Reproduzimos matérias publicadas no CLIPPING UERJ. Melhores alunos do Enade não acertaram nem metade da prova - Estado de São Paulo Estado de São Paulo - Vida& - pg. A15 - 16/8 Exame repete falha do Provão: não estabelece meta para estudante, só compara instituições Alunos de cursos que tiveram conceito máximo no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) não acertaram nem metade das questões da prova. Levantamento feito pelo Estado mostra que há cursos de instituições públicas e conceituadas, como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), que tiveram médias em torno de 45, numa escala de 0 a 100, e receberam conceito 5 no final, o mais alto. Isso ocorre porque o Enade apenas ordena os melhores e os piores a partir do desempenho do grupo, sem determinar previamente a que nível o estudante deveria chegar para receber o maior conceito. O Provão, seu antecessor, tinha a mesma distorção. Há cursos com conceito 5 no País, porém, que chegaram a 70% de acertos."Não adianta só mostrar quem é melhor do que quem, é preciso mostrar o que sabe cada um deles", diz o coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares. O especialista foi um dos consultores do Provão durante o governo Fernando Henrique Cardoso e afirma, no entanto, que essa metodologia é intrínseca às avaliações de ensino superior. Para Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (Inep/MEC), responsável pela prova, é muito difícil definir critérios do que é bom ou ruim em cursos de graduação. "Quem vai dizer o que deve saber o estudante ao fim do curso?", questiona. Segundo ele, isso é mais fácil de ser feito quando se trata do ensino básico. A Prova Brasil, por exemplo, que avalia alunos de escolas de todo o País da 4ª e da 8ª série, não apresenta a mesma distorção. O Inep montou escalas que vão de 0 a 500 pontos. A cada nível que a criança chega é possível dizer o que ela sabe em português ou matemática, além de qual aquisição de conteúdo é esperada para alunos de cada série. DESCOMPROMISSO Para o educador Carlos Henrique Araújo, ex-presidente do Inep e secretário-executivo da ONG Missão Criança, as notas mostram que os estudantes estão mal preparados. "Os alunos já chegam à universidade com déficit em todas as competências, não dá para resolver o problema lá", alega. "O Enade é o reflexo da falta de qualidade de toda a educação brasileira." Segundo o presidente do Inep, a metodologia também não permite determinar se o exame foi difícil demais para os estudantes, já que não há pré-teste das questões, como na Prova Brasil. Todos os ingressantes e concluintes selecionados por amostra pelo MEC fazem provas de conhecimentos gerais e específicos. A primeira é igual para todos os cursos e, em 2005, questionou os alunos sobre reforma política e eleitoral, terrorismo, literatura, devastação da Amazônia, camada de ozônio. As questões gerais representam 25% da nota. Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, outro elemento pode contribuir para as baixas notas: o descrédito dos alunos com a avaliação. "Eles acreditam que o exame não prova nada e não se esforçam para ter um bom desempenho. Os alunos de universidades públicas, que já têm nome, não acham que a instituição precisa da legitimação do Enade." A melhor nota do País foi de Adriano Caribe Ribeiro, que cursava Matemática na Universidade Católica de Salvador e tirou 93,7. O exame de 2005 foi feito por 277,4 mil estudantes de cerca de cinco mil cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo, Biologia, Ciências Sociais, Computação, Engenharias (distribuídas em 8 grupos), Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química. A decisão foi tomada anteontem pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, após análise da proposta da Câmara de Graduação da universidade. A câmara propunha a reserva de vagas de forma gradual, a partir do ano que vem. Ao chegar ao conselho, a proposta foi refeita: seriam 20% para alunos do ensino público e 5% para negros, sem progressão dos percentuais. Folha de São Paulo - Opiniâo - pg. A03 - 16/8 O DEBATE sobre cotas no ensino superior ganhou novos rumos nos últimos dias. Os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Educação) passaram a defender cotas sociais em lugar de cotas raciais. Um programa de ação afirmativa bem fundamentado pode aumentar a qualidade dos nossos alunos. Antes disso, dois manifestos foram encaminhados ao Congresso, um contrário e um favorável à