Reproduzimos matérias publicadas no CLIPPING UERJ. Virada na educação - Folha de São Paulo As lições do Enade - JC E-mail Folha de São Paulo - Opiniâo - pg. A2 - 15/8 SÓ HÁ UM projeto capaz de nos unir: educação. E a união construída nesse campo pode gerar os recursos políticos e morais para fortalecer nossa capacidade de resolver todos nossos outros problemas. Quais são as grandes diretrizes -viáveis com meios de que o país já dispõe ou que possa em pouco tempo encontrar- da mudança necessária em matéria de educação? Em segundo lugar, enfrentar o problema do conteúdo e do método. Nas comparações internacionais, nosso desempenho em matemática é constrangedor. E a leitura de um texto, quando não encarada como ocasião para memorizar, costuma ser vista entre nós como pretexto para fantasiar, em livre associação de idéias. Por conseguinte, também não se aprende a pensar e a traduzir pensamento em escrita: como formular, decompor, desdobrar, fundamentar e reconstruir conceitos. Tudo o mais no currículo ou deve ser subsidiário a essas capacitações analíticas básicas ou deve servir para exercitá-las. Não conseguiremos colocar tais capacitações no centro do ensino sem qualificar o professorado e sem incentivá-lo nacionalmente, sob a responsabilidade do governo central. Em terceiro lugar, formar, a partir da educação reformada, uma contra-elite de merecimento. Ao aluno pobre esforçado e talentoso dirá a República: Você, que não tem herança, herdará de mim. Eu o cumularei de apoios econômicos abrangentes e de oportunidades acadêmicas extraordinárias até levá-lo às alturas do saber. Insisto: tudo isso é viável no Brasil de hoje. Começar a viabilizá-lo é mexer a fundo com o país. É insuflar, em toda a parte e já, dinâmica de inquietação ambiciosa. É libertar o povo brasileiro. ROBERTO MANGABEIRA UNGER escreve às terças-feiras nesta coluna. JC E-mail - On line - pg. - 15/8 Editorial publicado no “O Estado de SP”: O teste foi aplicado a 277.476 alunos escolhidos por amostragem, entre os estudantes que ingressaram e os que se formaram em 2005, e os resultados acabam de ser divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Com isso, completam-se dez anos de avaliação regular do sistema educacional brasileiro. O Enade é o teste que o atual governo criou para substituir o antigo Provão, uma das mais bem-sucedidas iniciativas do governo anterior. Além de ter incluído 20 novas áreas de conhecimento, na avaliação realizada em 2005 o Enade introduziu o Indicador de Diferença entre o Desempenho Objetivo e o Esperado (IDD), que mede o quanto uma universidade contribui para a formação do aluno, ampliando seu nível de conhecimento e sua competência profissional. A introdução do conceito de "valor agregado", pelo Enade, deu maior nitidez à radiografia do ensino superior, contribuindo para acabar com o mito de que toda universidade pública é boa e o ensino superior privado é sempre ruim. "Há instituições que pegam alunos bons e não sabem o que fazer com eles e há outras que pegam o mais fraco e o melhoram", afirma o economista Cláudio Moura Castro, um dos mais conceituados especialistas em avaliação de ensino no País. Os resultados do Enade mostram que, no conjunto, os alunos das instituições públicas tiveram, como vem ocorrendo desde o tempo do Provão, um desempenho melhor do que os das instituições privadas, confessionais e comunitárias. No entanto, graças ao novo indicador, o Enade apurou que 41,8% das universidades federais tiveram um Indicador de Diferença entre o Desempenho Objetivo e o Esperado negativo. Ou seja, a avaliação constatou que quase metade da custosa e extensa rede de ensino superior mantida pela União não conseguiu agregar o valor que se esperava a seus alunos. No âmbito das universidades privadas, cujos alunos em sua maioria vêm da rede pública do ensino médio, têm uma educação de baixa qualidade e precisam de cursos mais curtos para ingressar logo no mercado de trabalho, 53,5% das instituições avaliadas pelo Enade apresentaram um IDD positivo. A descoberta do Enade é surpreendente. Ela revela que uma parte significativa das universidades particulares vem conseguindo formar adequadamente os seus alunos e que a distância dessas instituições das universidades federais é menor do que se imaginava. Até o ministro da Educação, que sempre demonstrou ter algum preconceito contra as instituições privadas, acusando muitas delas de "mercantilizar o ensino", não escondeu sua surpresa com essa constatação. Com isso, as autoridades educacionais agora não têm mais pretexto para tratar o setor privado como vilão, nem para continuar tentando