Uerj - Notícias 36

Criada em 27/07/2006 22:53 por dirfen_biondi_ca | Marcadores: aluno fen func prof

Reproduzimos as seguintes notícias publicadas no CLIPPING UERJ.

Bombeiros controlam princípio de incêndio na Uerj - O Globo
2º Exame: prazo será aberto dia 9 de agosto - Folha Dirigida
Agente universitário: 120 vagas. 2º grau - Folha Dirigida
Calendário de reposição ainda não foi divulgado - Folha Dirigida
Comunidade da Uerj teme novo acidente - Folha Dirigida
Congresso na Uerj - Folha Dirigida
No lugar da política, ensino pesquisa e extensão - Folha Dirigida
Pedagogia em transformação para melhor ou pior? - Folha Dirigida
Reforma universitária: Deputados apresentam propostas paralelas para reforma - Folha Dirigida
Sintuperj reivindica concurso urgente para todas as categorias - Folha Dirigida
Uerj discute calendário - Folha Dirigida
Uerj: professores recomendam rever matérias - Folha Dirigida
Uerj: socorro à vista - Folha Dirigida
Cotista vira ofensa em faculdades - Jornal do Brasil
Liberdade - Jornal do Brasil


O Globo  -  On line  -  pg.   -   24/7
Bombeiros controlam princípio de incêndio na Uerj
Lauro Neto

O Globo On line - 22h28m

RIO - Alunos da Uerj foram dispensados agora à noite por causa de um princípio de incêndio que teria começado num depósito nn subsolo da universidade. Apesar da fumaça no hall de entrada, o incêndio não foi de grandes proporções e já foi controlado pelos bombeiros do quartel de Vila Isabel.

Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 03  -   25/7
2º Exame: prazo será aberto dia 9 de agosto
 
No dia 9 de agosto começam as inscrições para o segundo exame de qualificação do vestibular Estadual 2007. O prazo para pagamento da taxa, de R$36, vai até o dia 21 de agosto. A inscrição poderá ser feita pelo site
www.vestibular.uerj.br ou nas agências credenciados. Os candidatos que se inscreverem pelas agências bancárias terão até o dia 22 de agosto para enviar a ficha, via Correios, à Direção do Departamento de Seleção Acadêmica (Dsea) da Uerj.

Isentos - O resultados dos pedidos de isenção será divulgado no dia 7 de agosto. Serão beneficiados todos os candidatos oriundos de cursos pré-vestibulares populares, comunitários ou similares, devidamente cadastrados na Uerj, que comprovem uma renda bruta média mensal familiar menor ou igual a R$ 520 e freqüência ao curso.

A avaliação dos inscritos é feita com base na análise das informações apresentadas pelos inscritos no Requerimento de Solicitação de Isenção e nos documentos enviados.

A renda bruta média mensal familiar é calculada pela soma de todos os rendimentos provenientes do trabalho formal ou informal, aposentadoria, pensões, rendimentos de capital, imóveis e assemelhados e outros ganhos, comprováveis ou não, de todas as pessoas residentes no mesmo domicílio do candidato e dividida por esse mesmo número de pessoas.

Para o cálculo de renda bruta, considera-se também as pessoas residentes no mesmo domicílio do candidato que não possuem renda.

Os beneficados deverão se inscrever entre os dias 15 e 21 de agosto, por meio do site do vestibular.

Os candidatos que precisarem de condições especiais para fazer a prova deverão solicitar isso entre os dias 22 e 28 de agosto, no Dsea. O segundo exame de qualificação será aplicado no dia 8 de outubro.
 
Folha Dirigida  -  Local  -  pg. 07  -   25/7
Agente universitário: 120 vagas. 2º grau
 
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) confirmou a realização de concurso para 120 vagas de agente universitário, com exigência de nível médio, segundo a superintendente de Recursos Humanos, Simone Almeida. Os vencimentos iniciais para o cargo são de R$ 1.412,25.

O edital está previsto para ser divulgado em janeiro e os futuros servidores deverão ser contratados em março, conforme a superintendente afirmou em entrevista à FOLHA DIRIGIDA. Interessados já devem iniciar a preparação visando à conquista de uma vaga.

Para esse concurso a oferta pode chegar a 700 vagas, por razão de aposentadorias e exonerações. "Mas para conseguir as outras 580 será preciso que o governo reserve verbas no orçamento do ano que vem", disse. Recentemente, a Uerj teve seu plano de cargos e salários aprovado pela Alerj, com a unificação de todas as funções em cinco grandes categorias. O cargo de agente universitário passará a abranger todas as funções que exigiam nível médio. A previsão é de que a maior parte das vagas seja destinadas as áreas administrativa e  de segurança, que são as que possuem maior carência. Na seleção, provavelmente haverá prova prática de conhecimentos de Informática (Noções Básicas), além de redação.

Mais vagas - O processo seletivo também abrirá vagas para auxiliar universitário especializado, função que exige nível fundamental com curso profissionalizante de 180 horas, e profissionais de nível médio/técnico em diversas funções, entre elas técnico de enfermagem e técnicos de laboratórios. "Se a gente não tiver servidores para atender à demanda de técnicos, vamos ter que fechar laboratórios", afirmou.

Atualmente o quadro da universidade é composto por 4.180 servidores concursados e 1.525 profissionais contratados. Conforme a superintendente informou, a tendência é substituir todos os contratados, pois a universidade ganhou um grande número de vagas com a aprovação do plano, além de estar sendo cobrada pelo Triburial de Contas do Estado. "Não dá pra manter a Uerj funcionando com qualidade sem a realização de concurso público", destacou.
 
