Uerj - Notícias 37

Criada em 27/07/2006 23:15 por dirfen_biondi_ca | Marcadores: aluno fen func prof

Reproduzimos as seguintes notícias publicadas no CLIPPING UERJ.

Governo federal nega conotação político-eleitoral para criação de novas universidades públicas - O Globo
Mais universidades - O Globo
Solução econômica para lixo radioativo - Ciência Hoje
Críticas a cotas são "cegueira social", afirma ministra - Folha de São Paulo
Estatuto criaria "racismo de Estado", diz antropóloga - Folha de São Paulo
Jovem brasileiro não quer vizinho gay - Folha de São Paulo
Congresso de Literatura - Extra
Má impressão - Jornal do Brasil
Agressão na Uerj - O Dia
Alunos da Uerj fazem manifestação por colega - O Globo
ProUni: lista de reclassificados sai dia 31 de julho - O Globo
Retrato do morro - O Globo
Uerj abre as portas para a literatura - JC E-mail
 
O Globo  -  On line  -  pg.   -   25/7
Governo federal nega conotação político-eleitoral para criação de novas universidades públicas
Globo Online

RIO - A menos de três meses das eleições, o jornal "O Globo" realiza, ao longo da semana, uma série de reportagens sobre a área de educação: propostas de candidatos, problemas e desafios. Nesta segunda-feira, o tema é ensino superior. O secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), Henrique Paim, defendeu a política do governo Lula de criação de universidades no país, apesar do abandono das atuais. O país tem 55 instituições federais de ensino superior e gasta neste setor dez vezes mais do que investe na educação básica (cerca de R$ 12 mil por estudante do nível superior e R$ 1.200 por aluno do ensino médio e do fundamental). Mesmo assim, há menos de um ano, reitores da UFRJ, UFF, UNI-Rio e Rural, além do diretor do Cefet-Rio, chamaram a atenção da sociedade para a crise vivida pelas instituições.

Paim afirma que as dez novas universidades fundadas no governo Lula (nos últimos 18 meses, o presidente também mandou criar mais 48 campi em cidades do interior de 20 estados) seguem critérios técnicos ( leia aqui ). Ele negou a conotação político-eleitoral.
 
O Globo  -  Opinião  -  pg. 06  -   25/7
Mais universidades

Como ex-professor universitário e diretor de faculdade federal, fico indignado com notícias de criação de novas universidades, como se isto fosse a solução de nossos problemas educacionais. Legiões de semi-analfabetos estão chegando aos cursos superiores, com a conivência do governo, criando frustrados e desiludidos com o diploma, pois não há empregos suficientes. Precisamos é melhorar o ensino médio e as universidades existentes.
PEDRO SILVA
(por e-mail, 23/7), Volta Redonda, RJ

Ciência Hoje  -  Em Dia  -  pg. 48  -   25/7
Solução econômica para lixo radioativo
Marcelo Garcia

O sargaço, alga encontrada em muitas localidades do litoral brasileiro, pode ser a solução para o armazenamento de dejetos químicos e radioativos de laboratórios. Em parceria com o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), a engenheira química Marta Cristina Picardo descobriu, durante sua tese de mestrado realizada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que a planta é capaz de atrair e concentrar isótopos de tório
um dos poluentes radioativos mais comuns - em meio líquido, o que diminui bastante o volume de material radioativo que precisa ser armazenado para evitar contaminação ambienta. A planta ainda é muito mais barata que a chamada resina de troca iônica, única substância capaz de realizar a mesma operação.

Toda usina nuclear precisa recolher amostras e realizar testes periódicos de contaminação na água, no solo e nas plantas, para garantir que suas atividades não prejudiquem a vida da população ao seu redor. Além disso, qualquer pessoa na região pode solicitar esse teste, caso desconfie de contaminação. Essa análise, que no Brasil só pode ser realizada nos laboratórios do IRD, é feita através da espectrofotometria, processo que se baseia na comparação dos padrões formados por feixes de luz ao atravessar uma solução-teste (que contém material radioativo dissolvido) com os formados pelos feixes ao atravessar a amostra, seja de água ou de material orgânico já previamente dissolvido em ácidos orgânicos.