submeter todas as instituições públicas, privadas e confessionais de ensino superior existentes no País a um modelo único, como é o objetivo do projeto de reforma universitária que o governo enviou ao Congresso. Os resultados do Enade deixaram claro que, num País tão heterogêneo como o nosso, cada uma dessas instituições tem uma clientela específica e um espaço acadêmico próprio para atuar. Em outras palavras, a avaliação mostrou que, diante da complexidade da sociedade brasileira, o modelo mais adequado é o de um multissistema de instituições de ensino superior, a exemplo do que ocorre nos EUA. Lá, ao lado das universidades de ponta, existem os Liberal Art Colleges, que não fazem pesquisa, mas têm ensino de qualidade e recrutam bons alunos, os colleges, que atendem os alunos vindos de famílias mais pobres, e os community colleges, que oferecem cursos mais curtos e absorvem milhões de alunos com ensino técnico voltado para o mercado de trabalho. Criado há dez anos, o sistema de avaliação do ensino superior finalmente se consolidou, revelando-se capaz de fazer diagnósticos precisos do setor. O mérito do último Enade foi mostrar que, embora os gravíssimos problemas de qualidade ainda persistam, o governo estava errado ao superestimar as universidades públicas e desprezar o papel e a importância das universidades privadas na formação das novas gerações. Os candidatos Marcelo Crivella (PL), Denise Frossard (PV), Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Paes (PSDB) faltaram ao compromisso e tiveram sua ausência citada nos discursos dos presentes. "No meu tempo candidato era obrigado a comparecer no debate na Uerj. Quem não está hoje aqui presente é porque não liga para educação", afirmou Milton Temer. "Parece corrida de cavalo, que as pessoas só votam no cavalo que está em 1º. lugar, se isto foi uma comparação ruim que me desculpem os cavalos", brincou Carlos Lupi. Primeiro a falar, Milton Temer defendeu a recuperação da Universidade, o horário integral - com bandejão para os alunos almoçarem -, o passe livre, e a liberação de 6% do orçamento para a instituição - um projeto que chegou a ser aprovado pela câmara de vereadores, mas que foi barrado por inconstitucionalidade no governo Brizola. "Seis por cento não serão o teto da UERJ, será o piso", prometeu. Carlos Lupi afirmou que, se eleito, vai retirar a ação de inconstitucionalidade para os 6% da Uerj. "Foi um erro do meu partido colocar esta ação, todo mundo erra e eu assumo os meus erros. Quando governador a primeira coisa que farei será retirá-la para a Universidade poder ter dinheiro e autonomia", disse o candidato. Ele também propôs a contratação de mais professores e funcionários para que o turno da tarde possa ser ocupado, e defendeu um conselho de gestão administrativa e uma transparência da Uerj com prestação de contas on-line. Telma Maria é a favor do monopólio estatal da educação, do fim do vestibular, do orçamento controlado pela Universidade, e da criação de um conselho, para gerir a Uerj, eleito pelos alunos, professores e funcionários. Ela ainda afirmou que o programa de cargos e carreiras é importante para inibir a corrupção que ocorre dentro da instituição, e que pretende lutar pela classe trabalhadora. Grande parte do seu tempo foi dedicado a ataques a Heloísa Helena – candidata do PSOL à presidência da república. "Meu objetivo é tirar a fumaça das eleições e dar voz à classe trabalhadora", disse. Vladimir Palmeira é contra destinar 6% da arrecadação para a Uerj. Ele propõe um contrato do governo, onde o estado entraria com os recursos e a Universidade se comprometeria a fazer cursos para a comunidade carente. Palmeira liberaria dinheiro somente no primeiro mês e depois faria um contrato de longo prazo, "para daqui a dez anos e 20 anos". Declara-se a favor da cota racial, "Ao menos gera polêmica, botar um monte de negros na Universidade para os brancos serem obrigados a conviver com eles". Ele complementa falando que "se não começar por cima não gera polêmica e não coloca a questão em discussão na faculdade". Será realizado na UFRGS, em Porto Alegre, RS, o Colóquio “Problemas e Perspectivas da Educação Superior: Brasil e EUA" tendo como palestrante Nancy Zimpher, reitora da Universidade de Cincinnati, nos EUA, que falará sobre A Universidade do Século 21 nos EUA: Enfrentando Desafios. Como contraponto, Francisco Sá Barreto (UFMG) abordará o tema Estrutura da Educação Superior no Brasil: Problemas e Perspectivas. Haverá, em seguida, uma mesa-redonda sobre “Educação Superior no Brasil e nos EUA: comparação e contraste”, com a participação de José Carlos