Uerj - Notícias 40

Criada em 03/08/2006 21:25 por dirfen_biondi_ca | Marcadores: aluno fen func prof

Reproduzimos matérias publicadas no CLIPPING UERJ.

Estudantes cotistas protestam contra agressão na Uerj - Folha Dirigida
Homenagem - Folha Dirigida
Uerj: disputa começa no domingo, dia 6 - Folha Dirigida
Inscrições do segundo exame da UERJ - O Dia
ProUni libera lista de novos aprovados - O Dia
Calendário - O Globo
Candidatos do ProUni não comprovam pobreza - O Globo
Cariocas mais oitentões - O Globo
Cotas raciais - O Globo
Desafio em busca do A - O Globo
Mais verbas para o ensino médio depende do TSE - O Globo
MEC divulga reclassificação do ProUni - O Globo
Uerj - O Globo
Cai o número de aprovados no ensino médio em São Paulo - Folha de São Paulo
Ciência, bruxas e raças - Folha de São Paulo
Exames "top" têm cobrança variada - Folha de São Paulo
Ministério estuda avaliar qualidade dos MBAs, mas de forma voluntária - Folha de São Paulo

Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg. 08  -   1/8
Estudantes cotistas protestam contra agressão na Uerj
Roberta Fernandes

Representantes de alunos cotistas da Uerj protestaram na semana passada contra o racismo e o preconceito na instituição. O ato foi motivado por uma agressão sofrida pelo aluno do 7º período de Pedagogia, Paulo Henrique da Silva, na última terça-feira, dia 25 de julho, dentro do campus Maracanã. Enquanto discutia com a namorada, aluna do curso de Filosofia, o jovem foi imobilizado pelos seguranças da universidade. De acordo com os manifestantes, a ação dos agentes foi racista e preconceituosa.

Segundo Paulo Henrique, sua namorada estava alterada. "Ela disse que tinha me ligado do celular e eu não atendi. Quando peguei o telefone para ver as ligações, dois seguranças me imobilizaram. Me deram tapas, chutes e pontapés", contou o estudante, que ingressou na universidade através das cotas. Moacir Carlos, representante do coletivo de alunos negros da Uerj Denegrir, criticou a administração central. "Não é a primeira vez que alunos negros são vítimas de racismo na Uerj e a reitoria não se manifesta".

De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, a reitoria ainda não possui uma posição sobre o caso porque ainda avalia o boletim de ocorrência enviado pela coordenação de segurança. A coordenação, por sua vez, não quis comentar o caso, mas disponibilizou uma cópia do documento encaminhado à reitoria. No texto, assinado pelo supervisor Luiz Duarte, foi informado que o funcionário teve sua atenção voltada para um som que parecia ser um tapa e que o rapaz estava apertando a moça de forma agressiva. Ainda de acordo com o documento, foi solicitado que o rapaz largasse a moça, e como o aluno não atendeu, foi conduzido à supervisão, onde o rapaz, totalmente descontrolado, tentou agredir os agentes fisicamente, e acabou agredindo os seguranças com palavras de baixo calão.
 
Folha Dirigida  -  Anotações  -  pg. 15  -   1/8
Homenagem
Marcelo Bebiano

Reitor da Uerj, Nival Nunes de Almeida, será homenageado nesta quarta, dia 2, durante um jantar promovido pelo presidente da Fundação Cesgranrio, Carlos Alberto Serpa. Professor Nival acaba de ser eleito para a presidência do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras e tomará posse dia 15.
 
Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 03  -   1/8
Uerj: disputa começa no domingo, dia 6
 
O primeiro exame de qualificação do vestibular Estadual 2007 será aplicado neste domingo, dia 6 de agosto. A prova começa às 9 horas e a recomendação é para que os candidatos cheguem com uma hora de antecedência. Para ter acesso ao local de prova é preciso levar o cartão de confirmação de inscrição, a carteira de identidade, lápis, caneta e borracha.

Os inscritos no concurso devem conferir o local de exame para evitar erros no dia da prova. Na Uerj, há provas no campus Maracanã, na Av. São Francisco Xavier, 524, e na Av. 28 de setembro, 157.

Para quem não conhece o local onde fará a prova, o ideal é procurar conhecer o local com antecedência para evitar se perder justamente no dia do exame. Para evitar atraso na hora de sair de casa, separe todo o material de véspera. Além disso, não saia de casa sem tomar café da manhã, pois a maior parte de atendimentos que ocorrem na hora da prova são provocados pela falta de alimentação.

Dormir bem também é fundamental. O sono recupera o corpo e a mente, então nada de ficar estudando de madrugada.

Neste fim de semana, sábado, dia 5, e domingo, dia 6, a comissão do vestibular estará de plantão, das 9 às 17 horas. Os candidatos que tiverem algum problema devem ligar para 2587-7737/7611/7343/7307.

Neste domingo, dia 6, os candidatos responderão a questões das três áreas do conhecimento. Para ser aprovado, basta acertar mais de 40% da prova. O resultado do primeiro exame de qualificação será divulgado no dia 14 de agosto.

O vestibular estadual oferece vagas para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e para a Academia de Polícia Militar Dom João VI do Rio de Janeiro e Academia de Bombeiros Dom Pedro II do Rio de Janeiro.
 
O Dia  -  Geral  -  pg. 02  -   1/8
Inscrições do segundo exame da UERJ
 
As inscrições para o segundo exame de qualificação do vestibular 2007 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), começam dia 9. O prazo para pagamento da taxa de R$ 36 vai até o dia 21. O cadastro deve ser feito pela Internet, através do site
www.vestibular.uerj.br pela rede credenciada do Banco Itaú, entre os dias 14 e 21. O segundo exame de qualificação está marcado para o dia 8 de outubro. O primeiro será este domingo.

