O projeto Terra Doce/FAPERJ atua para a constituição de um elo entre o campus da Uerj e a favela da Mangueira, comunidades fisicamente tão próximas mas socialmente tão distantes: projeto de pesquisa-ação que visa dar subsídios para uma nova dinâmica da produção artística da comunidade de mulheres da Mangueira e um percurso reflexivo mais humanizado na vida acadêmica. O Material trazido à tona nesta mostra é reflexo de um ano de ação continuada entre planejamento, construção de vínculos institucionais e de ação arte/educativa. São muitos os que apoiam e fortalecem essa investida. A introdução nas práticas com a cerâmica aponta para o grau de especificidade que se pretende dar no trato da arte enquanto meio expressivo e laboral, explorando a plasticidade da argila como material artístico e recurso pedagógico, aprofundando a relação histórica potente (com lastro cultural universal) e equilibrando-a com sua capacidade de servir à metamorfose criativa na ampliação da individualização imaginante. A cerâmica abre a possibilidade de se ver ali refletida a humanidade pelos múltiplos usos que adquiriu em diferentes contextos culturais – eis aí o seu princípio multicultural – e, ao mesmo tempo, poder servir à personalidade e à manipulação criadora das subjetividades íntimas. A possibilidade de se experimentar criador – pelo próprio grau zero da forma na argila, completamente desestruturada, e poder manipular, pela sua consistência e plasticidade, um corpo dócil e refrescante, permite uma expressão plástica plena, inteiramente dominada pela intencionalidade reflexiva e afetiva do sujeito. Dessas primeiras experiências com a terra nasce Lembrancinhas, obra configurada como veio de arte relacional onde o público também é envolvido no processo de criação de uma onda verde – são sementes, mudas, vasos com flores que promovem uma semeadura que acompanha, em sua feitura, o ritmo do outono. Colher as sementes no campus maracanã foi experiência única na vivência de muitos anos de universidade, onde os pequenos jardins mal eram vistos, muito menos tocados. A busca do verde na Mangueira, reduzido a poucas árvores e vasos domésticos, foi resultando numa alegria intensa. Muitas receitas de remédios caseiros, de doces e de artes mágicas foram aparecendo nesse processo. A abertura da exposição é o momento onde a obra ganha vida, na troca econômico-afetiva, pois a idéia é gerar renda para a comunidade, fazer com que arte também possa ser provento. Lembrancinha configura-se como obra-cidade porque vai circular em alguns pontos da urbe carioca (Grande Rio) e ainda reunindo sementes de diferentes bairros: Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Parque do Flamengo, quintais de Nova Iguaçu, da Mangueira, jardins da Uerj e de outros prédios, como também das muitas ruas pelas quais passamos; lugares que se presentificam aqui em forma de um novo futuro – que desejamos verde! – para a nossa cidade. O Círculo da Terra, coletivo que nasce nesta exposição, pretende atuar nesse espaço diáfano das utopias, lugares de sonhos sobre as novas possibilidades de existência, inspirando nas relações concretas o ritmo da vida. Mais informações: Mostra de Arte Terra Doce Abertura dia 05/12 as 17:00 h visitação de 07 a 14/12 das 10:00 h as 17:00 h Centro Cultural Cartola - Mangueira, Rua Visconde de Niterói, 1296 Fonte: Isabela Frade |
Copie o link desta notícia para compartilhar:
www.eng.uerj.br/noticias/1259784241-Terra+Doce
Todos os campos são obrigatórios
Regras para comentários:
| Não há comentários ainda. |