F. Hennemann (reitor da UFRGS), Francisco César de Sá Barreto (UFMG), Timothy Mulholland, (reitor da UnB) e Nancy Zimpher. O colóquio, que tem o patrocínio da Embaixada dos EUA no Brasil, apoio da UFRGS, da Fapergs e da Fulbright Alumni Association-Brazil, acontecerá no Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRGS, no campus central, em Porto Alegre, no dia 28 de agosto, das 9 às 18h. Os palestrantes farão suas apresentações em inglês e haverá tradução simultânea em todas as sessões do Colóquio, que reunirá educadores e administradores de IES, pensadores, estudiosos e pesquisadores da Educação Superior das IES no Estado do Rio Grande. Informações e inscrições (gratuitas) devem ser feitas com Renata (evento.fulbright@yahoo.com.br) até dia 25 de agosto. "É fundamental saber sociologia e filosofia para compreender as demais disciplinas", comenta Thiago Franco, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) "Uma vitória da luz" - foi como o sociólogo César Callegari definiu a decisão do ministro Fernando Haddad de homologar, nesta sexta-feira, o parecer 38/2006 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que torna obrigatório o ensino de filosofia e sociologia no ensino médio de todas as escolas públicas e privadas do país. "Quem ganha com a decisão é o Brasil e os jovens que terão a oportunidade de serem sujeitos de sua própria história", afirmou Callegari, relator do parecer, aprovado por unanimidade, em 7 de julho último, pelo CNE. Na oportunidade, o ministro Fernando Haddad, que além de economista e, é formado em filosofia, disse que a data - 11 de agosto e Dia Nacional dos Estudantes - foi bem apropriada para homologar o parecer. Em 11 de agosto de 1827, dom Pedro I assinou decreto que criava os cursos jurídicos nas cidades de SP e Olinda. É data de criação ainda do primeiro Centro Acadêmico Universitário do país - 11 de agosto, em 1903 -, que completa hoje 103 anos e que também foi presidido pelo ministro Fernando Haddad. "Estamos reintroduzindo o ensino crítico e oferecendo aos jovens a possibilidade de entender melhor o mundo em que vivem", afirmou o ministro. Disse também que o ensino de filosofia e sociologia resgata uma reivindicação antiga dos educadores: a de dar seqüência ao que já dispunha a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e que permite aos jovens brasileiros ampliar horizontes. "Uma juventude que precisa de novas oportunidades, de construir o seu futuro e forjar novos horizontes para si mesma e para o país", disse. É dado o prazo de um ano - a partir de hoje - para os estados se adequarem à medida. "O MEC entra com o apoio técnico e financeiro necessários para viabilizar esse ensino", disse o ministro. Na opinião da socióloga Elizabeth Fonseca, da Comissão de Ensino da Sociologia, a homologação do Parecer 38/2006 é um passo decisivo e um desafio grande na educação. "Estamos comemorando uma grande vitória", afirmou João Carlos Sales, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Já o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Thiago Franco, destacou a importância de formar cidadãos com espírito crítico, com melhor poder de raciocínio e compreensão do mundo. "É fundamental saber sociologia e filosofia para compreender as demais disciplinas", comentou. A decisão do CNE e MEC beneficiará mais de nove milhões de estudantes de 23.561 escolas de ensino médio do país. O ensino de filosofia e de sociologia já é obrigatório em Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, RJ, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, SP, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal. É opcional na Paraíba e no Rio Grande do Sul. Estiveram presentes na solenidade desta sexta-feira, no auditório do Ministério da Educação, além do ministro, conselheiros do CNE; o secretário de Educação Básica, Francisco Chagas Fernandes; a diretora de políticas do ensino médio da SEB/MEC, Helena Lodi; coordenadores de ensino médio das Secretarias Estaduais de Educação; representantes da Federação Nacional dos Sociólogos, da Ubes, do Sindicato de Sociólogos de SP, de Universidades e da Confederação Nacional de Trabalhadores na Educação (CNTE). Mesmo com problemas de infra-estrutura, política de expansão de vagas da instituição é mantida Fabiana Cimieri escreve para “O Estado de SP”: Apesar do aumento nas verbas de custeio (gastos fixos e de manutenção), que praticamente dobraram entre 2003 e 2006, a Universidade Federal do RJ (UFRJ) continua a ter problemas de infra-estrutura, como infiltrações nos prédios, falta de professores e dívidas com as concessionárias de luz e telefone. Em 