Folha Dirigida  -  Local  -  pg. 09  -   25/7
Calendário de reposição ainda não foi divulgado
 
Apesar de ter sido aprovado na última terça-feira, dia 18, o calendário de reposição das aulas na Uerj, após a greve de três meses na instituição, ainda não foi divulgado. O motivo, segundo a sub-reitora de Graduação, Raquel Villardi, é que o calendário ainda passa por alguns ajustes. "O que aprovamos, por enquanto, é apenas um esqueleto, com datas-limites para que o período termine e sejam realizadas as provas finais".

Ela ressalta que, o mais importante, é que as aulas prosseguem normalmente e já estão sendo contabilizadas para a reposição. "Nos resta agora preencher o calendário com a programação de cada curso. Tão logo este trabalho esteja finalizado, divulgaremos as datas", promete Raquel, acrescentando que os alunos que prestaram vestibular no ano passado terão um novo período de inscrição nas matérias.

A preocupação dos representantes do movimento estudantil agora se voltam para a continuidade da mobilização após o fim da greve. O Conselho de Centros e Diretórios Acadêmicos (CAs e DAs) programado para a última quinta-feira, dia 20, foi adiado para esta terça-feira, dia 25. Em pauta estarão as discussões sobre um calendário de atividades voltado para as reivindicações durante a greve e, ainda, a eleição do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

O representante do DCE, Guilherme Pimentel, conta que uma das propostas de mobilização é realizar o "Uerj na praça" mensalmente. "Essa é uma atividade que reúne os três segmentos da comunidade acadêmica e temos tido um retorno muito positivo da população que participa", destaca. Os alunos também vão discutir as regras para as próximas eleições do diretório, já que o prazo de permanência da atual gestão expirou no último mês de junho.
 
Folha Dirigida  -  Local  -  pg. 09  -   25/7
Comunidade da Uerj teme novo acidente

O fim da greve da Uerj não significou o término das preocupações dos professores, técnicos-administrativos e estudantes com a infra-estrutura do campus Maracanã. Por iniciativa dos três segmentos, foi incluída no termo de acordo do fim da greve a reivindicação por um pronunciamento oficial da reitoria a respeito das condições de segurança estrutural do local.

A comunidade teme que ocorra um novo acidente semelhante ao de janeiro, quando parte da mureta da rampa do 12º andar, que liga os blocos A e B, caiu no térreo. Como a universidade estava em férias, ninguém saiu ferido. A exigência dos integrantes da comunidade é que a reitoria divulgue os laudos existentes e solicite os que ainda sejam necessários. A administração, porém, ainda não emitiu uma posição oficial sobre o assunto.

Coordenadora de Comunicação do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Paula Almada alerta sobre alguns dos problemas no prédio. "Existem goteiras, pedaços de ferro das rampas aparecendo e pedaços de paredes caindo. O risco pode aumentar quando chegar a época de chuvas, em que devemos estar estudando devido à reposição de aulas pós-greve", explica.

Maria do Socorro Matos, coordenadora do sindicato dos técnicos (Sintuperj), acredita que o desabamento poderia ser evitado se o governo destinasse mais recursos para a instituição. " Continuaremos fazendo pressão na Assembléia Legislativa e na reitoria por mais verbas", anuncia. "Depois do ocorrido, as pessoas se sentem inseguras de transitar pela Uerj. Alguém tem que se responsabilizar se acontecer algo", cobra a vice-presidente da Associação dos Docentes (Asduerj), Denise Brasil.

Contenção virou solução definitiva

Após a queda da mureta, o governo do estado liberou uma verba emergencial de cerca de R$500 mil para que fosse feita uma contenção da passarela e a retirada da estrutura do mesmo local que ameaçava desabar. A medida seria provisória mas, até hoje, a rampa permanece com o escoramento. De acordo com o prefeito do campus Maracanã, Luiz Antônio Arnauld, a medida é provisória e o prazo para a retirada do escoramento termina em setembro, quando vence o contrato com a empresa que realizou o trabalho. "Esta é a primeira fase do projeto, que foi feita para eliminar os riscos de novos desabamentos", explica.

Ele destaca que a Faculdade de Engenharia da Uerj, junto com uma firma especializada, está colhendo dados para elaborar um projeto de reestruturação da rampa. "O projeto atrasou por conta da greve, mas deve ficar pronto em 30 dias. Ainda não sabemos de quanto será o gasto, mas a liberação da verba já foi acordada com a Secretaria de Ciência e Tecnologia", garante Arnauld.

Em entrevista à FOLHA DIRIGIDA no início da greve, em abril, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, afirmou que a Uerj passava por uma reforma desde junho de 2005, de recuperação do telhado e instalações hidráulicas, impermeabilização das rampas e manutenção da subestação principal de energia. O investimento total seria de R$ 1,5 milhão. No entanto, de acordo com a diretora de Planejamento e Orçamento da Uerj, Suzana Padrão, apenas R$600 mil deste total foram liberados no ano passado. O restante seria repassado este ano, mas as obras estão paradas por falta de pagamento. Procurado, o secretário, através de sua assessoria, afirmou que não iria comentar o assunto.
 
Folha Dirigida  -  Anotações  -  pg. 15  -   25/7
Congresso na Uerj
Marcelo Bebiano

A Uerj sedia de 31 de julho a 4 de agosto o 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada.
 
Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 16  -   25/7
No lugar da política, ensino pesquisa e extensão
 
Após mais de dois anos de discussão da Reforma Universitária com a comunidade acadêmica, ainda há muito o que se mudar no texto do anteprojeto formulado pelo Ministério da Educação (MEC). Pelo menos esta é a visão do economista Aloysio Pelegrini, que inicia um estudo sobre o tema. Para ele, a reforma proposta pelo governo foge totalmente das questões principais que atormentam o ensino superior brasileiro para tratar de pontos que nem sempre são da competência do meio acadêmico. Pelegrini cita como exemplo a inserção de políticas sociais na estrutura das instituições públicas.

Outro ponto criticado pelo economista é a excessiva politização dos discursos dentro do ensino superior. "A universidade pública parece mais um partido político de esquerda do que uma universidade. Isto se agrava pelo fato de os jovens – seduzidos pelo ideário de esquerda e sendo naturalmente contestadores - projetarem esta contestação no governo e no sistema político", critica. Veja a entrevista:

FOLHA DIRIGIDA - Qual a sua avaliação, em termos gerais, do anteprojeto de Reforma Universitária apresentada pelo governo Federal?
Aloysio Pelegrini - A Exposição de Motivos do Anteprojeto parece ter mais preocupações político-ideológicas, do que com a melhoria do nível didático. Acho que a universidade pública deveria crescer em qualidade e não em quantidade, pois, o que está ruim tem que ser melhorado e não expandido. A expansão da universidade pública tende a baixar o seu nível, pois quando se aumenta a quantidade, cai a qualidade. Ainda mais com o sistema de cotas, pois os alunos cotistas vão forçar o nível de ensino para baixo. Quanto à universidade privada, o MEC alega que, para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação – PNE, (1) há que se dobrar o número de universitários, nos próximos seis anos; (2) reclama da falta de recursos para a universidade pública; (3) ressente-se de a universidade privada deter 70% dos alunos; (4) quer criar cotas para alunos pobres; e (5) elevar a qualidade do nível universitário. Ora, a universidade privada atua positivamente nos cinco pontos referidos. Ela ajuda a cumprir as metas do PNE, com o seu aumento exponencial no número de alunos (cresceu de 58% para 71%, no período 1994/2003); com isto, aliviou o governo do fardo da educação superior (que, de outra forma, ele teria que bancar sozinho, dispondo de parcos recursos); dá uma "cota gigante" para os alunos pobres, ao liberar vagas na universidade pública, para serem preenchidas por estes alunos); e tende a elevar a qualidade do ensino, ao estimular uma saudável competição no meio universitário. Quanto à autonomia, a lei n.º 5.540/68, ainda em vigor, cuidou de resguardar que, mesmo sob a forma jurídica de direito privado, as universidades não se desvinculassem do poder público, na hipótese de serem por ele mantidas. De fato, em nenhum ramo de atividade se rompe o vínculo entre financiador e financiado. A universidade pública, como as demais entidades públicas, é mantida basicamente por verbas federais, que provêem dos impostos que a sociedade paga. Governo e sociedade devem ter controle, participação e responsabilidade sobre ela. O vínculo não é o culpado pelos problemas cruciais da universidade pública.

FOLHA DIRIGIDA - A Reforma pode contribuir, efetivamente, para melhorar a qualidade do ensino superior brasileiro?
Aloysio Pelegrini - Mesmo com professores bem preparados, se não se resolver a questão da politização – ou melhor, da esquerdização - do corporativismo, da má administração interna, das infinitas greves e não se conseguir um modus vivendi entre financiador e financiado, a tendência é piorar. A universidade pública parece mais um partido político de esquerda do que uma universidade. Isto se agrava pelo fato de os jovens – seduzidos pelo ideário de esquerda e sendo naturalmente contestadores - projetarem esta contestação no governo e no sistema político (fazem isso sem a consciência de que, geralmente, o que estão contestando são os pais). Assim, os jovens tendem a apoiar automaticamente qualquer greve, mesmo de professores e/ou servidores, ainda que com prejuízo deles mesmos. Pois aqueles nunca são descontados pelos dias parados, e, muitas vezes, as aulas não são repostas. Em contrapartida, numa greve de alunos, aquelas categorias também apoiarão os alunos. E, assim, o corporativismo e as crises se perpetuam. E, assim, cai o nível da universidade pública. Veja que, em 2005, houve pelo menos 16 paralisações, sendo que a última delas durou três meses, E, nos últimos 25 anos, os professores deixaram de trabalhar 978 dias, ou seja, o equivalente a 3,5 anos letivos. Já em 2006, somente a greve da Uerj, iniciada em 3 de abril, durou mais de dois meses. Ora, se a greve tomou os meses de abril e maio, o semestre já está praticamente perdido. Pode um país avançar com uma universidade pública assim? É claro que a greve é um direito, mas ela é um recurso extremo. Já imaginou se todas as entidades, que dependem de verba pública, entrassem em greve com esta freqüência? Será que isto não tem nada a ver com a redução drástica da proporção de estudantes nas instituições públicas, nos últimos dez anos, que representam hoje 30% do total?