aprovação do projeto de lei nº 73/99, a chamada Lei de Cotas, que, caso aprovado, determinará que 50% das vagas das universidades federais sejam reservadas para egressos de escolas públicas e, entre essas vagas, seja garantida uma proporção igual àquela obtida no último censo do IBGE no Estado para pretos, pardos e indígenas. Instituir cotas é uma entre muitas possíveis formas de ação afirmativa. Ação afirmativa não é sinônimo de cotas. Ao contrário do que muitos afirmam, cotas étnicas foram declaradas inconstitucionais pela Suprema Corte americana e são proibidas desde 1976. Ainda assim, muitas das boas universidades americanas adotam com sucesso programas de ação afirmativa até hoje. Em recente editorial (14/8), esta Folha de S.Paulo reconsiderou sua atitude até então contrária a programas de ação afirmativa e propôs que programas nos moldes do Paais (Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), assumam a proa da discussão, desde que renunciem ao viés racial. O Paais não renunciou ao viés étnico/racial, mas combinou um bônus de pontos para egressos de escola pública com um bônus extra para egressos de escolas públicas que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. É lícito que uma instituição de ensino superior decida investir no aumento da diversidade em seu corpo discente. Uma das funções da universidade é formar para a cidadania. Considerar componentes étnicos certamente não vai resolver o nefasto problema do racismo que permeia a sociedade brasileira. Não se pode esperar que as universidades o façam. No entanto, ao incentivar a diversidade cultural, elas podem proporcionar um ambiente para gerar conhecimento e tolerância que beneficiará a sociedade como um todo. O Paais é um programa de ação afirmativa sem cotas, criado na Unicamp e adotado desde 2005. Foi planejado a partir de estudo da Comvest (Comissão de Vestibulares da Unicamp), de 2003, que indicou que, uma vez na Unicamp, egressos de escolas públicas, em média, melhoravam seu desempenho acadêmico em relação ao apontado no vestibular. Assim, preserva três valores universitários fundamentais: autonomia, mérito e inclusão social. O Paais aumenta muito as chances de aprovação dos seus beneficiados sem reservar vaga para ninguém. Os resultados do Paais em dois anos de existência foram muito positivos. O número de egressos de escolas públicas matriculados na Unicamp aumentou 22%. O número de autodeclarados pretos, pardos e indígenas aumentou 31%. Em 31 dos 56 cursos, os beneficiados pelo Paais apresentam rendimento acadêmico superior ao dos demais estudantes após um ano na universidade. Em 53 cursos (95%), seu desempenho foi melhor do que o mostrado no vestibular em relação aos demais, validando as conclusões do estudo de 2003. Ao contrário do que muitos imaginam, um programa de ação afirmativa bem fundamentado pode aumentar a qualidade dos nossos alunos. Isso provavelmente não ocorreria se fossem adotadas cotas, se fossem reservadas vagas para quem quer que seja desconsiderando o mérito. O Paais demonstra também que mérito não é medido apenas pelo desempenho no vestibular; outros parâmetros devem ser considerados para determinar qual a melhor maneira de utilizar os recursos públicos disponibilizados para as universidades públicas. Impor cotas sociais ou étnicas como a única possibilidade de ação afirmativa é uma solução rápida, fácil e potencialmente desastrosa para o sistema universitário brasileiro. Desqualificar os argumentos pró-cotas e não apresentar uma alternativa melhor é uma saída rápida, fácil e potencialmente desastrosa para o futuro da sociedade brasileira. A mudança de atitude desta Folha é um exemplo a ser seguido. Leandro R. Tessler , 44, físico, é coordenador-executivo da Comvest (Comissão de Vestibulares da Unicamp). “Estaria tudo perfeito, se não houvesse um pequeno detalhe: outros alunos, além daqueles sorteados, também podem fazer a prova voluntariamente” Mensagem de Ana Paula Brandão Lopes, M.Sc., professora assistente do curso de Ciência da Computação da Universidade Estadual de Santa Cruz: “Eu não costumo ser adepta das teorias conspiratórias, mas é realmente impressionante a campanha que se faz na atualidade contra as instituições públicas de ensino superior brasileiras... Será que ninguém, mas ninguém mesmo reparou que o Enade tem um artifício feito sob encomenda para melhorar o desempenho das instituições privadas? Eu sei, não é tão fácil enxergar, mas agora que um colega