2006, a maior universidade brasileira conta com R$ 94 milhões para o custeio das despesas fixas e dos gastos com manutenção. Segundo o pró-reitor de Graduação, José Roberto Meyer, universidades estaduais do mesmo porte, como a USP e a Unicamp , financiadas com parte da arrecadação do ICMS do Estado de SP, contam com quase o triplo de recursos. A Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, que cuida do orçamento da universidade, estima que, para atender a todas as demandas, seriam necessários R$ 160 milhões, sem contar os projetos de expansão das atividades universitárias. "Eu sinto falta de mais infra-estrutura, temos poucos laboratórios, oficinas sem computadores, muitas salas estão inutilizadas por infiltração", reclama o estudante do último período de desenho industrial, Gabriel Costa. Mesmo com um orçamento insuficiente para dar conta das despesas já existentes, a UFRJ mantém uma política de expansão do número de vagas. Desde 2003, foram abertas 450 novas vagas. Essa política se traduz não apenas no aumento das vagas, mas também na criação de novos cursos, na ampliação do turno da noite e na construção de novos campus, como o de Macaé, no ano passado. "Se o aumento de vagas influenciar nas notas necessárias para passar no vestibular, a qualidade vai cair, como aconteceu na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que dobrou o número de calouros desde o início dessa reitoria, em 2003", reclama a funcionária administrativa da FAU, Maria da Guia. A professora de arquitetura Cessa Guimarães diz não ver problemas no aumento do número de vagas, desde que haja mais recursos para infra-estrutura. "Mais gente tem que ter essa oportunidade", afirma. Para a estudante Sarah Huber, de 19 anos, no entanto, as instalações físicas da universidade não comportam o aumento de estudantes: "Se botarem mais gente, o prédio cai”. Também nas universidades públicas há espaço para melhorias na qualidade do ensino. Foi o que afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad, ao comentar o resultado do Indicador de Diferença entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD), novidade na última edição do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O índice, que mede o valor agregado na formação do aluno, apontou que o percentual de cursos com IDD negativo foi de 41,8% nas universidades federais, contra 46,5% nas particulares. O ministro afirma que o resultado, que compara o desempenho dos alunos que estão ingressando com os concluintes, foi surpreendente. "Isso mostra que a situação das particulares se aproxima da realidade média do país, portanto não está tão ruim. É um sinal de que também nas universidades públicas há espaço para uma melhoria de qualidade", avaliou Haddad. Ainda de acordo com o mesmo índice, 44,7% das instituições estaduais apresentaram IDD negativo, enquanto as municipais tiveram o pior desempenho no quesito: 59,2% não acrescentaram conhecimento a seus alunos. Já no conceito geral, 632 cursos de universidades públicas receberam os melhores conceitos (4 e 5), contra apenas 398 cursos das instituições privadas. O ministro lembrou, porém, que as instituições públicas apresentaram índices altos nos dois conceitos. "As públicas não são boas apenas porque recebem bons alunos, mas porque ministram cursos de qualidade". Sobre as instituições particulares, Haddad disse que, apesar de receberem, muitas vezes, alunos despreparados, elas também formam bons profissionais. Comunidade concorda e pede mais verbas O ótimo desempenho das universidades federais do estado do Rio no Enade não contentou os dirigentes destas instituições. Eles concordam com o ministro da Educação, Fernando Haddad, quando o dirigente afirma que ainda há espaço para melhorias nas graduações das universidades públicas. As principais reivindicações dos diretores são por mais investimentos em pesquisa e infra-estrutura adequada. Um dos que ratificam a afirmação do ministro é o diretor da Escola Politécnica de Engenharia da UFRJ, Ericksson Rocha. "Sempre podemos melhorar e atender mais alunos. Para isso, porém, é preciso mais verbas, para a construção de novas salas, contratação de professores e atualização das tecnologias utilizadas nos laboratórios", cita. Pró-reitora de Assuntos Acadêmicos da UFF, Esther Lück atribui o bom desempenho das públicas à qualificação dos professores. "O problema é que, em termos de estrutura, estas instituições recebem poucos recursos para investir em expansão e atualização. Por mais que tenhamos um corpo docente qualificado, estamos no limite, e temos necessidade de renovação". Os dois dirigentes, no