O Dia  -  Geral  -  pg. 02  -   1/8
ProUni libera lista de novos aprovados

O ProUni divulgou ontem a lista de aprovados na primeira reclassificação da seleção de bolsas de estudo em universidades particulares. O resultado está disponível no site www.mec.gov.br/prouni. São 17 mil candidatos. Os reclassificados devem comparecer à instituição onde foram selecionados para confirmar seus dados. O prazo para a pré-matrícula termina no dia 11.

O Globo  -  Megazine  -  pg. 17  -   1/8
Calendário
 
CEFET 2007
Provas: 7-12 e 14-1.Telefone:2569-3022. <
www.cefet-rj.br>

ENEM 2006
Confirmação da inscrição: até 11-8. Prova: 27-8.Telefone: 0800-616161. <
www.enem.inep.gov.br>

ESTADUAL 2007 (UERJ, UENF, ACADEMIA DA POLÍCIA MILITAR E  ACADEMIA DO CORPO DE BOMBEIROS)
Primeiro exame: domingo.Resultado da isenção do segundo exame: segunda-feira.Inscrição e pagamento da taxa do segundo exame): de 9 a 21-8 (pela internet) e de 14 a 21-8 (nas agências bancárias credenciadas).Taxa: R$ 36.Segundo exame: 8-10.Telefones: 2587-7307, 2587-7343, 2587-7737 e 2587-7611. <
www.vestibular.uerj.br>

IME
Inscrição: de 14-8 a 15-9.Provas: de 23 a 27-10.Telefone: 2546-7007.<
www.ime.eb.br>

ITA
Inscrição: de hoje a 15-9.Provas: de 11-12 a 14-12.Telefone: (12)                       3947-5813.<
www.ita.cta.br/vestibular>

RURAL 2007
Provas: 14 e 15-12.Telefone: (21) 2682-2810.<
www.vestibular.ufrrj.br>

RURAL (SEGUNDO SEMESTRE)
Pedido de revisão: até hoje.Classificação: 10-8.

RURAL 2006
Quinta reclassificação: 8-8.

UEZO (SEGUNDO SEMESTRE)
Classificação: sexta-feira.Matrícula: de segunda a 9-8. <
www.faetec.rj.gov.br/concursojulho2006>

UFF 2007
Inscrição: no site, das 12h de 15-8 até as 12h de 18-9. Nos postos informatizados, de 21-8 a 15-9 (Niterói, Rio de Janeiro/UFRJ, Rio das Ostras e Volta Redonda); de 1 a 15-9 (Rio de Janeiro/Unirio) e de 11 a 15-9 (Bom Jesus do Itabapoana, Campos, Itaperuna, Macaé e Santo Antônio de Pádua).Taxa: R$ 85.Primeira fase: 3-12.Segunda fase: 7-1.Prova de expressão plástica (arquitetura e urbanismo): 9-1.Classificação: 7-2.Telefones: 2629-2805   e 2629-2806. <
www.coseac.uff.br>

UFRJ 2007
Resultado da isenção: 15-8.Inscrição: das 10h de hoje às 20h do dia 1-9, no site.Taxa: R$ 95.Provas: 12-11 e 26-11.Classificação: 1-2.Telefone:                    2598-9430.<
www.vestibular.ufrj.br>

UFRJ 2006
Matrícula da sétima reclassificação e do remanejamento: hoje.

UNIRIO/ENCE 2007
Resultado da isenção: 1-9.Inscrição: de 1 a 24-9.Primeira fase: 19-11.Segunda fase:   21-1.Classificação: 27/2 (1 convocação dos classificados para o 1 semestre e convocação única dos classificados pelo Enem, para o 1 semestre).Telefone: 2295-5737, ramais 296, 326 e 338. <
http://vestibular.unirio.br>
 
O Globo  -  O País  -  pg. 13  -   1/8
Candidatos do ProUni não comprovam pobreza
Demétrio Weber

MEC desclassifica 42% dos pré-inscritos para receber bolsa; nova chamada dá vez a outros 16.968 estudantes

BRASÍLIA. De cada dez estudantes pré-selecionados pelo programa Universidade para Todos (ProUni) para receber bolsas no segundo semestre, quatro não comprovaram a condição de pobreza que dá direito ao benefício. Por isso, o Ministério da Educação (MEC) chamou outros 16.968 candidatos, que terão até o dia 11 para comparecer às universidades e confirmar os dados socioeconômicos informados no ato da inscrição.

Esse número corresponde a 42% do total de pré-selecionados pelo ProUni neste semestre. A lista dos estudantes reclassificados foi publicada ontem na internet, na página do MEC (www.mec.gov.br/prouni).

O ProUni começou em 2005, com o objetivo de aumentar o acesso ao ensino superior. O público alvo são estudantes de baixa renda, que cursaram o ensino médio em escola pública ou em particular com bolsa integral.

O programa ofereceu neste segundo semestre 43.614 bolsas de estudo integrais ou parciais, em instituições particulares. Como inicialmente sobraram 3.445 vagas, foram pré-selecionados 40.169 estudantes. Eles deveriam comparecer às universidades com documentos para comprovar que estão dentro do limite máximo de renda familiar — R$525 por pessoa, para bolsa integral, e R$1.050 para bolsa parcial.

O MEC anunciou ontem, porém, que foram reclassificados 16.968 candidatos, o equivalente a 42% do total de 40.169 pré-selecionados. Segundo o ministério, a reclassificação ocorre quando os candidatos pré-selecionados não comprovam o enquadramento nos critérios.

O diretor do Departamento de Modernização e Programas da Educação Superior do MEC, Celso Ribeiro, foi procurado pelo GLOBO. Sua assessoria informou que ele só poderia conceder entrevista hoje. A assessoria de imprensa do MEC levantou a possibilidade de que muitos dos universitários pré-selecionados tenham conseguido vagas em universidades públicas, desistindo assim da bolsa do ProUni. Em 2005, o ProUni ofereceu 112 mil bolsas. No primeiro semestre deste ano, foram 91 mil.