O problema é que a soluçãoteste só pode ser usada uma vez, pois o equipamento que faz a análise precisa ser recalibrado antes de testar cada uma das amostras, que chegam a dezenas ou centenas por semana. A solução descartada deve, então, ser armazenada para evitar a contaminação do ambiente. Esse processo gera uma quantidade enorme de resíduos radioativos. "Só os testes realizados em Angra dos Reis (RJ), onde se localizam as únicas usinas nucleares brasileiras em operação, Angra I e Angra II, produzem quase mil litros de dejetos radioativos por semana, em média", afirma o orientador da tese de Picardo, o engenheiro químico Antônio Carlos Augusto da Costa, do Instituto de Química da Uerj. Como esses efluentes não são biodegradáveis e têm meia-vida (tempo necessário para que a atividade dos átomos radioativos se reduza à metade) muito longa, eles podem continuar emitindo radiação durante milhões de anos, tornando-se um perigo para o ser humano, se descartados indevidamente.

Esse é o problema que o sargaço pode ajudar a resolver. Os pesquisadores mostraram que proteínas e outras estruturas presentes na alga contêm moléculas carregadas negativamente que exercem atração sobre o nitrato de tório dissolvido (e positivamente carregado) na solução-teste, fazendo o metal se acumular sobre a superfície da planta. Duas alternativas são possíveis então: a utilização de algum ácido (como o ácido clorídrico) para lavar o sargaço e reutilizá-lo - o que deixa uma pequena quantidade de solução radioativa - ou a simples queima da alga a 500°C, que elimina a biomassa e deixa como resíduo apenas uma pequena bolinha de tório, menor que uma bola de gude. "De qualquer forma, é uma redução significativa no volume de material a ser armazenado", destaca Costa.

Trilhando o desconhecido
A pesquisa teve início ainda na década de 1990, quando Costa estudou diversas algas do litoral brasileiro e descobriu que muitas delas eram capazes de atrair certos metais dissolvidos em água, com maior ou menor intensidade. A escolha do sargaço deveu-se à eficiência apresentada pelas algas marrons em geral espécies marinhas, freqüentemente encontradas nas praias, que possuem um aspecto gelatinoso - na absorção de metais e a facilidade de encontrá-lo na natureza. O sargaço é abundante em várias praias do Sudeste e do Nordeste do Brasil, chegando até a causar problemas ambientais e turísticos, quando se acumula na areia. Em seu estudo, Picardo escolheu testar a capacidade de atração da alga em relação ao tório. Segundo Costa, esse é um dos elementos mais comuns nos dejetos radioativos - ao lado do urânio - e apresenta uma meia-vida muito longa, maior até que a idade da Terra (cerca de 4,5 bilhões de anos). "Por isso, precisa ser armazenado eternamente", ressalta.

Para descobrir se as algas eram capazes de retirar o tório da solução-teste, elas foram mergulhadas em ampolas de 100 ml contendo o elemento dissolvido em diferentes concentrações. Depois, verificou-se a velocidade com que o metal se acumulava na superfície do sargaço, através de medições periódicas de suas concentrações na solução. Segundo Costa, o sargaço teve desempenho semelhante ao da resina de troca iônica, que absorve rapidamente o material radioativo. "Foi um sucesso total", enfatiza. Em outro teste, foi avaliada a ação das algas em quantidades maiores de solução. Depois de encher tubos de acrílico com sargaço, os pesquisadores bombearam soluções com tório em diversas concentrações para dentro deles, a partir da base. Quando as soluções alcançavam a borda superior do tubo, o nível de tório era medido. "Não havia mais sinal do elemento, pois ele tinha ficado retido na alga", conta o químico.