FOLHA DIRIGIDA - O senhor acredita que o anteprojeto é mais político que pedagógico?
Aloysio Pelegrini - Sem dúvida. Houve um Encontro de Reitores, de 23 a 29 de janeiro de 2005, em Havana, onde reitores de universidades e diretores do Ministério da Educação Superior de Cuba receberam o texto do anteprojeto de lei da nossa reforma universitária. Nada contra. Mas cabe perguntar: por que não colher experiências de países de primeiro mundo, mas submeter nosso anteprojeto somente às autoridades de um país de "quinto mundo", um dos raros remanescentes do socialismo soviético? Por outro lado, o que se quer dizer com a expressão "construção de um projeto de nação", constante do item 38, da Exposição de Motivos? São perguntas que não querem calar. A palavra social consta 34 vezes no texto da exposição de motivos do anteprojeto. Ora, isto é redundante, pois, ao simplesmente desempenhar suas atividades básicas de ensino, pesquisa e extensão, a universidade já cumpre, automaticamente, sua função social. E cumprirá tanto mais quanto melhor for sua qualidade didático-profissional. A universidade é uma instituição educacional e não uma instituição beneficente. No entanto, o anteprojeto impõe que a universidade pública cuide, prioritariamente, da inserção social dos segmentos menos favorecidos da sociedade. Ora, ninguém pode ser contra as políticas sociais, mas isto não é função de universidade. Forçar a universidade a fazer política social, por decreto, significa violentá-la, pois, tendo que priorizar outras funções, suas atividades próprias, de ensino, pesquisa e extensão ficarão ainda mais prejudicadas.

FOLHA DIRIGIDA - Em termos sociais, qual o papel da política de cotas para o atual contexto brasileiro?
Aloysio Pelegrini - As cotas são um absurdo. O aspecto mais grave é a violação do princípio do mérito. Este princípio, imanente ao ser humano, deve ser considerado sagrado, em qualquer sociedade. Ninguém é contra as políticas sociais, mas há mil maneiras de fazê-las, sem quebrar o princípio do mérito. O sistema de cotas se inclui nas chamadas "ações afirmativas". Estas políticas começaram nos EUA, nos anos 1960, durante a luta do Movimento de Direitos Civis, pelos direitos individuais e políticos dos negros. Vale frisar, porém, que nos EUA não há cotas, uma vez que, por violarem a lei de "igual proteção", são consideradas inconstitucionais. Entretanto, as ações afirmativas nos EUA geraram tantas polêmicas, controvérsias e infindáveis processos judiciais na Suprema Corte que, por meio da chamada Proposição 209, eliminaram-se os programas de ação afirmativa na Califórnia. E o Centro para os Direitos Individuais (CIR) e o Centro para a Igualdade de Oportunidade (CEO) estão comprometidos com o fim das ações afirmativas, com base racial, em todo o país. No Brasil, o primeiro vestibular, realizado na Uerj e na Uenf, em 2003, com reserva de 40% das vagas para "negros e pardos", acarretou cerca de 200 mandados de segurança, de estudantes não aprovados, que se sentiram lesados pelo novo sistema. Vale frisar que, ao dar cota a um aluno despreparado, estamos lhe passando a mensagem nefasta de que ele não precisa se preparar para o vestibular, pois já foi considerado preparado, por decreto. Ele vai ser sempre aquele "que entrou pela janela". Por sua vez, os alunos preparados serão barrados na universidade porque suas vagas foram confiscadas, para serem cedidas aos alunos despreparados. Ou seja: para incluirmos os excluídos, temos que excluir os incluídos. E, ainda, com 50% de alunos despreparados, o nível de ensino terá de baixar, para que metade da turma não venha a ser reprovada. Baixando o nível, perde a universidade e perde a sociedade.

FOLHA DIRIGIDA - As cotas resolvem o problema da inclusão social?
Aloysio Pelegrini - Não. Conforme pontificou a jornalista Miriam Leitão, o racismo é uma doença da alma, que não acaba com ações afirmativas. O que o governo deve fazer é garantir um ensino médio público de boa qualidade, para que alunos pobres e discriminados possam estar tão bem preparados para o vestibular, quanto os mais favorecidos. Isto sim, seria justiça social. Ora, quem ganha e quem perde com o sistema de cotas? O primeiro ganhador é o próprio governo petista. Vai ganhar os votos do gigantesco segmento menos esclarecido dos eleitores brasileiros. O segundo ganhador são os ideólogos e os partidos de esquerda, que terão a porta da universidade alargada para maior difusão do ideário socialista. Mais pobres, mais ingênuos e, principalmente sentindo-se devedores (pelas vagas recebidas e pelo ensino gratuito), os cotistas não questionarão o nível do ensino, a falta de aulas, as inúmeras greves e, mais importante, se curvarão mais docilmente à ideologia que lhes será impingida. Já os perdedores, são os de sempre. São os entes de dimensões mais amplas, onde a diluição dos prejuízos pode ser feita de maneira mais lenta e menos perceptível por parte da sociedade. É a universidade pública e, conseqüentemente, o Brasil.

FOLHA DIRIGIDA - Em relação à universidade do seu tempo e a universidade atual, o que mudou?
Aloysio Pelegrini - O problema que eu considero crucial – a politização – está até pior. Principalmente neste governo. Formei-me em Economia, pela UFRJ, em 1969. Naquela época, o ativismo político-ideológico na universidade e as infinitas greves já minavam os esforços de quem realmente quisesse estudar. Nosso curso foi gravemente prejudicado (ou melhor, infernizado) por aquela situação. Por ser época do regime militar, boa parte das greves não visava reivindicações típicas da classe estudantil, mas contestações de natureza político-ideológica. As greves eram decididas em clima de intensa agitação e quem arriscasse qualquer palavra de moderação era taxado de direitista, americanista, etc. A administração da Faculdade, por sua vez, era omissa (conivente?) e nem sequer víamos a sua presença no nosso ambiente. O fator ideológico, simplesmente, imperava sobre tudo. Tudo o que estava errado, na universidade e no Brasil, era culpa da ditadura ou dos Estados Unidos. Quanto à época atual, o economista Ubiratan Iorio, ex-diretor e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj e meu ex-colega na UFRJ, sintetiza: "a universidade pública padece de doenças graves. Uma delas é a sua apropriação quase total por professores socialistas – que ainda parecem lutar contra uma ditadura que terminou em 1985 -, por entidades (nada espirituais) e movimentos sociais, assim como por representações dos partidos políticos de esquerda, que instalam barraquinhas, agredindo duplamente o próprio conceito de universidade, ao só darem espaço para as suas crenças e ao inverterem a máxima de que o certo é que as idéias brotem nas universidades e sejam adotadas pelos partidos e não o oposto".