Estados pedem permissão ao TSE para repasse de verba

Os 27 governos estaduais e do Distrito Federal querem que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permita o repasse federal de R$400 milhões para o ensino médio, a menos de três meses das eleições. O pedido foi apresentado semana passada pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed). O Estado do Rio, por exemplo, receberia cerca de R$12 milhões.

“ Não há motivação nem espaço para qualquer forma de aproveitamento eleitoral. O que se vislumbra é tão somente o atendimento ao interesse comum de todos os estados”, diz o texto.

De acordo com a assessoria de imprensa do TSE, porém, a Lei 9.504/97 é clara ao proibir transferências voluntárias de recursos a menos de três meses da eleição. Salvo quando há situação de emergência, calamidade pública ou no caso de obras e serviços já em andamento e com cronograma definido.

O MEC quer que o Congresso vote o projeto orçamentário amanhã, mas não acredita que o TSE vá liberar os repasses em período eleitoral.

— Avaliamos que a situação de emergência não está configurada. Neste momento, a solução seria aguardar o término da eleição — diz o secretário-executivo do MEC, José Henrique Paim.
 
O Globo  -  O País  -  pg. 14  -   1/8
Cariocas mais oitentões
Fábio Vasconcellos e Luiz Ernesto Magalhães

Estudo de faixas etárias das mortes mostra aumento da população idosa

O aumento da expectativa de vida da população brasileira trouxe reflexos também nas taxas de mortalidade da população do Rio. Um estudo da prefeitura, coordenado pelo Instituto de Urbanismo Pereira Passos (IPP) e divulgado ontem, comparou causas e faixas etárias das mortes dos moradores da cidade num período de 25 anos (1979-2003). Na capital com maior número de idosos do país - cerca de 715 mil pessoas (12,8% da população) tinham 60 anos ou mais, sendo 96.881 com 80 anos ou mais, segundo o Censo de 2000 IBGE - o estudo demonstrou que a proporção de óbitos nas camadas mais jovens está em queda, enquanto cresce entre os mais velhos. O trabalho, que teve alguns dados antecipados por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO domingo, mostra que em 2003, de cada cem óbitos no Rio, 25 eram de alguém com 80 anos ou mais; em 1979, esta proporção era de 14 para cada cem.

Já a participação dos idosos (60 anos ou mais) no total de mortes passou de 50% para 64,8% entre 1979 e 2003. No mesmo período, o total de óbitos entre crianças menores de 1 ano caiu de 11,5% para 2,7%. A taxa de mortalidade não é idêntica à da expectativa de vida. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela chegava a 71,7 anos em 2003, sendo que era de 72,1 anos no caso do Estado do Rio.

— Os dados são um reflexo da melhoria da qualidade de vida da população não apenas no Rio, mas em todo país, inclusive no acesso a serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento de doenças — explica a gerente de Informações Epidemiológicas da Secretaria municipal de Saúde, Rosanna Iozzi.

Aumentam os óbitos por doenças respiratórias

O estudo mostrou ainda um aumento significativo das mortes por doenças do sistema respiratório. O total de óbitos por doenças como bronquite, enfisema e asma, na faixa acima de 60 anos, cresceu 73,7% entre 1979 e 2003. As maiores vítimas são os que vivem até os 80 anos ou mais. A letalidade das doenças respiratórias nessa faixa etária é sete vezes maior que na faixa de 60 a 64 anos. Parte do crescimento, explica Rosanna, pode estar associada ao tabagismo:

— A atual população idosa do Rio não foi alvo de campanhas contra o tabagismo, que levou a uma queda no número de fumantes nos últimos 20 anos. As conseqüências do tabagismo devem estar se refletindo agora nas estatísticas.

Segundo o estudo, se não fossem as campanhas de vacinação iniciadas em 1999 contra a gripe para imunizar os idosos, a proporção de mortes por doenças respiratórias poderia ter sido até maior. Apesar de estarem em queda, as principais causas de óbitos entre os que têm mais de 60 anos, na capital, continuam a ser doenças circulatórias (como problemas cardíacos e acidentes vasculares-cerebrais). A seguir, aparece o câncer. O levantamento também demonstrou a falta que faz um serviço de necropsia especializado em identificar as causas de mortes naturais de pessoas que não recebiam acompanhamento médico. Como o Instituto Médico-Legal só faz necropsias nos casos de mortes violentas ou suspeitas, a falta de informações levou a um aumento da emissão de atestados de óbito por causas indeterminadas.

De 1979 a 2000, o total de mortes sem causa definida passou de 1,4% para 10,2% de todas as mortes após 60 anos. O estudo aponta como um dos motivos do aumento do número de atestados de óbito nesta categoria a resolução da Secretaria estadual de Saúde de 1990 que permite a qualquer médico assinar atestados em mortes por causas naturais.

— Ao todo, são registradas por ano, média, cinco mil mortes por causas indeterminadas. Isso influi um pouco nas estatísticas, mas não ao ponto de alterar os percentuais das causas de óbitos na cidade — acrescentou Rosanna.

O trabalho, que tomou como base estatísticas do DataSus (base de dados sobre saúde do governo federal) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria estadual de Saúde, será apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, de 18 a 22 de setembro, em Caxambu (MG). O gerente de Informações Geográficas do IPP, Alcides Carneiro, explica que o levantamento vai ajudar a prefeitura a planejar melhor suas ações na área de saúde do idoso.

Cidade ainda está despreparada, dizem os especialistas
 
Os idosos no Rio têm direito a viajar de graça nos ônibus a partir dos 65 anos, prioridade no atendimento nas agências bancárias e aulas gratuitas de ginástica em praças, entre muitos outros benefícios. Eles também são responsáveis por 26% da renda das famílias da Região Metropolitana, conforme estudo do economista André Urani publicado domingo no GLOBO. Mas, segundo especialistas, a cidade ainda fica longe de estar pronta para conviver com o envelhecimento da população.