Alternativa bem mais barata
Na última fase da pesquisa, iniciada em abril, o sargaço está sendo usado em uma situação real: tratar o efluente gerado pelos testes de laboratório do IRD. Apesar de esse material conter diversos metais pesados e radioativos, somente os níveis de tório em solução estão sendo acompanhados durante todo o processo. Os pesquisadores decidiram ainda fazer a caracterização total do efluente no início e no fim do tratamento, para verificar se o sargaço também influi nas quantidades de outras substâncias em solução. “A idéia é que a alga substitua a resina de troca iônica em pouco tempo, mesmo que inicialmente seja apenas para os resíduos de tório", prevê Costa. Essa etapa final deve ser concluída em junho deste ano.
Vantagens não faltam nessa substituição. A primeira e maior delas é econômica. O Brasil importa toda a resina de troca iônica que utiliza por um preço que varia entre US$ 20 e 600 o quilo. Já o sargaço, por ser abundante, custaria muito menos. Além disso, a quantidade de sargaço necessária para absorver o tório é bem pequena: apenas 2 g de biomassa, equivalente ao volume usado de resina para cada litro de efluente. O único problema é que a alga só pode ser utilizada cinco vezes depois de ter sido limpa com ácido -, enquanto a resina suporta mais. Mas como sargaço é comum e barato, os pesquisadores pensam em usá-Io apenas uma vez e depois queimá-Io, para produzir resíduos menores de tório. Diante do sucesso da pesquisa, outra tese de mestrado, desta vez realizada no próprio IRD, se propõe agora a estudar a ação do sargaço sobre o urânio.

Ciência Hoje/RJ
 
Folha de São Paulo  -  Folha Cotidiano  -  pg. C7  -   25/7
Críticas a cotas são "cegueira social", afirma ministra
Luciana Constantino

Matilde Ribeiro diz que reação contrária neste debate é natural, mas traz um olhar viciado sobre o tema

Para ela, a alegação de que cotistas teriam dificuldade em acompanhar as aulas ou seriam estigmatizados não condiz à realidade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) reconhece que a miscigenação dificulta a classificação de uma pessoa como afrodescendente, mas diz haver "divisões sociais" no Brasil. Por isso, defende ações afirmativas para reduzir as desigualdades. Militante do movimento negro antes de participar do governo federal, Matilde afirma que o "dilema" entre cotas sociais e raciais está resolvido no projeto de reserva de vagas em universidades. Ela recebeu a Folha na semana passada em seu gabinete.

FOLHA - O Estatuto da Igualdade Racial considera afrobrasileira pessoa que se classifica como tal. Qualquer um poderá se declarar assim para tentar se beneficiar de cotas?
MATILDE RIBEIRO - No Brasil sempre tivemos a máxima de que não somos racistas e somos mestiços. O movimento negro, desde a abolição, trabalhou para que tivéssemos orgulho de sermos negros em uma sociedade que não nos acolheu. Sabemos que ser negro não é fácil.

FOLHA - Se o quadro muda, não haverá quem queira se beneficiar?
MATILDE - Não necessariamente. No Brasil, devido à miscigenação, é difícil saber quem é ou não. O consenso do IBGE para perguntar a cor é a autodeclaração. Se isso acontecer [se beneficiar não sendo afrodescendente], vai ser uma minoria.

FOLHA - No Brasil, o que identifica um afrodescendente?
MATILDE - Os rappers têm uma definição interessante. Dizem: "Os brasileiros podem não saber quem é negro ou branco, mas a polícia sabe". Nossos limites raciais não são visíveis como os da África do Sul durante o apartheid. Mas, temos divisões sociais e cotidianas.

FOLHA - Cotas não são mecanismo de desigualdade?
MATILDE - A Constituição brasileira é uma das mais avançadas. Está dito que todos somos iguais independentemente de sexo, credo, raça, idade, blá, blá, blá. Mas há uma dinâmica da sociedade que vai além e é excludente. Justamente por ser excludente é preciso ter medidas de governo e de Estado para chegar ao equilíbrio colocado na Constituição. Considero a crítica ao sistema de cotas parte da nossa cegueira social.

FOLHA - As pessoas deixaram de ver esse problema?
MATILDE - Esse dilema entre cotas sociais e raciais creio que resolvemos na formulação da proposta de projeto de lei de reserva de vagas nas universidades encaminhada à Câmara. Prevê reserva de 50% das vagas das universidades públicas para alunos oriundos de escolas públicas (cota social) combinada com proporção de negros e indígenas nos Estados (cota racial). É a somatória das duas.