FOLHA DIRIGIDA - Em termos econômicos, as universidades públicas reclamam de problemas no financiamento. Quais caminhos o senhor apontaria para equacionar este problema?
Aloysio Pelegrini - Minhas restrições ao projeto de reforma universitária são mais de ordem filosófica, de mentalidade. Não me ative ainda, devidamente, aos meandros do financiamento e seria leviano, portanto, opinar sobre o assunto. Entretanto, parece não haver época em que a universidade pública não estivesse em crise. Universidade pública e crise deveriam ser palavras sinônimas no Brasil. É preciso dissecar as reais raízes do eterno conflito, entre financiador e financiado, para ver quem ganha com a sua perpetuação. Ora, não há entidade pública que considere satisfatórias as verbas que recebe. O "cobertor é curto" para todas elas. É lícito, portanto, querer mais verbas, mas parece haver ações eficientes, que não dependem só de dinheiro, que poderiam ser adotadas. E essas ações poderiam começar, por exemplo, com a despolitização da universidade, com o combate ao corporativismo e com a eficiente administração interna, além de outras ações. Tudo isto propiciaria, naturalmente, melhores condições para a desejada elevação do nível de ensino e granjearia maior respeito pela universidade pública, até por parte de quem decide sobre as verbas. Uma vez, perguntei a um sobrinho meu, de 18 anos, que acabara de entrar na universidade, se ele estava gostando da faculdade. Ao que ele me respondeu: "Ah, tio, o governo não tem compromisso com a educação!" Eu perguntei uma coisa e ele respondeu outra. Já tinha assimilado o refrão. Já estava devidamente politizado.
 
Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 01  -   25/7
Pedagogia em transformação para melhor ou pior?
Alessandra Moura Bizoni

Segundo deliberação do Conselho Estadual de Educação, novas diretrizes vão alterar os cursos de Pedagogia e, a reboque, os cursos do tipo Normal Superior. Contudo, mudanças no perfil destes profissionais dividem opiniões.

Um profissional habilitado a lecionar nas turmas de C.A a 4ª série do ensino fundamental, na educação infantil, nos cursos de formação de professores de nível médio (Curso Normal) e a desempenhar funções de orientador, administrador e supervisor escolar. Este será o perfil dos profissionais formados pelas instituições adequadas às novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Pedagogia e de Licenciatura, tão logo a deliberação de nº 298 do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro (CEE/RJ), aprovada no último dia 18, seja homologada pela Secretaria Estadual de Educação (SEE).

As novas diretrizes para os cursos de Pedagogia deverão ser aplicadas no estado do Rio de Janeiro, alterando os cursos de Pedagogia e, a reboque, os cursos do tipo Normal Superior. As Novas Diretrizes Curriculares Nacionais foram publicadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), no dia 16 de maio e a deliberação é uma adequação das normas à educação fluminense.

Os integrantes do CEE/RJ discutiram o conteúdo da Resolução nº01/2006 na sessão plenária de nº1.288, realizada na última terça, dia 18. De acordo com o relator da deliberação nº 298, o conselheiro Magno de Aguiar Maranhão, que é presidente da Comissão de Legislação e Normas do colegiado, o documento transpõe as determinações nacionais para o âmbito do estado do Rio de Janeiro.

Determinadas correntes de educadores elogiam a medida, argumentando que a formação mais ampla dos profissionais de educação vai levar docentes mais qualificados para o mercado de trabalho. Porém, outro grupo questiona a eficácia das alterações, criticando a acumulação de competências, o que acarretaria a formação acelerada dos educadores.

Segundo Magno Maranhão, com essa nova legislação os cursos de Pedagogia vão ganhar mais força e serão mais abrangentes. Não haverá mais a divisão nas habilitações em Supervisão Escolar, Administração Escolar e Orientação Escolar: todos os alunos estudarão esses conteúdos. Desse modo, os estudantes de Pedagogia sairão habilitados a lecionar na educação infantil, nas primeiras séries do ensino fundamental (C.A. a 4ª série) e nos cursos de formação de professores em nível médio (Curso Normal). Esses profissionais também estarão credenciados para atuar em atividades de Orientação, Supervisão e Administração Escolar, podendo, assim, dirigir estabelecimentos de ensino.

Outra novidade trazida pelas novas normas é que assuntos como educação especial, educação indígena, educação do campo e educação de jovens e adultos devem estar presentes no projeto pedagógico das instituições de formação de pedagogos e de professores das séries iniciais. Para Magno Maranhão, a grande questão será com relação ao curso Normal Superior que, com a maior abrangência dos cursos de Pedagogia, acabará ficando esvaziado, na avaliação do educador. Por isso, um dos pontos mais relevantes da deliberação é a possibilidade legal de transformar o Normal Superior em curso de Pedagogia.

