Carro elétrico já é realidade
12/07/2007
O projeto de criação de testes de veículos elétricos, que não emitem gases poluentes e com baixíssimo nível de ruído, está sendo desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Veículos Elétricos (Gruve), em parceria com a Ampla Energia e Serviços S/A, concessionária de energia elétrica, que atende a 66 municípios no estado do Rio de Janeiro.
O carro, modelo Palio, está exposto no Niterói Plaza Shopping, onde pesquisadores, professores e estagiários do Gruve informam sobre o funcionamento do veículo e sobre a tecnologia veicular elétrica. A Ampla pretende utilizar os carros em sua frota de serviço.
Segundo o coordenador do Gruve, Luiz Artur Pecorelli Peres, professor da Faculdade de Engenharia (FEN), o projeto é pioneiro no país. Sua realização só foi possível graças à pesquisa iniciada pelo Grupo em 2001, buscando a viabilização comercial dos carros elétricos. "Isto abre novas perspectivas para as empresas de energia", afirma Pecorelli.
Desde o segundo semestre de 2006, a FEN está trabalhando em conjunto com a Ampla, o que possibilitou a implantação do Laboratório de Sistemas de Propulsão Veicular e Fontes Eletro-químicas (LSPV), do Centro de Pesquisas e Energias Renováveis (Ceper), ao qual o Gruve está subordinado. No Gruve são desenvolvidas pesquisas para a produção de dispositivos que aliam a energia renovável ao transporte limpo e eficiente.
Como funciona
Apontado por muitos especialistas como o carro do futuro, o veículo elétrico surgiu na Europa, no século XIX. No Brasil, em 1918, foi inaugurada, pela antiga Light and Power Co. Ltd., no Rio de Janeiro, a linha de ônibus elétricos que ligava a Praça Mauá e o Palácio Monroe (localizado na Cinelândia). Contudo, com o advento dos carros movidos a combustível fóssil, que começaram a ser fabricados em massa e com custo mais acessível, as iniciativas de produção deste tipo de veículo tornaram-se restritas às universidades. Atualmente, com as questões ambientais em evidência, os estudos voltaram-se para veículos menos poluentes e mais silenciosos.
Já foram desenvolvidos dois modelos: o exclusivamente elétrico, que funciona com baterias fornecendo energia ao motor elétrico de tração; e o tipo híbrido, que conjuga motores elétricos e a combustão (gasolina ou diesel, hidrogênio ou células a combustível).
O protótipo testado pelo Gruve é totalmente elétrico, com bateria de 19 kWh, vai de 0 a 100 km em 28 segundos e atinge 110 km/h. Para abastecê-lo, uma vez que o carregador é embutido no veículo, só é necessário uma tomada utilizada para aparelhos de ar condicionado, de 127V ou 220V.
A recarga completa dura oito horas e o valor máximo é de 16 ampères. Com um consumo baixo (0,19 kWh por quilômetro), o carro tem também a vantagem de ser recarregado parcialmente, ou seja, será necessário apenas repor a carga consumida, caso a rodagem seja de 30 km.
Pecorelli afirma que esse veículo é viável comercialmente e adianta que no LSVP já está em estudo a recarga utilizando energia solar, disponível nos painéis fotovoltaicos instalados no telhado do Ceper.
Segundo o professor, novos estudos estão voltados para converter veículos a combustão interna para tração elétrica. O projeto, que utiliza um modelo Kombi, está sendo realizado em parceria com o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) e conta com o patrocínio da WEG Equipamentos Elétricos S.A., da Saturnia Sistemas de Energia Ltda. e da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
A frota da UERJ está na mira dos pesquisadores do Gruve, mas para isto, informa o professor Pecorelli, são necessários os resultados concretos da experiência realizada com a Kombi. A idéia é estender a iniciativa também à frota do governo do estado.
A exposição vai até 24 de julho, no Niterói Plaza Shopping, que fica na Rua XV de Novembro, 8, próximo à Estação das Barcas, em Niterói.
(Fonte: UERJ Em Dia nº 421)