FOLHA - Mas não é o desenho que vemos nas cotas previstas no texto do Estatuto da Igualdade Racial.
MATILDE - O texto que está no Congresso já passou por alterações, e o governo fez contribuições. Mas ainda não chegamos ao final da negociação e dos procedimentos.
Já em relação ao debate com intelectuais e agentes políticos, creio ser natural a reação contrária. O debate é bem-vindo, mas não concordo com o princípio das pessoas que se apresentam contra o projeto. Para complementar o termo cegueira, diria que o olhar dessas pessoas que se apresentam contra é viciado. Cito exemplos. A alegação de que alunos, ao entrarem pelas cotas, teriam dificuldade de permanecer, estariam estigmatizados, nada disso se comprova. As experiências em curso têm mostrado que quem entra pelas cotas tem tendência de superar a média escolar.
 
Folha de São Paulo  -  Folha Cotidiano  -  pg. C6  -   25/7
Estatuto criaria "racismo de Estado", diz antropóloga
Sylvia Colombo

Para professora, lei da igualdade racial institucionalizaria o preconceito e não ajudaria em seu combate na sociedade

Intelectual contrária às cotas defende criação de mais vagas e cursos na universidade pública em vez da reserva de cadeiras

DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco menos de um mês depois de entregar ao governo um manifesto contra o projeto de Lei de Cotas e o Estatuto da Igualdade Racial, a antropóloga Yvonne Maggie, uma das autoras do texto, comemora. O documento, assinado por 114 intelectuais, acadêmicos e artistas, vem acumulando adesões que já somam 900 pessoas. Em entrevista à Folha, a professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio Janeiro) disse que as cotas e o estatuto desestruturam a idéia de nação ao dividir a população em duas raças. Defendeu ainda que as universidades públicas recebam mais alunos, sem ter de adotar uma política de cotas. Leia a entrevista que concedeu na última quinta-feira.

FOLHA - O que você achou da repercussão que a polêmica dos estatutos causou nas últimas semanas?
YVONNE MAGGIE - Vejo que houve uma reação interessante. Nossa carta foi assinada por 114 pessoas e agora já temos quase 900 adesões. Constituiu-se um movimento. Antes éramos apenas pesquisadores, intelectuais e artistas isolados e estávamos falando no deserto. Mas, o debate se tornou de toda a nação.

FOLHA - Qual é o problema com a lei de cotas e com o estatuto?
MAGGIE - A grande crítica que temos não é ao diagnóstico, é à solução. Qual é o apelo das cotas e do Estatuto da Igualdade Racial para a sociedade? É que parece ser uma solução fantástica para acabar com a desigualdade. Mas nós contestamos isso. A grande discussão é como combater o racismo.

FOLHA - As cotas não poderiam ajudar nesse processo?
MAGGIE - O estatuto e as cotas nos pressionariam a não sermos mais brasileiros. Ao estabelecer a classificação dos brasileiros em duas raças, seremos uma outra nação. Somos a favor de uma legislação que combata o racismo, que tenha o racismo como crime hediondo, comparável ao terrorismo. O que as pessoas que são a favor das cotas nos dizem é que este país já é, na prática, dividido. Bem, mas uma coisa é o racismo na sociedade, outra coisa é o racismo de Estado. É contra esse racismo de Estado que nos colocamos. E a favor da proposta de uma legislação "arracial".

FOLHA - Os que defendem as cotas dizem que os cotistas têm alcançado bons resultados na universidade.
MAGGIE - Não me espanto com o fato de os cotistas se saírem muito bem. Por que não se sairiam? A questão é que a universidade pública tem de abrir as suas portas, e as cotas são uma forma precária de fazer isso. Só vão criar problemas. É preciso reavaliar o potencial da universidade pública de fazer ensino de massa.

FOLHA - Como seria a reavaliação?
MAGGIE - Nós temos, nas universidades públicas, um grande potencial de abertura e de ampliação dos cursos. Porque não abrimos mais vagas? Temos professores e temos salas de aula suficientes para termos mais alunos. O problema não é colocar pessoas para dentro da universidade, é fazer elas se formarem. Estabelecer cotas é trocar seis por meia dúzia.

