo.

Em vez das páginas originais que ofereciam os dados para contato com comerciantes e empresas locais, a Mocality decidiu dar seu próprio número de telefone e esperar para ver o que acontecia. Agora, pergunte-me a quem pertenciam os tais IPs e quem fez inúmeras ligações aos telefones oferecidos? Sim, equipes de trabalho do Google em Nairóbi e até na Índia. Mas calma, fica pior ainda.

A descrição detalhada da investigação pode ser vista no  post publicado pela Mocality. O pessoal do Google telefonava para as empresas listadas no diretório da Mocality e oferecia que viessem participar do diretório do Google, o concorrente entrando naquele mercado. Nas chamadas a pessoa do outro lado se dizia funcionário do Google, afirmava que a Mocality está entre seus parceiros locais e que estariam oferecendo sites gratuitos e outros privilégios para as tais empresas assediadas.

A estratégia era composta por alegações falsas, incentivos e até dizer que a Mocality (que não cobra nada das empresas locais para aparecerem em seu site) planejava iniciar cobranças de seus afiliados.

O resultado deste encontro inusitado com o Google foi o seguinte: utilizando suas próprias ferramentas em benefício próprio, o Google acabou “pinçando” de graça essa base de dados que foi construída e paga por meio de crowdsourcing ao longo dos anos pela Mocality. Na cara de pau.

No post, Stefan Magdalinski (da Mocality) diz que “não esperava uma tentativa empreitada por humanos (não robots) de, por meses a fio, sistemática e fraudulentamente (alegando falsamente estar colaborando conosco) procurar minar o nosso negócio, perpetrando chamadas de seus call-centers em dois diferentes continentes”.

Mas há uma explicação — julgue por você mesmo o que acha dela.

O Google se diz chocado ao tomar conhecimento do assunto, comprometeu-se a apurar o caso e acabou desculpando-se publicamente com a Mocality. Okay. Mas a base utilizada e tudo o que foi feito? Por ora, só as desculpas mesmo. Abaixo a resposta do Google por meio da declaração pública de Nelson Mattos, VP de Produto e Engenharia para Europa e Mercados Emergentes:

“Ficamos atormentados ao descobrirmos que um time de pessoas trabalhando em um projeto do Google fez uso impróprio de dados da Mocality e representou de maneira incorreta nossa relação com a Mocality encorajando seus clientes a criarem novos websites. Já nos desculpamos publicamente com a Mocality. Ainda estamos investigando como isso ocorreu e tão logo tenhamos todos os fatos, tomaremos medidas cabíveis com os envolvidos.”

E então, como duvidar do argumento do BuscaPé agora, hein?

Tsk tsk tsk. Bad Google!

http://tecnoblog.net/88322/google-mocality-quenia/



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