"O que muda mais é o curso Normal Superior que, na verdade, acaba esvaziado. Os cursos de Pedagogia vão ter tudo o que os cursos de Normal Superior oferecem e mais alguma coisa. Por isso, inteligentemente, esses cursos podem pedir a sua transformação em curso de Pedagogia", explicou o educador.

O relator da deliberação informou, ainda, que o prazo para adequação às novas deliberações é de um ano. Desta forma, as instituições deverão estar em conformidade com as normas até o dia 16 de maio de 2007.

Pós-Graduação gera polêmica

Embora tenha sido baseada na Resolução nº01/2006 do CNE, a aprovação da deliberação de nº298 do CEE/RJ dividiu a opinião dos integrantes do Conselho Estadual de Educação. O ponto mais polêmico foi o artigo 9º, que trata de outra mudança relevante que será implementada a partir da deliberação — os cursos de pós-graduação para formação de profissionais de educação.

Segundo as novas normas, profissionais oriundos de cursos de licenciatura poderão obter habilitação em Supervisão, Orientação e Administração Escolar, a partir de cursos de pós-graduação lato sensu.

A deliberação nº 298 prevê que esses cursos deverão ter duração mínima de 360 horas, das quais, pelo menos 10% deverão ser destinadas ao estágio supervisionado. Além disso, o corpo docente destes cursos deverá ser constituído por 50% de mestres e/ou doutores e o restante deve ter, no mínimo, especialização na área de atuação.

Porém, o artigo 3º, determinando que a instituição interessada em oferecer estes cursos necessitará de autorização do CEE/RJ para fazê-lo, respeitadas as novas vigências, gerou polêmica entre os integrantes do colegiado. Inicialmente, o conselheiro Nival Nunes, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), questionou o valor desta determinação para a universidade, salientando sua autonomia para criar novos cursos.

Marco Antônio Lucidi, presidente da Câmara Conjunta de Ensino Superior e de Educação Profissional, argumentou que a medida, sendo aprovada de maneira brusca, poderia prejudicar pequenas instituições do interior, que acabariam emperradas na burocracia para abrir novos cursos de pós-graduação, uma vez que não dispõem de autonomia universitária e dependerão da aprovação do CEE/RJ para oferecer tais cursos.

"O meu voto contrário não foi ao mérito da proposta, que acho que deve ser para qualquer instituição: ter controle e critérios de qualidade. O que me deixa muito preocupado é engessarmos três ou quatro pequenas instituições com uma burocracia, enquanto as grandes instituições ficam com liberdade de prática do lato sensu, porque estão no Sistema Federal de Educação. Acredito que o que pode ser feito por universidades, centros universitários e até uma faculdade isolada do sistema federal, que têm autonomia de abrir o lato sensu onde quiser. A deliberação está muito bem elaborada, mas eu acho que a gente devia aguardar uma definição para todos os sistemas: o federal e o estadual", ressaltou Marco Antonio Lucidi.

Deliberação é pioneira
No entanto, o relator da deliberação de nº 298, Magno de Aguiar Maranhão, defendeu seu ponto de vista ressaltando não só a preocupação com a qualidade do ensino, mas o pioneirismo do estado do Rio de Janeiro que, segundo o educador, foi o primeiro a regulamentar em nível estadual as novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Pedagogia e de Licenciatura.

"Na minha proposição, esses cursos de pós-graduação devem ser aprovados pelo Conselho e três conselheiros acharam que não. Eu acredito que a qualidade se garante na hora em que eu aprovo o curso. Até porque essa não será uma pós-graduação como qualquer outra. É uma pós-graduação que vai dar um título para exercício profissional e que prevê um tempo mínimo de 10% da carga horária do curso, que não pode ser inferior a 360 horas, de estágio supervisionado. Penso que, em termos de regulamentação, estamos saindo na frente dos outros estados. E aqueles estados que buscam qualidade farão isso com toda a certeza", completou o presidente da Comissão de Legislação e Normas do colegiado.

Presidente do CEE/RJ, Roberto Boclin destacou que a regulamentação foi um passo importante para o colegiado. "Essa deliberação é importantíssima porque normatiza a área da Pedagogia, que estava precisando passar por mudanças urgentemente. A resolução federal recomenda que os estados regulamentem a decisão", frisou Boclin.

Novas diretrizes dividem opiniões de especialistas

Coordenadora de graduação da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a professora Bertha do Valle considera que as novas Diretrizes Curriculares representam uma antiga reivindicação das entidades acadêmicas. "As diretrizes representam um anseio de mais de 20 anos. No entanto, como o curso de Pedagogia forma profissionais para atuar no ensino, em sala de aula, mas também em empresas e organizações não-governamentais, ele é ao mesmo tempo Licenciatura e Bacharelado".

E, segundo ela, esse é um problema das Novas Diretrizes, pois reduz a formação do pedagogo apenas à Licenciatura. "Justamente um outro ponto da crítica que faço às Novas Diretrizes. As diretrizes para a formação de pedagogos determinam uma carga horária de, no mínimo, 3.200 horas. Isso reforça a concepção de que é um curso de Licenciatura e Bacharelado, tanto que necessita de mais 400 horas que os demais cursos formadores de professores", destaca.

Na opinião da professora Lia Faria, professora da Faculdade de Educação da Uerj e ex-secretária estadual de Educação, as novas Diretrizes Curriculares do curso de Pedagogia vão acabar com os Institutos Superiores de Educação. "O curso de Pedagogia terá tudo o que o Normal Superior oferece. E embora esses cursos possam pedir a transformação para Pedagogia, o que me preocupa é a grande quantidade de mudanças que ocorrem na educação em pouco tempo", disse.