— Esse é um problema de todo Brasil: temos 18 milhões de idosos e apenas 660 especialistas formados em geriatria. No caso do Rio, são 150 geriatras. De resto, temos excelentes clínicos e cardiologistas que atendem aos idosos. Mas, na verdade, são pessoas que ganharam experiência envelhecendo junto com seus clientes — explica Renato Veras, diretor da Universidade da Terceira Idade.

Renato aponta como outro problema a reduzida oferta de serviços especializados em geriatria nos serviços de saúde. Um problema que também é considerado grave pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Carlos Eduardo (PPS), cardiologista que atende principalmente idosos. A comissão prepara uma audiência pública em setembro para discutir as condições de atendimento para a terceira idade. Um dos temas será a falta de geriatras de plantão nas emergências dos hospitais do estado e da prefeitura do Rio.

— Há outras dificuldades que comprometem o atendimento. Desde 1995, 3.710 leitos exclusivos para idosos foram fechados na cidade. Com isso, pacientes mais idosos ficam nas emergências deitados em macas misturados com outros doentes, aumentando o risco de contraírem infecções e terem seu estado de saúde agravado — acrescenta.

O vereador cita outros problemas: a maioria dos leitos não tem escadas para o idoso, que geralmente enfrenta dificuldade de locomoção. Ou grades nas laterais para evitar quedas.

Grande Méier tem o maior número de octogenários: 8.873
 
O aposentado José Soares de Azevedo, de 90 anos, fazia ontem à tarde um dos seus programas prediletos: caminhar pelas ruas do Méier acompanhado da sua mulher, Lucinda Leitão Azevedo, de 82, e depois comer com os netos numa lanchonete. José e Lucinda não sabem, mas eles fazem parte de um seleto grupo de moradores do Rio, identificados na pesquisa do Instituto Pereira Passos (IPP). Eles moram no Engenho Novo, que integra o Grande Méier, região com maior número de pessoas com 80 anos ou mais: 8.873:

— Morei no Méier 50 anos, depois fui para o Engenho Novo, mas sempre venho passear por aqui — diz José.

O aposentado Araldo Henrique Giraud, de 86 anos, por sua vez, tem na ponta da língua a explicação para chegar a mais de oito décadas de vida, mesmo tendo participado da II Guerra Mundial:

— Tenho uma família que amo. Uma mulher que está comigo há décadas. Procuro cuidar da saúde e estar sempre bem-humorado.

Na lista do IPP, Copacabana e Leme aparecem em segundo lugar com o maior número absoluto de idosos acima ou com 80 anos. Lá vivem 8.853, seguindo-se Botafogo, com 8.473. A região da Grande Tijuca (6.657) e Jacarepaguá (6.005) estão em 4º e 5º lugares. Paquetá, o último do ranking da prefeitura, tem apenas 120 homens e mulheres com 80 anos ou mais.

Idosos que ainda não chegaram à casa dos 80 comemoram os resultados da pesquisa, mas criticam problemas como insegurança e a falta de áreas de lazer, entre outros.

— Acho que temos poucas áreas de lazer ou para fazer exercícios na cidade. Além disso, há muitos moradores de rua. Tem horas que tenho medo de sair de casa — critica Maria de Lurdes Silva, de 76 anos, que nasceu em Minas, mas se considera “carioca da gema”.

— Aposentados ainda têm muita dificuldade para viver, pois recebemos uma baixa aposentadoria do governo — reclama Armando Peçanha, de 76 anos.
 
O Globo  -  Cartas dos Leitores  -  pg. 06  -   1/8
Cotas raciais

A leitora Marisa de Andrade D’Aubrey (28/7) está certa: cursos pré-vestibulares para alunos carentes iriam colocá-los em pé de igualdade com os de melhor situação financeira e, ao mesmo tempo, iriam empregar muitos professores. Nunca entendi a cota para negros, como se eles fossem menos inteligentes, ou discriminados nos vestibulares.
FLAVIA VIEIRA RAMOS
(por e-mail, 30/7), Rio

O Globo  -  Megazine  -  pg. 14  -   1/8
Desafio em busca do A
Ediane Merola

Cerca de 70 mil estudantes fazem, neste domingo, o primeiro exame de qualificação do concurso Estadual 2007

No próximo domingo, cerca de 70 mil estudantes farão, finalmente, o primeiro exame de qualificação do vestibular Estadual 2007. A prova, que aconteceria em maio mas foi adiada por causa da greve de professores da Uerj, tem 60 questões e duração de quatro horas. Ou seja, os candidatos terão quatro minutos, em média, para responder a cada pergunta. Segundo os vestibulandos, administrar o tempo de prova é apenas um dos desafios que terão neste exame.

Para a comissão do concurso, quatro horas é tempo suficiente para fazer a prova. Ingrid Antunes da Silva, candidata de medicina, acha “muito corrido”:

— As questões são longas, interpretativas. Exigem concentração — diz Ingrid, aluna do colégio GPI, que fará o exame pelo 3 ano consecutivo e tem outras preocupações em relação à prova. — Cobram atualidade, leitura de jornal. Acabo me dedicando mais às disciplinas específicas e menos ao cotidiano.

Gelder Guerreiro, também do GPI, é outro vestibulando atento ao exame de qualificação. Segundo ele, apesar de a comissão garantir que não, há questões com pegadinhas.

— Geralmente o candidato fica em dúvida entre duas opções. E, às vezes, a resposta é tão óbvia que parece pegadinha — conta Gelder, que vai fazer o exame pela primeira vez, mas já fez testes passados para treinar. — É um exame realmente difícil. Por isso, menos de 1% dos candidatos tiram A no primeiro exame.

Elisabeth Murad, diretora do departamento de seleção da Uerj, conta que o exame de qualifição é um teste que mede, entre outras capacidades, a habilidade de leitura do candidato.