entanto, discordam sobre os resultados do Indicador de Diferença entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD). "Nas públicas, entram bons alunos e a universidade amplia esse bom conhecimento que ele já traz. Na particular, o pouco valor agregado ao aluno despreparado já faz com que ele saia melhor da instituição", diz Ericksson. "Só a pontuação anterior não valorizava o empenho do aluno. O novo índice demonstra o esforço que tanto as públicas quanto as particulares fazem para ter um resultado positivo", opina Esther. Entre as cinco regiões do país, o Sudeste ficou em terceiro em percentual de cursos cujos universitários alcançaram conceitos 4 e 5 no Enade, com 27,6%. As regiões Sul e Nordeste aparecem praticamente empatadas nas primeiras colocações, com 29,9% e 29,8%, respectivamente. A seguir, ficaram Centro-Oeste (17,8%) e Norte (17,5%). Dos 5.511 cursos avaliados, nas áreas de Arquitetura e Urbanismo, Biologia, Ciências Sociais, Computação e Informática, Engenharias, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química, 1.488 (27%) alcançaram conceitos 4 e 5, a maioria (2.921 ou 53%) obteve nota 3 e 1.102 (20%) ftiveram conceitos 1 e 2. No Rio de Janeiro, as universidades públicas (UFRJ, UFF, Rural, Uerj e Uenf), a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia foram as instituições que receberam conceito 5 nas carreiras avaliadas em 2005. Apenas no curso de História não houve nenhuma instituição fluminense com conceito máximo no Enade mas, entre os 32 cursos do estado, sete tiveram conceito 4. O próximo Enade será aplicado no dia 12 de novembro e completa o primeiro ciclo de avaliação de todas as áreas de conhecimento existentes em cursos de nível superior do país. Em dezembro deste ano também se encerram as avaliações institucionais e dos cursos de graduação promovidas pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), do qual o Enade faz parte. Os resultados permitirão ao MEC traçar um retrato detalhado da situação da educação superior no país. Os números confirmam o problema. Nos últimos exames realizados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o índice de reprovação tem sido cada vez mais alto. No ano passado, a média de reprovados nos estados foi de cerca de 70%. Os formandos só podem exercer a advocacia se forem aprovados no exame da Ordem. A representante do Centro Acadêmico de Direito da Uerj, Fernanda Costa, também condena o ensino voltado para o mercado. "Temos disciplinas voltadas para a atuação com planos de saúde, empresas petrolíferas, mas a nossa formação está perdendo o foco humano". Para o presidente da Ordema seccional Rio (OAB-RJ), Octávio Gomes, o governo precisa controlar a abertura de novos cursos. "Infelizmente já ultrapassamos a marca dos 1.000 cursos de Direito no país. Nos Estados Unidos, com uma população bem maior, existem cerca de 160 cursos", adverte. Octávio acredita, contudo, que há espaço no mercado de trabalho para todos. "Entendo que o mercado pode absorver estes profissionais, que podem atuar em diversos segmentos, desde que a formação tenha qualidade". O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou que a prefeitura de Porto Alegre exonerasse 10 professores nomeados por meio do sistema de cotas para negros. A Lei Complementar 494 determina que 12% das vagas em concursos públicos devem ser reservadas para negros, mas o TCE considerou a medida inconstitucional. Os militantes do DCE da UFF se uniram aos secundaristas do Colégio Estadual Raul Vidal. "Participamos de um debate sobre o sucateamento da educação pública", explicou o membro do diretório, Afonso Madureira. Já na UFRJ e na Rural não aconteceram atividades. Os representantes da primeira instituição estavam comprometidos com a organização da Calourada e, no segundo caso, a preocupação na Rural é com a campanha pelo cumprimento da dedicação exclusiva dos professores na Rural. Enquanto isso, os representantes do movimento estudantil da UniRio convocaram alunos do curso de Teatro para participar do evento que a União Nacional dos Estudantes (UNE) promoveu no Museu da República, no último dia 11, em alusão à data comemorativa. Na ocasião, a entidade lançou sua Bienal de Arte e Cultura, que acontecerá em 2007 no Rio. Jornal do Brasil - País / Política - pg. A04 - 16/8 O senador Sérgio Cabral (PMDB) nunca disputou cargos executivos. Estréia no jogo majoritário com uma distância tranquila dos concorrentes. Ostenta 58% dos votos válidos na preferência do eleitor para o governo do Rio, segundo a última pesquisa divulgada pelo Ibope. Para quem acompanha sua trajetória política, a dianteira