FOLHA - Se o texto do Estatuto for amenizado, você acha que ele poderia ser aplicado?
MAGGIE - O Estatuto é um problema. A única forma de combater o racismo é criar campanhas nacionais, investir em delegacias de disque-racismo, por exemplo. O estatuto poderia ser da igualdade e não da igualdade racial, pois igualdade racial é uma contradição. Se existem raças, não existe igualdade. A primeira lição é que raça não existe. Identidade étnica só faz sofrimento, é uma invenção.
 
Folha de São Paulo  -  Folha Cotidiano  -  pg.   -   25/7
Jovem brasileiro não quer vizinho gay
ANTÔNIO GOIS e CRISTINA TARDÁGUILA

Pesquisa encomendada pela Unesco indica que 47% dos entrevistados de 15 a 29 anos não querem morar ao lado de homossexual

Rejeição é maior em homem mais novo e de escolaridade baixa; professores não estão preparados para trabalhar o preconceito em sala de aula

DA SUCURSAL DO RIO

O preconceito contra gays, no Brasil, é algo que aparece desde cedo. Uma pesquisa feita com jovens de 15 a 29 anos revela que quase a metade deles (47%) afirmou que não gostaria de ter um homossexual como vizinho. E a escola, espaço onde isso poderia ser combatido, mostra-se despreparada para lidar com o tema.

Esse quadro de intolerância e despreparo aparece em uma pesquisa inédita feita para a Unesco a partir de uma amostra de 10.010 jovens de todo o Brasil. Uma pesquisa sobre escola e homofobia também está sendo realizada pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Parte dos resultados foi apresentada pela pesquisadora Miriam Abramovay, secretária-executiva do Observatório Ibero-Americano de Violência nas Escolas, a professores da rede pública do Rio há duas semanas, num seminário de sensibilização para lidar com o tema organizado pelo grupo Arco-Íris, com apoio do MEC.

A pesquisa com jovens de todo o Brasil indica que o preconceito é maior entre homens, entre os menos escolarizados, mais pobres e mais jovens. Entre homens, por exemplo, 54,2% disseram que não gostariam de ter um vizinho homossexual, percentual que cai para 40,1% entre mulheres.
"Desde que fizemos a primeira pesquisa sobre violência entre jovens, há nove anos, encontramos uma situação de homofobia muito intensa, e por isso fomos aprofundado essa questão. Os dados mostram como essa questão é importante e não é secundária. Ela faz parte de um contexto de diferentes violências que existem na sociedade. Esse quadro aparece também na escola, mas ela, que poderia ajudar a superar, finge que nada está acontecendo."

O despreparo da escola para lidar com o tema dos homossexuais aparece em uma pesquisa da Unesco sobre o perfil dos professores brasileiros.

Segundo a pesquisa, que gerou um livro, a maioria (59,5%) dos professores entrevistados admitiu não ter informação suficiente para lidar com a questão da homossexualidade. Nas entrevistas individuais feitas, muitos disseram que preferiam não tratar da questão em sala, ignorando qualquer tipo de diferença entre os alunos. Para Abramovay, no entanto, não se pode culpar os professores ou jovens por construírem esse preconceito em sala de aula.

"Nossa sociedade é homofóbica. Tenho certeza de que professores e alunos apenas reproduzem esse quadro. No caso dos professores, é preciso lembrar também que o tema da diversidade é muito pouco discutido nas faculdades de educação. Eles são formados apenas para serem professores de português ou matemática", diz.

Intolerância
A elevada intolerância entre os jovens do sexo masculino e de pouca escolaridade já apareceu em outras pesquisas. Uma delas foi feita com adolescentes de 18 e 24 anos de Porto Alegre, Rio e Salvador pelo Clam (Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos), da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

Essa pesquisa mostrou que 49% dos jovens do sexo masculino disseram que homens que têm relações sexuais com outros homens são "doentes" ou "não têm vergonha". Entre os filhos de mães sem ensino fundamental completo, esse índice chegava a 60,1%.
Na opinião da coordenadora do Clam, Jane Russo, na raiz dessa homofobia há também uma questão de gênero: "É uma visão tradicional da sociedade que coloca a mulher num papel submisso. Nesse sentido, o homem que é "mulherzinha" é menos respeitado, e isso é mais forte nas classes mais pobres."