Ela reclama que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) vai completar dez anos e já foram feitas tantas mudanças que as pessoas já não conhecem mais a LDB. "Uma coisa é regulamentar, outra é ficar permanentemente mudando a lei. Isso cria uma grande confusão", afirmou.

A professora Lia Faria lembra que em menos de dez anos foram criados e autorizados os Cursos Superiores e agora eles serão extintos. "Acredito que, nesse momento, a educação necessita de ações mais importantes, como a valorização do magistério. A situação dos professores é dramática. O piso dos docentes é inferior a R$500."

Já a professora Sandra Regina Pinto dos Santos, ex-diretora do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro Iserj), considera que propor Pedagogia apenas como um curso de Licenciatura representa não dar continuidade à história do curso de Pedagogia como bacharelado.

Ela questiona quem será o pedagogo com a extinção do bacharelado. No entanto, a professora destaca a importância das Novas Diretrizes ao reconhecer que a participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino são atividades docentes não exclusivas aos especialistas da educação.

Já para a professora Márcia de Jesus Pessanha, diretora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), as Novas Diretrizes são importantes. A educadora lembra que esse era o único curso que ainda não tinha as Diretrizes Nacionais. "Essa é uma luta de mais de 25 anos de muitas entidades. No entanto, é difícil conseguir atender a todos. E, portanto, existem críticas, muitas válidas. Mas, de uma forma geral, as Novas Diretrizes são positivas. Agora temos um eixo central, um norteamento. Embora sejam feitas várias leituras de especialistas", completou a diretora da Faculdade de Educação da UFF.

Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg. 08  -   25/7
Reforma universitária: Deputados apresentam propostas paralelas para reforma
 
As instituições particulares aumentaram a pressão para aprovar no Congresso Nacional um projeto próprio de Reforma Universitária. Dois projetos de lei encaminhados pelos deputados Átila Lira (PSDB-PI) e João Matos (PMDB-SC), ainda em 2004, propõem uma regulação específica para o setor privado e o cumprimento das metas estipuladas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Como foram apresentados antes do anteprojeto do Ministério da Educação (MEC), eles serão votados antes do texto oficial do governo, que só chegou ao Congresso este ano.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo, está claro que parlamentares ligados ao ensino particular farão de tudo para retirar do texto final qualquer tipo de regulação. Rizzo afirma que a postura já era esperada. "O setor particular vê a educação não como uma concessão do governo, mas como um negócio que deve ser regulado por leis de mercado. Acredito, contudo, que a educação, seja pública ou privada, deve possuir determinado patamar de qualidade. Logo, tem que haver regulação e controle social", argumenta o dirigente.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) também não vê com bons olhos a possibilidade de aprovação de outra proposta, principalmente depois do MEC solicitar a retirada do regime de urgência para a votação. "Sabemos que o lobby dos empresários do ensino no Congresso tem forte influência nesse processo. Eles não querem a regulamentação de seus latifúndios educacionais", critica o presidente da UNE, Gustavo Petta.

Já para o presidente do Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo, a postura das particulares é justa. "Que reforma é essa que quer resultados imediatistas? É preciso ter uma visão de futuro para os próximos 20 anos. Não cumprimos sequer as metas da LDB e já querem propor uma nova reforma".
 
Folha Dirigida  -  Local  -  pg. 07  -   26/7
Sintuperj reivindica concurso urgente para todas as categorias
Hebe Oliveira

A carência de pessoal na Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) e a necessidade de realização de concurso público são urgentes, conforme afirma a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas do Estado (Sintuperj), Perciliana Rodrigues. "Há setores que precisariam dobrar seu quadro, como o de agentes de segurança universitário. Hoje este quadro é de cerca de 100 servidores estatutários", disse.

Com a recente aprovação do plano de cargos e salários, a universidade vive um processo de reordenamento em seu quadro de pessoal, necessário para avaliar as necessidades do próximo concurso. De acordo com a dirigente, a área de segurança, manutenção e todas do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) concentram o maior déficit de pessoal, que vem sendo enfrentado com os contratos temporários.

Quais as principais modificações adquiridas pelo novo Plano de Cargos e Salários?
Perciliana Rodrigues - O plano de cargos foi a reorganização dos cargos da universidade em cinco grandes categorias mais genéricas, distribuídas em níveis salariais. No conjunto a gente acha que foi uma vitória nossa, uma coisa importante, porque já é uma luta de décadas. Em mais de 55 anos de existência da universidade nunca houve de fato um plano de carreiras para os técnico-administrativos e isso é um marco importante.

Ele atendeu às expectativas da categoria?
Perciliana Rodrigues - Do ponto de vista do seu conteúdo, o plano deixa muito a desejar, então a gente pretende insistir em uma revisão urgente do seu conteúdo, especialmente a partir do próximo governo. Entendíamos que os mesmos critérios da carreira de docente, que beneficiam a titulação do profissional, deveríam ser aplicados aos técnico-administrativos, mas não foi o que aconteceu.

E em relação aos níveis salariais?
Perciliana Rodrigues - O quadro de níveis salariais também estabelece muitos limites e um impacto de apenas 3% de um nível para o outro no vencimento básico, sendo que o servidor ainda vai levar dois anos para alcançar de  fato aquela remuneração. O que,  na prática, significa que algumas categorias profissionais terão impacto financeiro de R$4 ao mês. Na melhor das hipóteses, os dois grandes cargos que sofreram uma revisão de classificação, terão imapcto de R$30 a R$40 por mês.