mais atento que eu me mostrou, eu faço questão de explicar (ou seria denunciar?): para quem não sabe, o Enade é feito por amostragem. Alunos do início e fim de curso são sorteados para fazer a prova a partir de uma lista que as instituições fornecem. Estaria tudo perfeito, se não houvesse um pequeno detalhe: outros alunos, além daqueles sorteados, também podem fazer a prova voluntariamente. Ora, qualquer pessoa que entenda minimamente dos fundamentos da estatística (e da natureza humana) sabe que essa pequena regrinha simplesmente invalida os resultados! Pensemos um pouco: quem tem maior poder de barganha para convencer alguns bons estudantes a fazer a prova "voluntariamente"? Uma instituição pública, gratuita, normalmente enorme e inerentemente burocrática ou uma faculdade de cinco ou seis cursos caros, cujos donos passeiam diariamente entre os alunos e têm a liberdade garantida pela lei do livre mercado de oferecer bolsas e empregos a quem quer que seja? Ok, ok, vamos supor que essas instituições fossem absolutamente honestas e não tentassem interferir no processo, e continuemos refletindo: quem tem mais motivação para tentar provar que o seu diploma vale alguma coisa: um bom egresso da USP ou um bom egresso das Faculdades Integradas Fulano de Tal? Assim, caros colegas, o Enade tal qual está posto é uma verdadeira aberração, e se não nasceu com propósito criminoso, é um erro simplesmente inacreditável do MEC. O meu único alento é que ele é grosseiro e fácil de corrigir. Ou será que nós vamos entrar no jogo de ficar adulando nossos bons alunos a fazer o exame?” O presidente Lula acaba de sancionar a Lei de Combate à Violência Doméstica. A partir de agora, o período de detenção do agressor aumenta de um para três anos e a punição não poderá ser substituída por penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas). A promulgação da nova lei aconteceu, oportunamente, a 20 dias do 1º Congresso Interamericano de Educação em Direitos Humanos (Brasília, 30 de agosto a 2 de setembro), organizado pelos Ministérios da Educação e Justiça e Unesco, quando será lançado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), base para uma política de luta contra várias formas de discriminação que campeiam pelo Brasil, e que incluirá a inserção do tema nos currículos escolares. Providência que deveria ter sido tomada há tempos em um país em que a população não só é vítima de preconceitos, mas os alimenta. Gritamos contra a opressão exercida sobre nós, mas sempre achamos motivos para a opressão que exercemos sobre os demais, e os exemplos são fartos: discute-se a discriminação racial, mas na hora de agredir as mulheres, negros e brancos não se distinguem. Uma entre cinco brasileiras já foi alvo da violência masculina. "Elas", porém, são também capazes de oprimir: 40% das jovens de 15 a 29 anos que responderam à pesquisa do Observatório Ibero-Americano de Violência das Escolas sobre homofobia afirmam que não gostariam de ter um homossexual como vizinho. Não é um percentual pequeno, embora os rapazes superem as moças: 54% não querem gays por perto. O problema é tão grave que o MEC lançou a campanha "Brasil sem Homofobia", formando 500 mil professores para lidar com a questão nas escolas. Poderíamos listar mais exemplos, como a discriminação por idade, religião ou deficiências - concluindo que o cerne da intolerância está em nossa inabilidade para aceitar o que não é nosso espelho. A agressão é a tentativa de subjugar o diferente, esquecendo-nos que, assim como a biodiversidade torna possível a vida no planeta, a diversidade entre grupos humanos oxigena a sociedade. O PNEDH deve garantir que seja essa a primeira lição ensinada em sala de aula. Leis podem impedir que preconceitos deságüem em situações de violência, mas só a educação leva à compreensão de que o respeito mútuo é requisito para nossa sobrevivência. Magno de Aguiar Maranhão é conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro Haddad ressaltou, no entanto, que os projetos dos parlamentares são autorizativos e, portanto, têm caráter diferente daqueles propostos pelo Executivo, que são deliberativos. Para o ministro, o movimento indica que o País entendeu a necessidade de fortalecer a estrutura de ensino superior. Haddad reiterou, ontem, na capital gaúcha, o projeto para transformar a Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre na Universidade Federal de Ciências da Saúde. A medida depende apenas da aprovação, no