Por Mônica Sousa O aterro sanitário do Morro do Céu, em Niterói, recebe por dia aproximadamente 600 toneladas de lixo e produz 300 mil litros de lixiviado. Popularmente conhecido como chorume, o lixiviado é uma combinação de transformações químicas e tóxicas de todo esse resíduo sólido junto com a infiltração de água da chuva. Sem o tratamento adequado, essa decomposição orgânica acaba sendo despejada nos córregos e nos lençóis freáticos. Pensando nisso, a Faculdade de Engenharia (FEN) da UERJ montou o projeto Tratamento combinado de lixiviado de aterros de resíduos sólidos urbano em estação de tratamento de esgoto. A idéia é monitorar o tratamento do lixiviado em conjunto com o tratamento das redes de esgoto doméstico. A importância do estudo é definida pelo coordenador da pesquisa, professor João Alberto Ferreira de forma simples e direta: “Ou buscamos alternativas viáveis para o tratamento ou futuramente o destino final do lixiviado pode ser o nosso copo de água”, alerta. Para o professor, que integra o Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente (Desma) da UERJ, o lixiviado é um sério problema porque possui características de difícil tratamento e é mais poluente que o esgoto. Entre os elementos químicos encontrados está o nitrogênio amoniacal (NNH3). Para se ter uma idéia do grau de toxidade, enquanto o esgoto conta uma proporção de 40 mg/litro de NNH3, o lixiviado tem em média 1.000 mg/ litro. O grupo de pesquisadores do Desma montou a pesquisa aliando o tratamento do lixiviado a estrutura de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) montada. “Essa é uma alternativa porque há viabilidade no transporte do lixiviado até a ETE, a capacidade da estação em assimilar esse material efluente maximiza o processo, e há compatibilidade do processo tanto do esgoto quanto do lixiviado”. Segundo João Alberto, esse tipo de tratamento já é aplicado em vários países e se torna a melhor alternativa para sanar o problema de degradação ambiental. O TRATAMENTO O projeto do Desma foi aprovado pelo Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (Prosab) da Finep. O que permitiu ao grupo de pesquisadores montar uma unidade piloto de tratamento combinado na ETE de Icaraí, em Niterói, para a análise do lixiviado do Morro do Céu. Com a estação piloto eles puderam avaliar por dois anos a eficiência do tratamento combinado e monitorar novos experimentos de laboratório. A pesquisa avaliou o tratamento em doses diferenciadas da proporção lixiviado/esgoto e testou também o tratamento combinado biologicamente, a partir de microorganismos. O pesquisador explica que, por se tratar de uma substância mais tóxica, é preciso controlar a quantidade de entrada do lixiviado proporcionalmente ao do esgoto. A média utilizada normalmente na ETE de Niterói é de 0,5% a 1% de lixiviado em relação ao esgoto tratado. “O lixiviado reduz drasticamente a presença do oxigênio disponível em curtos d’água prejudicando a fauna e a flora desses meios”, explica João Alberto. A pesquisa consistiu em examinar as variantes possíveis de combinações entre o esgoto e o lixiviado por meio de tratamento biológico. A estação piloto conta com tanques de mistura com volume útil de 1..000 litros e opera em proporções distintas de lixiviado/esgoto que variam de 0,5% a 2,5% para monitorar diversos parâmetros e toxidade de cada uma das realidades. Os dados de dois anos de pesquisa atestam que o tratamento biológico do composto combinado de lixiviado e esgoto na proporção de 0,5% a 1% está dentro dos parâmetros legais estabelecidos pelo órgão ambiental no Estado. Dentre os aspectos verificados e comparados, Ferreira destaca a Demanda Química de Oxigênio (DQO) e a quantidade de nitrogênio amionacal. A DQO é um parâmetro químico que significa a quantidade de oxigênio necessária para a reação. Quanto maior o nível da DQO mais poluente é o composto. Enquanto o esgoto tem em média 170 mg/litro, o lixiviado apresenta 1.400 mg/litro. No entanto, após o tratamento combinado na proporção de até 1,5% a DQO reduz de 360 mg/litro para 130 mg/litro, uma margem aceitável de 70% de diminuição. Em relação ao NNH3 também há uma redução de 50 mg/litro reduz para algo em torno de 25 mg/litro.Fonte: http://www.uerj.br |
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