não surpreende. Cabral aprendeu com o ex-governador Anthony Garotinho a importância de acarinhar prefeitos. No Senado, o gabinete vivia aberto para os chefes municipais. Nos últimos dois anos, preparou o caminho da campanha estadual. E não economiza esforços para atrair especialmente os opositores. - Cabral me procurou pedindo apoio e vai receber - conta um prefeito do PT do Rio. - O candidato do meu partido, até hoje não veio falar comigo. A vantagem é resultado de uma estratégia geopolítica desenhada sobre o mapa do Rio. O candidato adapta o discurso a cada um dos 80 municípios e à região em que se situam no Estado. E recorre aos aliados políticos locais. No Vale do Paraíba e Norte Fluminense, onde o governo tem bons índices de aprovação, Cabral é só elogios para a governadora Rosinha Matheus. Na capital, onde a rejeição ao comando estadual atinge 50%, o senador relaciona uma série de problemas da administração estadual para atrair simpatia. Não fica apenas aí. Presidente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) de 1995 a 2002 criou laços essenciais para quem quer governar o Estado com os deputados. Na Alerj aprendeu a política à mineira e segue a máxima: se não fizer um aliado, não irrite o inimigo. Seduzir os microcosmos das prefeituras e influenciar líderes regionais, como os parlamentares, é característica comum do PMDB fluminense. Cabral tornou-se um mestre na arte. A cientista política Alessandra Aldé, da UERJ, observa que o candidato somou o capital político conquistado à frente da Alerj com os votos de Garotinho no interior do Estado. - O PMDB é um partido capilarizado, tem líderes locais, mas nem todos os votos de Cabral são de Garotinho. Discreto, o vice Luiz Fernando Pezão é uma peça-chave da campanha. É o único dos vices em disputa pelo governo com carreira política construída no interior. Centraliza a tarefa de contatar as prefeituras. Soma os dividendos da tradição interiorana do PMDB de Garotinho ao perfil urbano do senador. É o guardião do interior. O modo conciliador de fazer política do senador inspira-se nos passos do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). O tucano é amigo pessoal de Cabral e se manteve mesmo depois de o senador deixar o PSDB, em 1999, e terminar o casamento com Suzana Neves, da família de Aécio. Caso eleito, parte do secretariado sairá da Alerj, mas os peemedebistas não antecipam a composição. Os deputados Paulo Melo e Noel de Carvalho são nomes certos. Áreas como segurança pública e saúde serão conduzidas por técnicos. Nos 42 cursos, tanto calouros como formandos acertaram menos da meta do teste aplicado pelo governo BRASÍLIA. Dos 181 cursos que receberam conceito máximo no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), 42 cursos - o equivalente a 23% do total - tiraram notas médias abaixo de 50 pontos, numa escala de 0 a 100. Ou seja: a lista dos melhores cursos do país, segundo o Enade, contém turmas que, no conjunto, acertaram menos da metade do teste. Nos 42 cursos - oito deles oferecidos por instituições do Rio de Janeiro -, tanto os alunos calouros quanto os formandos ficaram com notas médias abaixo de 50 pontos. Esse número sobe para 134 cursos, se forem considerados casos em que também novatos ou concluintes, separadamente, tiveram desempenho médio inferior- a 50. Testes não têm parâmetro absoluto de qualidade O mesmo já ocorria no antigo Provão, teste substituído pelo Enade. O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (lnep), Reynaldo Fernandes, disse que o motivo é simples: ambos os testes servem para distinguir os melhores dos piores cursos, sem levar em conta nenhum parâmetro absoluto de qualidade. Só por isso é possível que a Faculdade de São Bento, em São Paulo, tenha recebido conceito 5 no último Enade, aplicado no ano passado, ao mesmo tempo em que seus alunos do primeiro ano tiraram nota média de apenas 29 pontos'. - O conceito 5 significa que a escola está entre as melhores, mas não tem nada a ver com a nota absoluta. Se todos os cursos fossem bons ou ruins, ainda assim haveria cursos 5 - diz Fernandes. Os oito cursos do Rio de Janeiro que obtiveram conceito 5 e média inferior a 50 pontos entre ingressantes e concluintes são: Universidade Federal Fluminense (UFF), em biologia, engenharia de telecomunicações; Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em biologia, filosofia; Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em matemática, biologia, engenharia química e de indústria química; e Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em biologia. |
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