"... Nós, da comunidade científica, temos que fazer mais ciência, de melhor qualidade, e mais antenada com os grandes problemas nacionais, em um novo Contrato Social entre Ciência e Sociedade, que aproxime cada vez mais aqueles que fazem ciência daqueles que financiam e consomem ciência ... " Discurso de Posse do Prof. Dr. Glaucius Oliva como Presidente do CNPq, em 27/01/2011 Desde então o CNPq vem desempenhando papel central no estabelecimento e consolidação da ciência brasileira. Em 1974 incorpora definitivamente o desenvolvimento nacional à sua missão, passando a ser denominado Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, porém mantendo a sigla que o eternizou desde o início – CNPq. Em 1975 muda sua sede para Brasília, aproximando-se do centro de planejamento e gestão do país, e reafirmando assim seu compromisso nacional. Os avanços alcançados nesses 60 anos são expressivos. Temos hoje uma respeitável comunidade científica e tecnológica, como atestam os números da Plataforma Lattes do CNPq, onde estão hoje registrados mais de 1,7 milhões de currículos, entre os quais 135 mil doutores e 237 mil mestres, distribuídos nos mais de 27.000 grupos de pesquisa cadastrados no Censo 2010 do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP). O Brasil produz hoje 2,7% de toda a ciência mundial, e tem liderança reconhecida em várias áreas do conhecimento, como a agricultura tropical, a geofísica e a engenharia associada à prospecção de petróleo e gás em águas profundas, e a parasitologia, apenas para ficar em alguns exemplos. Como destacado pelo Presidente Aragão, em 2010, o CNPq atendeu a 80 mil bolsistas; investiu R$ 1,85 bilhão em formação de recursos humanos e fomento à pesquisa; avaliou 74 mil solicitações, submetidas aos 70 editais lançados no ano; tem 64 mil processos vigentes e custo operacional inferior a 5% do orçamento. Foram também criadas mais 14 mil bolsas de iniciação científica, mil bolsas de produtividade em pesquisa e 4 mil de mestrado e doutorado. Oferece também 7 mil bolsas de fomento tecnológico e um programa (RHAE) integralmente dedicado às empresas, com bolsas para incorporar pessoal qualificado em P&D. E, sem ônus para as atividades-fim, o CNPq terminou o ano com nesta magnífica nova sede em Brasília, adequada para atender suas necessidades nas próximas décadas. A ciência e a tecnologia, acrescidas do indispensável compromisso com a inovação, constituem hoje política central de Estado, expressa não apenas no Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação, do MCT, mas também presente nos planos de desenvolvimento de todas as áreas do Estado Brasileiro, como na Política de Desenvolvimento Produtivo, PDP, no Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação, PNDE, na Política Nacional de Saúde, no PAC, nos desafios nacionais de sustentabilidade ambiental, econômica e social, e nos programas de erradicação da miséria e de inclusão social. No entanto, o cenário para a ciência e tecnologia do século XXI pressupõe novos paradigmas e desafios. A ciência moderna exige atenção às demandas da sociedade, a adoção de abordagens multidisciplinares, a inovação e a pesquisa e desenvolvimento nas empresas como componente central do sistema. A prática da pesquisa requer novos formatos, atores e organização institucional, pautando-se por critérios de qualidade, impacto, relevância, sustentabilidade e internacionalização. Para avançar nesse novo contexto, cabe ao Estado Brasileiro – e ao CNPq em particular: Para tanto, o CNPq dever almejar pelo menos dobrar seu investimento em bolsas e fomento ao longo dos próximos quatro anos, atingindo execução orçamentária próxima a R$ 3,5 bilhões, de forma sustentável e que reflita o planejamento de políticas de governo articuladas. Esta é uma meta ousada, mas assim devem ser as metas. Temos um exemplo de sucesso a seguir, pois a nossa agência co-irmã, a CAPES, conseguiu atingir este nível de financiamento nos últimos anos, com excelentes resultados no avanço da formação de recursos humanos especializados para o país. Somos conscientes da severidade do momento econômico, o qual exige de todo o governo, redobrado esforço de contenção de despesas, mas vamos lutar e muito, sob a liderança de nosso Ministro Aloizio Mercadante, para mostrar que os investimentos em ciência, tecnologia e inovação devem ser preservados para aumentar a competividade da indústria nacional e promover o desenvolvimento dopais.. Nada disso será possível, sem a participação de toda a comunidade científica e tecnológica nacional, tanto através da participação direta em comitês e avaliações, como pelas sugestões e críticas, sempre muito bem vindas. O futuro está diante de nós, para ser conquistado. Mas para chegar lá, não podemos nos satisfazer com o já vencido, temos que ousar. Agora é a nossa vez de contribuir para o desenvolvimento da Nação. Há apenas dois dias atrás, o Presidente Obama, em seu discurso à nação, disse claramente: “The first step in winning the future is encouraging innovation. – O primeiro passo para conquistar o futuro é encorajar a Inovação. “. E relembrando o impacto econômico que o gigantesco esforço tecnológico do programa espacial americano teve, ele conclui: “Este é o momento Sputnik da nossa geração, ou seja, precisamos alcançar um nível de investimentos em pesquisa e desenvolvimento equivalente aos praticados na Corrida Espacial. Nós vamos investir fortemente em pesquisa biomedical, tecnologia da informação e especialmente na tecnologia de energias limpas, investimentos que fortalecerão nossa segurança, protegerão nosso planeta e criarão um número incontável de novos empregos”. Naturalmente que não precisamos e nem devemos nos pautar pela agenda de países estrangeiros, mas fiz questão de citar a estratégia americana, delineada anteontem pelo Presidente Obama, para exemplificar como os países em crise estão agindo: aprofundar os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação. Tenho convicção de que nosso caso não deve ser diferente. Nosso projeto de País para o futuro decididamente passa por investir ainda mais em Ciência, Tecnologia e Inovação. Porém, reafirmo o que já disse anteriormente em minha fala, que não basta apenas mais dinheiro. Nós, da comunidade científica, temos que fazer mais ciência, de melhor qualidade, e mais antenada com os grandes problemas nacionais, em um novo Contrato Social entre Ciência e Sociedade, que aproxime cada vez mais aqueles que fazem ciência daqueles que financiam e consomem ciência. Em 2011, tenham todos a certeza, o CNPq celebrará seus 60 anos com o olhar voltado para o futuro, pronto para seguir em sua missão de desenvolvimento científico e tecnológico, por um Brasil mais justo e desenvolvido. Meus agradecimentos a todos por estarem aqui. Estou certo de que caminharemos unidos. |
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