Congresso, de projeto de lei que tramita desde o dia 18 de junho. A instituição terá cinco novos cursos: enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e licenciatura em ciências biológicas, e abrirá, ainda neste semestre, 220 vagas. A previsão é concluir a implantação da universidade em 2011. Ao abordar os planos para o programa Universidade Aberta, Haddad lembrou que devem estar em funcionamento 311 pólos em 2007, com quatro cursos superiores cada. Após quatro anos, o MEC considera possível chegar a mil pólos no País. Os professores irão preencher 75% das vagas do programa, feito em parceria com estados e municípios. O ministro lembrou que a meta é começar com 90 mil vagas. Os candidatos que ficarem na faixa de acertos superior a 60% e até 70%, ou seja que acertarem entre 37 e 42 questões serão classificados com conceito B e terão direito a 15 pontos de bônus. Já aqueles que acertarem mais de 50% e no máximo 60%, ou seja, quem acertar entre 31 e 36 questões, serão classificados com conceito C e receberão 10 pontos de bonificação. O conceito D será atribuído a quem acertar mais de 40% até 50% da prova, entre 25 e 30 perguntas. Aqueles que acertarem no máximo 40% da prova, ou seja 24 questões, serão reprovados. No entanto, quem não conseguiu garantir uma boa vantagem no primeiro exame não deve desanimar. Pois podem tentar melhorar o desempenho no segundo exame, que será aplicado em outubro. Os candidatos que tiverem realizado os dois exames levarão para a segunda fase o melhor conceito. Folha Dirigida - Educação - pg. 03 - 17/8 De acordo com a diretora do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj, Elisabeth Murad, o resultado está dentro do esperado. "Cerca de 10% dos candidatos ficaram na base superior do desempenho. Isso está dentro das estatísticas dos exames." O conceito A, que garante 20 pontos de bônus, foi obtido por 1.955 candidatos, o que representa 3,07% dos inscritos. Já o conceito B foi alcançado por 5.145 candidatos. Esta conceito dá direito a 15 pontos de bonificação. Já o conceito C, que garante 10 pontos de bônus, foi alcançado por 11.384 inscritos. A maior parte dos aprovados obteve conceito. Esta foi a nota de 18.236 vestibulandos. O desempenho foi superior ao do primeiro exame de qualificação do vestibular passado, quando a maior parte dos candidatos foi eliminada. Na primeira prova do vestibular passado, 54% dos inscritos foram reprovados. Veja como foi o desempenho dos candidatos no primeiro Exame de Qualificação abaixo: Con. Quantidade Percentual A 1.955 3,07% B 5.145 8,08% C 11.384 17,87% D 18.236 28,63% E 26.979 42,35% Longas greves, problemas de infra-estrutura, condições de ensino precarizadas pela falta de recursos, carência de pessoal especializado e até o adiamento da primeira prova do vestibular. Mesmo com todos esses problemas, as universidades públicas — dentre elas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) — ainda são as preferidas pelos vestibulandos - como comprovam os milhares de inscritos. Para os estudantes, a qualidade do ensino e o reconhecimento do diploma no mercado de trabalho compensam as adversidades, que já não surpreendem mais os futuros universitários. É assim que pensam vários candidatos, que estavam no campus Maracanã da Uerj, no último dia 6, para fazer as provas do primeiro Exame de Qualificação do Vestibular Estadual 2007. Previstas para ocorrer no dia 25 de maio, em função da greve, as avaliações precisaram ser transferidas para agosto. Com uma visão realista sobre problemas comuns a várias instituições públicas de ensino superior, os estudantes já sabem que, ao ingressar nestas universidades, correm o risco de não concluir seu curso no prazo previsto. Um deles é Guilherme Alencar de Moraes. Aos 18 anos, o jovem disputa uma vaga no curso de Engenharia Química ou de Produção. Aluno do curso técnico do Centro Federal de Ensino Tecnológico de Química de Nilópolis (Cefet/Química), a antiga Escola Federal de Química, Guilherme não se espanta com a possibilidade de enfrentar uma longa greve durante seu curso. Diploma tem grande peso no mercado "O ensino de qualidade da universidade pública abre mais portas no mercado de trabalho. As empresas preferem os alunos das universidades públicas porque eles passam por essa seleção rigorosa no vestibular. Embora com a rotina de greve a gente demore mais tempo para concluir o curso e tenha de ter aulas durante as férias, o diploma abre mais