Para Abramovay, outra possível explicação é o fato de esses adolescentes estarem numa fase de resolução da sexualidade: "Essa homofobia pode surgir por medo de parecer igual a alguém que é rechaçado pela sociedade".

"Sempre era o mais zoado da turma no meu colégio"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Ao trocar de colégio para ser aceito pelos colegas de ensino médio, o aeroviário carioca Leandro Marques, 22, adotou por muito tempo um personagem sério, calado e durão, bem diferente de seu perfil. Na antiga escola, ele foi constantemente alvo de piadas e agressões por ser gay.

"Eu sempre era o mais zoado da turma. Todo mundo me xingava, jogava bolinha de papel em mim. Escondiam meus livros e me davam apelidos grosseiros. Eu não chorava de jeito nenhum. Ignorava até não poder mais. Aí, quando o limite chegava, procurava os professores e a diretoria. Hoje noto que nem mesmo entre eles encontrava apoio. Muitos fingiam que não viam a maldade e a homofobia ao meu redor."

Na saída do colégio, alguns meninos mais velhos costumavam se reunir e o obrigavam a passar por um "corredor polonês", recebendo tapas e pontapés. "Eu não escapava nunca e sempre me machucava. Nunca vou me esquecer da diretora dizendo que não poderia fazer nada porque ele acontecia do portão da escola para fora."
Às vezes, até os professores participavam das gozações. Na sétima série, os alunos comentaram que o aniversário dele é no dia 24. "Até a professora fez a clássica piadinha sobre o número 24 ser, no jogo do bicho, o número do veado."

Segundo professores, piadinha inocente esconde preconceito
DA SUCURSAL DO RIO

Para professores ouvidos pela Folha, a homofobia nas escolas muitas vezes se esconde atrás das piadinhas ou brincadeiras. Essa é a opinião, por exemplo, de Léa Carvalho, diretora da Escola Técnica Estadual de Saúde Herbert Daniel de Souza, em Quintino (zona norte do Rio).

"A homofobia aqui acontece por meio de piadinhas, olhares e fofocas. É uma violência psicológica velada que é perigosa porque muitos acham que não passa de uma brincadeira", diz.

Ela, como diretora, tenta solucionar uma média de um caso de homofobia a cada 15 dias. "Não adianta brigar. Temos que levar os agressores à reflexão. Por isso, desde 2004, trabalhamos com o mural da diversidade, que fica no principal corredor da escola e é atualizado semanalmente. Nele, o assunto que mais aparece é a homossexualidade e a importância da tolerância."

Para o professor Antonio Pinheiro, que é gay e leciona no Instituto de Educação Sarah Kubitschek, em Campo Grande (RJ), o maior preconceito, em seu caso, vem dos professores. "Apesar de, entre os alunos, o preconceito correr solto, eles sabem que sou gay e me respeitam muito. Entre os professores, no entanto, muitos me olham de forma diferente ou fingem que a homossexualidade não existe. É uma maneira que só contribui para aumentar a homofobia."

Soluções
Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo Henriques, o preconceito e o fato de a sexualidade ainda ser um tema tabu na sociedade exigem uma solução complexa.
"Não podemos ser rasteiros. O que estamos tentando encontrar são propostas pedagógicas que tenham sido testadas de forma eficiente. Precisamos ter coragem de dizer que temos de investir muito em conhecimento para saber a melhor maneira de lidar com esse tema em sala de aula. Não dá para ser algo improvisado", diz ele.
Em busca da melhor forma de trabalhar com o tema, o secretário afirma que o MEC está investindo R$ 1,5 milhão em ações desenvolvidas em escolas. Entre elas estão projetos pilotos feitos por 16 diferentes entidades que têm professores como público-alvo.