— É uma prova baseada na leitura contextualizada, que prioriza a interdisciplinaridade. Tem conteúdo de matemática, física, pois as questões não surgem do nada. Mas usamos conceitos básicos, que o estudante adquire ao longo da vida.

Gelder, que pretende fazer vestibular para engenharia civil, lamenta que alguns conhecimentos básicos do ensino médio ele só aprenderá neste segundo semestre:

— A prova atrasou dois meses. Mesmo assim, ainda não vi química orgânica, por xemplo.

Outro motivo de preocupação para os vestibulandos é a distribuição dos conceitos. Para vestibulandos de medicina, por exemplo, só o A interessa:

— Imagine ficar com B por causa de uma questão e não ter a menor chance em medicina? — preocupa-se Ingrid.     
 
O Globo  -  On line  -  pg.   -   1/8
Mais verbas para o ensino médio depende do TSE
Demétrio Weber - O Globo

Estados pressionam TSE a permitir repasse de R$ 400 milhões para o ensino médio

BRASÍLIA - Os 27 governos estaduais e do Distrito Federal querem que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abra uma brecha na legislação e permita o repasse federal de R$ 400 milhões para o ensino médio, a menos de três meses das eleições. O pedido é endereçado ao presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, e foi apresentado na semana passada pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed). O estado do Rio, por exemplo, receberia aproximadamente R$ 12 milhões, se a manobra for bem-sucedida.

"Não há motivação nem espaço para qualquer forma de aproveitamento eleitoral, o que se vislumbra é tão somente o atendimento ao interesse comum de todos os estados", diz o texto.

De acordo com a assessoria de imprensa do TSE, porém, a Lei 9.504/97 é clara ao proibir transferências voluntárias de recursos a menos de três meses do dia da eleição. Salvo quando há situação de emergência, calamidade pública ou no caso de obras e serviços já em andamento e com cronograma prefixado.

- Nosso problema é correr contra o tempo. Não adianta liberar esse dinheiro só em novembro, depois das eleições. Os estados precisam dos recursos antes, especialmente no Nordeste, para pagar professores e contas de água e luz - diz o presidente do Consed, Mozart Neves Ramos, que é secretário de Pernambuco.

O Ministério da Educação, por sua vez, quer que o Congresso vote o projeto orçamentário na próxima quarta-feira, mas não acredita que o TSE vá liberar os repasses em período eleitoral.

- Avaliamos que a situação de emergência não está configurada. Neste momento, a solução seria aguardar o término da eleição - diz o secretário-executivo do MEC José Henrique Paim.

Segundo o secretário Mozart, a decisão de encaminhar o pedido ao TSE foi tomada por unanimidade. Convencer a Justiça Eleitoral, no entanto, não resolverá o problema. Antes será preciso que o Congresso aprove projeto de lei remanejando recursos do MEC. Isso porque o governo esperava usar o dinheiro no Fundo de Manutenção e    Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que ainda não foi aprovado. 

- Isso não devia ter sido deixado para a última hora. A confusão está montada - disse o secretário do Rio de Janeiro, Arnaldo Niskier.

O MEC esperava que o Fundeb entrasse em vigor este ano. Por isso, previu no orçamento recursos para os repasses federais ao fundo, mas não para a modalidade de transferência via convênios, o chamado Fundebinho. Agora é indispensável aprovar a alteração orçamentária para realocar o dinheiro e fazer a transferência para os estados.

Mozart lembra que os governos estaduais já repassam cerca de R$ 6 bilhões por ano às prefeituras no atual Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), que só financia as escolas de 1ª a 8ª séries. O Fundebinho é uma tentativa do MEC de compensar as perdas estaduais.
 
O Globo  -  On line  -  pg.   -   1/8
MEC divulga reclassificação do ProUni
Globo Online

RIO - O Programa Universidade para Todos (ProUni), do Ministério da Educação, divulgou nesta segunda-feira a relação dos aprovados em reclassificação na seleção de bolsas de estudo em universidades privadas. Constam da lista cerca de 17 mil candidatos, sendo 8.390 afrodescendentes, 27 indígenas e 185 professores.

Para conferir o resultado, o candidato deve entrar no site www.mec.gov.br/prouni , informar o número da inscrição no Enem 2005 e o CPF. Os aprovados vão ocupar as vagas dos candidatos cujos dados socioeconômicos não foram confirmados. No total, foram oferecidas 43.614 bolsas neste segundo semestre.

- Os reclassificados devem comparecer à instituição em que foram selecionados para confirmar seus dados socioeconômicos e garantir a bolsa do ProUni. O prazo vai até 11 de agosto - avisa o diretor do Departamento de Modernização e Programas da Educação Superior, Celso Ribeiro.

As inscrições para o processo seletivo de 2007 serão abertas em novembro. Os interessados devem ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2006, cursado o ensino médio em escola pública ou escola particular com bolsa integral, ter renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 525), para concorrer à bolsa integral, e de até três salários mínimos por pessoa da família (R$ 1.050), para concorrer à bolsa de 50% da mensalidade.
 
O Globo  -  Megazine  -  pg. 19  -   1/8
Uerj
 
No dia 24 de julho, a Uerj viveu mais um momento de pânico. Um incêndio no depósito de papel, no semi-enterrado da universidade, obrigou a realização de uma evacuação imediata do prédio. Acontece de tudo nesta universidade e, no entanto, nenhuma autoridade política parece tomar ciência e buscar uma solução. O que precisa mais acontecer? Mortos e feridos? Sorte dos estudantes e funcionários o fato de o incêndio não ter se alastrado.  (...) Parabéns à TV Uerj, um projeto tocado por alunos, que foi o único meio de comunicação que conseguiu exibir o fato e informar mais este descaso com o ensino público.
Guilherme Dutra, de 19 anos, estuda jornalismo na Uerj.
                       