oportunidades", explicou o candidato, que também vai tentar cursar Engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF). A recente greve, que durou três meses, o desabamento de parte de uma das rampas no início do ano, e até mesmo o adiamento e a esfera de incertezas do vestibular da Uerj não foram suficientes para demover Yasmim Macedo Lopes, de 18 anos, de prestar vestibular para a instituição. Disputando as vagas no curso de Direito, a estudante diz que a Uerj é sua primeira opção, em função do renome nacional do curso. "As greves prejudicam bastante. Contudo, acredito que o mais importante é a qualidade de ensino. O curso de Direito da Uerj é considerado o melhor do Brasil. Tenho certeza de que a Uerj ainda é um centro de excelência e estou disposta a enfrentar todos esses problemas. Também vou prestar vestibular para a UFF e a Universidade do Rio de Janeiro (Unirio), mas a minha preferência é pela Uerj", completou Yasmim. Sucateamento já ameaça a qualidade Adriano de Andrade, que disputa uma vaga no curso de Jornalismo, é outro que defende a qualidade de ensino das universidades públicas. No entanto, a precarização das condições de ensino preocupam o jovem. "As universidades públicas são boas. O diploma de um curso como o da Uerj ou da UFRJ abre portas no mercado de trabalho. O que falta são investimentos na educação e na qualificação do pessoal. O prédio da Uerj está sucateado. Do jeito que as coisas estão, essa qualidade não dura muito tempo", ponderou o vestibulando que, além da Uerj, vai se inscrever para a UFRJ. Embora os problemas que assolam as universidades públicas sejam parecidos em sua essência, a estudante Ariane Bahia, de 23 anos, avalia que, dentre as instituições públicas de ensino superior no Rio de Janeiro, a Uerj é a que está em pior estado. Ex-aluna do curso de Engenharia Química da UFF, a estudante já está acostumada ao ambiente de uma universidade pública e pretende mudar de carreira, ingressando no curso de Nutrição. No entanto, a candidata revela que a Uerj, em função de suas condições precárias de ensino, é a sua última opção. "Para mim a Uerj é a instituição pública mais sucateada do estado. Os problemas ocorrem nas outras instituições de ensino, mas acredito que na esfera estadual a situação está mais grave. Vou fazer vestibular para uma área médica, que necessita de um hospital universitário. Embora os hospitais da UFF e da Unirio enfrentam problemas, a situação do hospital da Uerj é bem pior. Por isso, a Uerj é a minha última opção", lamentou a candidata de Nutrição. Particulares têm melhor infra-estrutura Sem ilusões com relação às universidades públicas, a estudante Natália Teixeira, de 20 anos, tenta ingressar no curso de Medicina. Com uma irmã estudando na UFRJ, a jovem tem uma noção do que deve encontrar nos próximos anos, caso seja aprovada. No entanto, a qualidade de ensino é o que fala mais alto no vestibular. "Espero apenas ter um ensino de qualidade. Sei que há problemas de infra-estrutura. Minha irmã estuda na UFRJ e sei que as universidades públicas têm problemas. As universidades particulares têm uma infra-estrutura melhor, mas o ensino deixa a desejar. Além disso, o diploma das públicas é mais valorizado", acrescentou a estudante. Aluno do curso de Ciência da Computação de uma universidade privada, o jovem Pablo Castro, de 18 anos, sabe bem o peso que tem um diploma de universidade pública. Por isso, o jovem vai prestar vestibular para Engenharia Mecânica, na Uerj. Além de parar de pagar seu curso, o estudante acredita que vai encontrar um ensino de melhor qualidade na instituição. "Além de parar de pagar meu curso, acredito que o diploma de uma universidade pública, como a Uerj, tem um conceito maior do que uma instituição privada. Para mim, as universidades públicas ainda são centros de excelência. Embora as condições de infra-estrutura não estejam 100% e ocorram longas greves, vale a pena estudar nas públicas, por causa da qualidade de ensino", completou o vestibulando, que também vai tentar vestibular para UFF e participar do Programa Universidade para Todos (Prouni). Aposta de que a crise seja passageira Na disputa por uma vaga no curso de Enfermagem, a estudante Suelen Bárbara Alfradique Bonfim, de 23 anos, também se preocupa com a situação das universidades públicas. Técnica de Enfermagem, a jovem tem noção da importância do peso das condições de ensino em sua formação. No entanto, Suelen tem esperanças de que a crise que afeta