"A partir dessas experiências, saberemos quais metodologias deram certo e podem ser ampliadas", afirmou.

Um desses projetos é coordenado pelo grupo Arco-Íris no Rio com o nome "Rompendo a Fronteira e Discutindo a Homossexualidade na Escola". O coordenador, Márcio Caetano, explica que a opção foi não estabelecer um manual único porque as realidades são muito diferentes em cada colégio. Com isso, cada professor elaborou seu próprio plano de ação.

Extra  -  Geral - Hoje  -  pg. 11  -   26/7
Congresso de Literatura

A Uerj sedia, entre 31 de julho e 4 de agosto, o X Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada, com a participação de 2.300 professores e pesquisadores do Brasil e do exterior. Informações: www.abralic.org.br.
 
Jornal do Brasil  -  Cidade  -  pg. A9  -   26/7
Má impressão
Fred Suter

O candidato do PRB ao governo do Estado, Marcelo Crivella, visitou o Tribunal de Contas do Estado, onde ficou conhecendo detalhes da aprovação de contas do governo da Rosinha.

Segundo ele, a saúde está um caos, a educação não funciona e a Uerj ficou sem vestibular.
 
O Dia  -  Geral  -  pg. 07  -   26/7
Agressão na Uerj
Maria Luisa Barros

Aluno cotista é confundido com ladrão e apanha de vigias

Estudante negro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi vítima de preconceito e agressão dentro do campus, no Maracanã. Na quinta-feira da semana passada, Paulo Henrique da Silva, 25 anos, aluno do 7º período do curso de Pedagogia, foi confundido com ladrão e agredido por seguranças da universidade.
Paulo Henrique, que é bolsista de pesquisa do CNPq, foi imobilizado por seguranças quando discutia com a sua namorada, aluna do curso de Filosofia. "Ela estava alterada. Disse que tinha me ligado do celular e eu não atendi. Quando peguei o celular para ver as ligações, dois seguranças me imobilizaram. Deram tapas, chutes e pontapés", contou.

A agressão foi registrada na 20ª DP (Vila Isabel) como lesão corporal. O laudo do exame de corpo de delito ficará pronto em 20 dias. Ontem, estudantes ligados ao movimento negro na Uerj fizeram manifesto na entrada do prédio da reitoria. "Não é a primeira vez que alunos negros são vítimas de racismo na Uerj e que a reitoria não se manifesta", criticou Moacir Carlos, do Denegrir (Coletivo de Estudantes Negros da Uerj). A Uerj informou que providências estão sendo tomadas para que casos como esse não voltem a ocorrer na instituição.

O Globo  -  Rio  -  pg. 16  -   26/7
Alunos da Uerj fazem manifestação por colega
Marcelo Dutra

Cerca de cem alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) fizeram, ontem à tarde, um ato público em solidariedade ao estudante de pedagogia Paulo Henrique da Silva, de 20 anos, que denunciou ter sido agredido fisicamente por seguranças da instituição de ensino, na quinta-feira da semana passada.

O rapaz afirma ter sido vítima de preconceito racial, mas registrou o fato como lesão corporal, na 20 DP (Praça da Bandeira). A manifestação foi organizada pelo Diretório Acadêmico da Uerj e pela entidade Denegrir, que reúne estudantes da raça negra.

De acordo com a versão do universitário, a agressão aconteceu quando estava no hall principal da Uerj e discutia asperamente com a namorada, a estudante de Filosofia Quesia Vieira Pacheco Rodrigues, de 21 anos. Paulo Henrique conta que agentes se aproximaram e o levaram para a sala da segurança, onde foi agredido com tapas e pontapés.

— Eles disseram que eu não tinha a aparência de um estudante da Uerj, por ser negro, creio eu — disse Paulo, que promete processar o Estado e a universidade por racismo.

Segundo a Uerj, os seguranças foram alertados pelo barulho de um som que parecia o de um tapa. Ao chegarem, teriam visto o aluno segurando a jovem, sem que ela pudesse se desvencilhar. Como o agressor se recusou a parar, foi conduzido à sala da segurança. Os agentes disseram que Paulo, parecendo estar embriagado, se debatia e os ofendeu verbalmente. Paulo entrou para a Uerj em 1993, na primeira turma de cotistas.                   
 