Folha de São Paulo  -  Folha Cotidiano  -  pg. C3  -   1/8
Cai o número de aprovados no ensino médio em São Paulo
FÁBIO TAKAHASHI

DA REPORTAGEM LOCAL

Taxa de 77,4% de alunos que avançaram de série em 2005 é a mais baixa já analisada pelo Tribunal de Contas desde 1997

Governo diz que a queda na aprovação foi reflexo do aumento de alunos matriculados, que antes não cursavam o ensino médio

Ano a ano, menos estudantes do ensino médio estadual de São Paulo, o antigo colegial, conseguem avançar para a série seguinte. Dados da Secretaria da Educação mostram que 2005 foi o ano em que houve a menor taxa de aprovação nesse nível de ensino desde 1997.

As informações foram enviadas pela pasta ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), que, além dos gastos do governo, avalia seus indicadores de gestão -1997 foi o primeiro ano que o órgão analisou a aprovação escolar. Desde então, a taxa só melhorou em 1998 e 2001.

Segundo o relatório, no ano passado, 77,4% dos alunos avançaram de série; em 1997, eram 83,6%. Em 2004, o índice foi de 78,3%. Considerando que em 2005 a rede estadual possuía 1,6 milhão de alunos matriculados, isso significa que quase 365 mil secundaristas não foram aprovados em 2005.

Diferentemente do ensino fundamental (antigo primário e ginásio) nas escolas estaduais, na educação média o aluno pode ser retido em qualquer série.

Motivos
Educadores ouvidos pela Folha têm explicações diferentes para a queda. Uma parte culpa a progressão continuada no ensino fundamental, aliada a uma má qualidade de ensino; a outra aponta a possibilidade de ter havido uma mudança de orientação do governo estadual.

"Com a política de ciclos, o aluno vai sendo empurrado, carregando dificuldades", diz a psicóloga e coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo. No sistema de ciclos, o estudante só pode ser reprovado na quarta ou na oitava série do fundamental.

Opinião parecida tem a presidente em exercício da Apeoesp (associação dos professores da rede estadual), Maria Izabel Azevedo Noronha. "Além disso, o ensino médio não tem identidade. O aluno não vê estímulo para estudar."

Já Dagmar Zibas, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, aponta outra possibilidade. "Pode ser que tenha havido uma mudança de indicação da secretaria. Me parece que antes a intenção era aprovar o maior número possível de alunos, para melhorar os índices."

A assessoria de imprensa do TCE disse que o órgão não comentaria os dados. As informações sobre a aprovação foram retiradas do relatório de contas anuais da administração estadual, exercício 2005, quando o governador do Estado era Geraldo Alckmin (PSDB).

Outro lado
A queda na aprovação no ensino médio é reflexo do aumento no número de jovens que chegam e permanecem nesse nível. Ou seja, alunos que antes deixavam a escola, agora seguem os estudos, mas têm dificuldades. Essa é a explicação dada pela diretora do centro de informações educacionais da Secretaria da Educação, Maria Nicia de Castro, que respondeu em nome do governo Cláudio Lembo (PFL).

Citando dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), Castro destaca que, em 1999, 49,9% dos jovens de 15 a 17 anos cursavam o ensino médio; tal percentual subiu para 67,4% em 2004. "É impossível que, com esse grande aumento, também não houvesse um aumento na reprovação."

Isso porque esses novos alunos, diz Castro, já vinham com dificuldades, pois boa parte estava fora da idade ideal para cursar o ensino médio.
 
Folha de São Paulo  -  Opiniâo  -  pg. A03  -   1/8
Ciência, bruxas e raças
Sérgio Danilo Pena

Certamente, a humanidade do futuro não acreditará em raças mais do que acreditamos hoje em bruxaria

DO PONTO de vista biológico, raças humanas não existem. Essa constatação, já evidenciada pela genética clássica, hoje se tornou um fato científico irrefutável com os espetaculares avanços do Projeto Genoma Humano. É impossível separar a humanidade em categorias biologicamente significativas, independentemente do critério usado e da definição de "raça" adotada. Há apenas uma raça, a humana.

Sabemos, porém, que raças continuam a existir como construções sociais. Alguns chegam mesmo a apresentar essa constatação com tom de inevitabilidade absoluta, como se o conceito de raça fosse um dos pilares da nossa sociedade. Entretanto, não podemos permitir que tal construção social se torne determinante de toda a nossa visão de mundo nem de nosso projeto de país.

Em recente artigo na "Revista USP", eu e a filósofa Telma Birchal defendemos a tese de que, embora a ciência não seja o campo de origem dos mandamentos morais, ela tem um papel importante na instrução da esfera social. Ao mostrar "o que não é", ela liberta pelo poder de afastar erros e preconceitos. Assim, a ciência, que já demonstrou a inexistência das raças em seu seio, pode catalisar a desconstrução das raças como entidades sociais. Há um importante precedente histórico para isso.

Durante os séculos 16 e 17, dezenas de milhares de pessoas foram oficialmente condenadas à morte na Europa pelo crime de bruxaria. As causas dessa histeria em massa são controversas. Obviamente, a simples crença da época na existência de bruxas não é suficiente para explicar o ocorrido.

É significativo que a repressão à bruxaria tenha vitimado primariamente as mulheres e possa ser interpretada como uma forma extrema de controle social em uma sociedade dominada por homens. Mas, indubitavelmente, a crença em bruxas foi essencial para alimentar o fenômeno. Assim, podemos afirmar que, na sociedade dos séculos 16 e 17, as bruxas constituíam uma realidade social tão concreta quanto as raças hoje em dia.

De acordo com o historiador Hugh Trevor-Roper, o declínio da perseguição às bruxas foi em grande parte causado pela revolução científica no século 17, que tornou impossível a crença continuada em bruxaria.