a Uerj — única instituição pública para a qual vai prestar vestibular — seja passageira. "Essa crise na Uerj preocupa, gera um clima de incerteza. O adiamento do vestibular, as greves... Vamos ver se os problemas serão solucionados. As universidades públicas já foram centros de excelência. Hoje em dia são prejudicadas pelas condições precárias de infra-estrutura. Tenho colegas que estudam em instituições privadas e conseguem bons empregos pois recebem um ensino de qualidade", explicou a candidata, que também vai tentar ingressar em uma instituição particular. Por outro lado, o corretor de imóveis André Luís dos Reis, de 37 anos, acredita que vale a pena estudar na Uerj. Na disputa por uma vaga do curso de Psicologia, ele pretende enfrentar os problemas de infra-estrutura e as greves prolongadas. Para o candidato, o adiamento do vestibular afastou alguns participantes e tornou a disputa menos concorrida. "Acredito que, se a situação continuar assim, seremos prejudicados. As universidades públicas já enfrentam problemas. Mas acredito que a situação da Uerj é ainda pior. Contudo, a qualidade de ensino é de primeira. O curso de Psicologia da Uerj, ao lado do de Direito, é uma referência no mercado", completou o candidato de Psicologia. Estudantes precisam reivindicar Como alternativa para solucionar a crise, André Luís sugere a participação de estudantes no processo de reivindicação por mais recursos públicos. "Os estudantes precisam se unir na luta de funcionários e professores, entrar com processos na Justiça e exigir melhorias para o futuro da universidade", sugeriu o vestibulando. Quem também prega a união da comunidade acadêmica para resolver os problemas da Uerj é Alessandra Costa, de 26 anos, que tenta ingressar no curso de Letras (Português/Francês) da instituição. Na avaliação da funcionária pública, a culpa dos problemas que assolam a universidade é do Governo Estadual e não dos profissionais de educação. "Acredito que as universidades públicas ainda têm o melhor ensino e que o curso de Letras da Uerj tem bastante qualidade. As longas greves, que prejudicam os alunos, são culpa do Governo e não dos profissionais de educação, que são comprometidos com seu trabalho. Além disso, um diploma de instituição pública pesa bastante na hora de obter um emprego", concluiu Alessandra. Ontem, a área do 6º BPM (Tijuca) ganhou dez câmeras que foram distribuídas entre Tijuca, Vila Isabel, Grajaú e Maracanã. De acordo com o comandante do batalhão, Álvaro Garcia Rodrigues, os equipamentos foram instalados nos locais onde o índice de criminalidade é mais alto. - Com as câmeras, as viaturas chegarão ao local com mais rapidez - disse o comandante. O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) considera válida a instalação de novas câmeras de monitoramento, mas frisa que a medida não basta para resolver o problema da insegurança na cidade. - Muitas câmeras estão instaladas sem funcionar. São como um placebo: o efeito é meramente psicológico. E ainda tem o prejuízo do dinheiro investido. Além disso, o sistema só será útil se houver uma central de comando trabalhando 24 horas por dia e condições de a polícia correr para o local imediatamente depois de as imagens do crime terem sido captadas. O deputado estadual Carlos Minc (PT) ressalta a importância de equilibrar os gastos com segurança pública no Rio. - Não adianta gastar R$ 52 milhões com TV se não houver um equilíbrio entre esse monitoramento eletrônico, os salários dos policiais e a qualidade da polícia técnica. É muita câmera e pouca gente para monitorar isso, investigar e agir. Para a aluna de pedagogia Érica Soares, 23 anos, assaltada na passarela que liga a estação do metrô à Uerj, a presença de policiais é mais importante do que a instalação de câmeras. - A presença física dos policiais intimida os assaltantes. As câmeras não - acredita. Luciano Sousa Leal, de 22 anos e estudante de informática, concorda: - Não adianta gastar dinheiro com câmeras e elas ficarem desligadas, como no dia em que o turista português foi morto. Segundo a SSP, as câmeras de Copacabana, Leblon e Ilha do Governador voltarão a funcionar dentro de 15 dias, e estão desligadas porque serão substituídas por outras mais modernas. |
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| Em 17/12/09 14:26 erica degli disse:Gostei muito mas gostaria dos e-mail de algumas pessoas entendidas dos asssuntos para conversar.Ex O eswtudante de psicologi da uerj |