O Globo  -  On line  -  pg.   -   26/7
ProUni: lista de reclassificados sai dia 31 de julho

RIO - O Ministério da Educação adiou para 31 de julho o anuncio da lista dos reclassificados no Programa Universidade para Todos (ProUni) no segundo semestre de 2006. Os candidatos ocuparão as vagas dos pré-selecionados que não tiveram seus dados socioeconômicos confirmados nas instituições de ensino.

O prazo foi prorrogado porque nem todas as universidades particulares entregaram a lista dos candidatos que confirmaram os dados socioeconômicos. As instituições têm agora até o dia 28 de julho para confirmarem as informações.

Neste segundo semestre de 2006, o MEC ofereceu 43.614 bolsas de graduação pelo Prouni. Sobraram 3.445 vagas, que o MEC ainda não sabe quando serão distribuídas, em virtude da lei eleitoral. A legislação proíbe propaganda institucional três meses antes das eleições.

Em 2007, as inscrições para a seleção do Prouni serão abertas em novembro.
 
O Globo  -  Gente Boa  -  pg. 03  -   26/7
Retrato do morro
Jan Theophilo (interino)

Nada menos que 76 barracos do Morro Dona Marta não possuem janelas. A informação, impressionante, consta de uma pesquisa  censitária inédita feita em parceria por sociólogos da UERJ e técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que toca um   projeto de urbanização na comunidade. A favela tem hoje cerca de sete mil moradores espalhados em 1.335 barracos, a maioria de tijolos. Mas os pesquisadores se depararam com vários casebres de estuque, ou seja, com paredes de tábuas de madeira  preenchidas com barro, uma construção corriqueira no Nordeste. As profissões mais comuns entre os homens são as de porteiro, garçom ou pedreiro, e, entre as mulheres, a função mais comum é a de empregada doméstica. Não completaram o Primeiro Grau mais de 50% dos moradores e 66% deles ganham até dois salários mínimos.

JC E-mail  -  On line  -  pg.   -   26/7
Uerj abre as portas para a literatura
JC e-mail 3065, de 25 de Julho de 2006. 

    
No período de 31 de julho a 4 de agosto a Uerj sediará o X Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic)

O evento contará com a participação de 2.300 professores e pesquisadores do Brasil e do exterior. O tema deste ano gira em torno dos lugares dos discursos literários e culturais. O local, o regional, o nacional, o internacional e o planetário ganharão abordagens de diferentes intelectuais.

As atividades, em todos os dias do congresso, estarão distribuídas em mesas-redondas e simpósios, além do lançamento de 60 livros. Serão realizados 71 simpósios, com uma média de 20 pesquisadores cada, e dez mesas-redondas, com dois conferencistas cada. Entre os convidados estão: Hans Ulrich Gumbrecht (Stanford University), Ana Pizarro (Universidade Católica do Chile), Eduardo Portella (ABL), Eduardo Coutinho (UFRJ), Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Antônio Torres e Ivan Junqueira.

A Abralic foi fundada em 1986, na UFRGS, e completa 20 anos em 2006. Ao longo da sua existência já promoveu nove congressos e dez encontros regionais. Hoje ela é a maior associação de estudos literários da América Latina. A diretoria é eleita de dois em dois anos e é composta de seis pesquisadores. Atualmente seus membros são da UFRJ, UFFE e UERJ e esta última é sua sede.

Para o professor José Luís Jobim, presidente da ABRALIC e diretor do Instituto de Letras da UERJ, a diversidade de assuntos em discussão agradará bastante aos participantes do evento. “Tentamos abranger temas de interesse planetário, até porque contamos com grupos de estudo organizados por professores de Londres, Paris e Bolonha”, ressalta Jobim.

Confira a programação completa no site www.abralic.org.br

(Marcelle Fonseca, da assessoria de imprensa da Uerj)

Luiz Biondi e Carlos Alberto
Direção da FEN
Gestão Participativa



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