Analogamente, o fato cientificamente comprovado da inexistência das "raças" deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais. Uma atitude coerente e desejável seria a valorização da singularidade de cada cidadão. Em sua individualidade, cada um pode construir suas identidades de maneira multidimensional, em vez de se deixar definir de forma única como membro de um grupo "racial" ou "de cor".

Segundo o nobelista Amartya Sen, todos nós somos simultaneamente membros de várias coletividades, cada uma delas nos conferindo uma identidade particular. Assim, um indivíduo natural de Ruanda pode assumir identidades múltiplas por ser, por exemplo, africano, negro, da etnia hutu, pai de família, médico, ambientalista, vegetariano, católico, tenista, entusiasta de ópera etc. A consciência de sua individualidade e dessa pluralidade lhe permite rejeitar o rótulo unidimensional de "hutu", que, como tal, deveria necessariamente odiar tútsis.

Pelo contrário, em sua pluralidade de identidades ele pode compartilhar interesses e encontrar elementos para simpatia e solidariedade com um outro indivíduo que também é ruandês, negro, africano, colega médico, tenista e cantor lírico, e que, entre tantas outras identidades, também é da etnia tútsi.

Em conclusão, devemos fazer todo esforço possível para construir uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada e na qual exista a liberdade de assumir, por escolha própria, uma pluralidade de identidades. Esse sonho está em perfeita sintonia com o fato, demonstrado pela genética moderna, de que cada um de nós tem uma individualidade genômica absoluta que interage com o ambiente para moldar a nossa exclusiva trajetória de vida.

Alguns certamente vão tentar rejeitar essa visão, rotulando-a de elitista e reacionária. Mas, como ela é alicerçada em sólidos fatos científicos, temos confiança de que, inevitavelmente, ela será predominante na sociedade. Talvez isso não ocorra em curto prazo aqui no Brasil, principalmente se o Congresso cometer a imprudência de aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, o qual forçará os cidadãos a assumirem uma identidade principal baseada em cor.

Um pensamento reconfortante é que, certamente, a humanidade do futuro não acreditará em raças mais do que acreditamos hoje em bruxaria. E o racismo será relatado no futuro como mais uma abominação histórica passageira, assim como percebemos hoje o disparate que foi a perseguição às bruxas.

SÉRGIO DANILO PENA, 58, médico, doutor em genética humana, é professor titular de bioquímica na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Foi presidente do Programa Latino-Americano do Genoma Humano (1992-1994) e presidente do Comitê Sul-Americano do Programa de Diversidade Genômica Humana (1994-1996).

Folha de São Paulo  -  Educação  -  pg. 03  -   1/8
Exames "top" têm cobrança variada
SIMONE HARNIK

DA REPORTAGEM LOCAL

Saiba o que USP, Unicamp, Unesp, Unifesp, PUC, Mackenzie e FGV esperam do candidato

Mal terminam as férias e as apostilas e livros debaixo do braço voltam a fazer parte do visual de quem quer uma vaga no ensino superior. A hora de ficar livre desses adereços e de se transformar em um universitário bem-sucedido se aproxima. Mas qual é o perfil do aprovado nos processos seletivos? O que as faculdades esperam do ingressante?

Nos sete dos principais vestibulares do Estado, a cobrança dos exames varia bastante. "Mas, de um modo geral, os alunos mais bem preparados são capazes de enfrentar qualquer um dos instrumentos. Os capacitados para a Unicamp também estão capacitados para USP e Unesp", afirma Jocimar Archangelo, um dos idealizadores do vestibular da Unicamp.

Só para se ter uma idéia, observando as listas de convocados de 2006 para medicina da USP, da Unicamp, da Unesp e da Unifesp, há uma grande coincidência nos nomes. Na Unifesp, pelo menos 75,5% dos aprovados na primeira chamada passaram em mais de uma dessas universidades públicas.

O índice de sobreposição dos candidatos também é alto nas outras três. Na Unesp, pelo menos 65,5% tiveram o nome impresso em mais de uma lista; na Unicamp e na Famerp (que realizam os vestibulares juntas), 53,4%; e na Fuvest (com medicina em Pinheiros, em Ribeirão Preto e na Santa Casa), 40%.

Mas a coordenadora do vestibular da Unifesp, Helena Nader, pondera. "As listas não se sobrepõem em 100%. Não sabemos se é o tipo de pergunta ou o tipo de vestibular que faz com que estudantes diferentes ingressem nas faculdades."

Um dos fatores que podem interferir no desempenho é o vestibular ser realizado em uma ou duas fases.

Na Unifesp, assim como na Unesp, o processo seletivo é realizado apenas em uma fase. Então o candidato que eventualmente não vai tão bem em uma das provas pode recuperar a nota em outra. Na USP, que tem a primeira fase eliminatória, não há essa chance.

Melhores alunos?
"O que a gente pretende é conseguir não os melhores alunos do segundo grau, mas os que têm maior potencial para ser os melhores formados", diz Quirino Augusto de Camargo Carmello, pró-reitor substituto de graduação da USP.

Segundo Carmello, a proposta da primeira fase da Fuvest é avaliar, por meio de testes, o conhecimento geral e selecionar os que têm mais preparo. "Daí, na segunda fase [que tem a prova de português igual para todos e os demais exames variando conforme o curso], são selecionados os que têm maior capacidade para a carreira." Segundo Carmello, as mudanças na primeira fase, que passou a ter 90 questões (em vez de cem) e, entre elas, até 10% de testes multidisciplinares, não modifica o conceito geral do processo seletivo. Apenas intensifica a cobrança de interpretação de texto e capacidade de relacionar informações.

Já na Unicamp, como a redação é na primeira fase, o objetivo do vestibular é outro. "Além de selecionar os que têm melhor preparo, há a proposta de medir a capacidade de expressão, já que demos peso para a redação e para a prova discursiva", disse Jocimar Archangelo.

Na PUC de São Paulo, há uma fase só com o primeiro dia de testes de conhecimentos gerais (normalmente em um nível de cobrança mais simples que os da Fuvest) e um segundo dia com questões discursivas.

No segundo dia, o exame é bem diferente do de outros vestibulares, já que há uma redação e uma pergunta que relaciona física e matemática, outra com biologia e química e outra com história e geografia.

"A coisa mais interessante é que conseguimos um estudante que relaciona informações. O ensino não tem trazido capacidade de relacionar e isso é o fundamental para a gente. Até para que o aluno possa ter uma boa continuidade na faculdade", aponta Ana Zilocchi, coordenadora-geral do vestibular da instituição.

Alguns cobram formação geral; outros, específica
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma questão que passa pela cabeça de quase todo vestibulando da área de humanas é: "por que tenho de saber tanto assim de física?". Para um de exatas ou de biológicas, a dúvida pode estar relacionada à profundidade das questões de geografia. Com alguma variação, a pressão por ter de saber tudo sobre tudo pesa sobre a maioria dos candidatos.

Mas a formação geral é ainda mais cobrada na Unicamp. Lá, tanto a primeira quanto a segunda fase exigem todos os conhecimentos de todos os candidatos.

"Qualquer vestibular tem duas maneiras de ser feito. Uma é cobrando as matérias que estão ligadas ao curso que o candidato quer. A outra é observando a formação do cidadão, as habilidades que são úteis para a vida. Optamos pela segunda", afirma Jocimar Archangelo, um dos idealizadores da Unicamp.

Já a opção do Mackenzie é outra: todas as matérias são cobradas, mas há pesos que variam conforme o curso.

"Esperamos que o candidato esteja antenado com tudo o que ocorre. Procuramos ter um equilíbrio entre as questões de raciocínio sobre os problemas do cotidiano e as que buscam medir se tem conteúdo mínimo para a área de interesse", explica Wlaudimir Carbone, coordenador do vestibular do Mackenzie.

Direito da FGV faz até prova oral
Candidato tem de se aprofundar no conteúdo, que é diferente do das provas tradicionais
DA REPORTAGEM LOCAL

Para ingressar em direito, os candidatos podem optar por um vestibular tradicional ou tentar uma prova diferente, carregada de português, atualidades e até exame oral. As provas muito distintas selecionam para cursos com atrativos bem diferentes também.

Interessado apenas no curso do largo São Francisco, da USP, Diego de Souza Araújo, 19, vai tentar a Fuvest pela terceira vez com o ônus de ter de enfrentar todas as matérias. "Só quero lá, além da tradição, os professores são muito bons e eu me apaixonei pelo prédio."

Já Lívia Costa Fonseca Lago, 19, tem de estudar filmes como "Dogville" e obras de artistas plásticos, além de visitar exposições, ler uma série de livros e ter conhecimentos de matemática financeira. É que o vestibular de direito da FGV, onde pretende cursar a faculdade, é totalmente diferente. "Acho isso bom, abre o horizonte, porque também dá para aprender com cinema", afirma.

Mas todo esse conteúdo, muitas vezes incomum no ensino médio, é só na primeira fase. A segunda etapa é um exame oral, que vai medir a liderança, a capacidade de trabalhar em equipe, o poder de articulação dos candidatos.

"Pensamos num curso mais aprofundado em políticas públicas e privadas e na capacidade de elaborar soluções diferenciadas. Então, no vestibular, há uma demanda menor de conteúdo e uma avaliação mais aprofundada da capacidade de análise, de reflexão, de argumentação", aponta a coordenadora de graduação do direito da FGV, Adriana Ancona de Faria.

Jocimar Archangelo, um dos idealizadores da prova da Unicamp, trabalhou na criação da prova da FGV e explica o porquê das mudanças: "Com um curso único no vestibular, é diferente. Como o número de candidatos é pequeno, é possível fazer uma prova diferenciada". Em sua opinião, a proposta de vestibular do curso de direito da FGV dá seqüência à idéia de vestibular da Unicamp. "Lá, se começou trabalhando com a capacidade de raciocínio lógico. Aí, com a segunda fase, que é oral, conseguimos avaliar capacidades que não são medidas em prova escrita."
 
Folha de São Paulo  -  On line  -  pg.   -   1/8
Ministério estuda avaliar qualidade dos MBAs, mas de forma voluntária
da Folha de S.Paulo, no Rio

A exemplo do que já faz com os cursos de graduação e de pós-graduação stricto sensu, o Ministério da Educação estuda avaliar também os de MBA. Atualmente, esses cursos e os de especialização são os únicos em nível superior que não passam por sua avaliação.

Segundo o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Jorge Guimarães, a tendência é a de que esse acompanhamento seja voluntário. "Esses cursos terão de passar por avaliação, mas isso não tem de ser compulsório."

Outra estratégia do MEC é oferecer a oportunidade de a instituição ter seu curso reconhecido e avaliado pela Capes como um mestrado profissional. Diferentemente dos mestrados tradicionais, mais voltados para a carreira acadêmica, esses têm foco no mercado.

Hoje, apenas 5% dos mestrandos estão em cursos profissionais avaliados pela Capes. A meta do ministério é chegar a 25%. "Esses cursos tiveram crescimento de 147% de 2001 para 2005, principalmente pela via privada. As instituições têm hoje demanda por mestrados profissionais", diz Guimarães.

Uma das vantagens de fazer um mestrado profissional reconhecido em vez de um MBA sem reconhecimento é que o aluno pode fazer doutorado.

Mais mestrandos
Guimarães diz que o governo não tem nenhum preconceito em relação à expansão da rede privada. Ele argumenta que nos cursos stricto sensu --já avaliados pela Capes-- tem aumentado o número de alunos em instituições privadas credenciadas e avaliadas pela instituição.

"De 2001 para 2005, só em cursos de mestrado, houve crescimento de 27,4% nas matrículas em instituições públicas e de 41% no setor privado."

Luiz Biondi e Carlos Alberto
Direção da FEN
Gestão Participativa



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