Há muitos servidores com idade para se aposentar? Com o plano devem ocorrer muitas aposentadorias?
Perciliana Rodrigues - Não há um levantamento exato, mas a olho nu o perfil dos nossos funcionários gira em torno de 35 a 50 anos, com média de 40 anos. As pessoas com idade mais avançada entraram antes da Constituição e do regime estatutário, e hoje nós temos , muitas pessoas em condições de se aposentar pelo tempo de serviço, no entanto, impedidas pela idade graças às reformas previdenciárias. Também temos pessoas que estão antecipando sua aposentadoria, mesmo com perdas salariais, porque não suportam mais trabalhar numa condição insegura, pois não sabem o que a próxima reforma, prevista para 2007, vai trazer.

Como está o quadro de técnicos-administrativos?
Perciliana Rodrigues – Pelas últimas informações passadas pela superintendência de recursos humanos, no início de 2005, o quadro estava em torno de 4.800 servidores técnicos-administrativos e 2 mil contratos dos mais diferentes tipos. Nessa época houve uma queda grande no número de contratos da universidade, em função das exigências do Tribunal de Contas e do Ministério Público.

Dentro do plano foram aprovadas cerca de 500 vagas para o núcleo perinatal do Hospital Pedro Ernesto. Este quantitativo é suficiente para suprir as necessidades do hospital?
Perciliana Rodrigues – O núcleo necessita de pessoal, não só por ser um setor novo que esperamos se tomar uma referência de atendimento nacional, mas também por trabalhar com a saúde materno-infantil, que caracteriza uma saúde preventiva. Atualmente, com certeza o hospital concentra o maior número de contratos. O núcleo Perinatal não está funcionando, apesar de já estar inaugurado.

Não há necessidade de pessoal também em outros setores? Quais os cargos com maior carência no hospital?
Perciliana Rodrigues - O hospital tem que ser uma das prioripades. Há carência nas clínicas de todas as especialidades, nas enfermarias espalhadas em todo o hospital, para área médica, de enfermagem, nutrição, assistência social, terapia ocupacional. Com raríssimas exceções, há um ou dois profissionais efetivos lidando com uma enfermaria de 20, 30 pacientes, às vezes masculino e feminino ao mesmo tempo. O setor de psiquiatria, no qual eu trabalho, há a linha antimanicomial, os pacientes ficam numa vila com dez casas, cada uma com vinte leitos, que não tem manutenção. Por isso, estamos com oito leitos por casa, além de termos casas interditadas ou com condições muito precárias. Mas como serão distribuídas essas vagas? A universidade também tem um papel muito importante de ação primária à saúde, porque deve-se evitar que as pessoas adoeçam, e não encher os hospitais. Então a alocação de pessoal tem que ser feita de forma qualitativa, não adianta sortear ou eleger o que é prioridade do governo, o que vai fazer sucesso nos jornais, e colocar lá 500 pessoas.

E o pessoal concursado está sendo convocado?
Perciliana Rodrigues - Os concursados de 2004 foram chamado para cumprir contratos precários, o cúmulo da distorção, a pessoa fez o concurso, que estava na validade, no entanto a universidade chama para contrato e não para efetivar. O que se traduz na precarização do atendimento. Em muitos setores há um ou dois servidores efetivos, para três, quatro contratados. Há setores em não há efetivos, especialmente nas enfermarias.

Como a universidade vem funcionando com toda essa carência?
Perciliana Rodrigues - É com base do investimento e compromisso de cada servidor, seja técnico ou docnte. É por amor a essa instituição, porque as pessoas têm uma relação com a universidade que vai além do emprego. As pessoas trabalham em condições precárias, trazem das suas casas e tiram dos seus salários materiais para que a universidade funcione. É muito comum ver o servidor trazendo f'olha de papel para imprimir um documento, porque não há no setor, além de fazerem cotizações nos setores para comprar desde papel higiênico e materialde limpeza até cartucho de impresso. No hospital, há profissionais que compram remédios, esparadrapos, gaze, soro, além, de a família do paciente também participar dessa cotização. Mas isso tem um limite não nos cabe substituir o Estado na suas obrigações.

Então, há profissionais contratados terceirizados desempenhando funções nas áreas em que há déficit de pessoal? Quais os malefícios a terceirização trouxe à Uerj?
Perciliana Rodrigues - Hoje eu desafio alguém a responder qual o setor que não tenha ou não tenha tido, ou já não teve contrato para substituir a carência do quadro de pessoal. A pior consequência, não só da terceirização, mas da precarização do trabalho, são as condições diferenciadas no regime de trabalho. Às vezes temos lado a lado uma mesma categoria profissional desempenhando a mesma função, só que um tem contrato quase de indigente, e muitos aqui nem assinam contrato. Como os terceirizados não têm os mesmos direitos e vantagens dos estatutários eles se sentem injustiçados e o produto final, seja com o aluno ou com a população que é atendida nos projetos ou no hospital, vai sendo atingido. Por exemplo, o Nepad, núcleo de, assistência ao usuário de drogas, que deveria ser um lugar de excelência e referência nessa área, em vários momentos, quase fechou as portas porque 90% do seu quadro era de contratados.

A superintendente de Recursos Humanos já anunciou que a Uerj vai realizar concurso público em breve. Como a senhora avalia a importância dessa seleção? Quantas vagas o sindicato reivindica?
Perciliana Rodrigues – Nós sempre tivemos a bandeira do concurso público, porque acreditamos que ele seja um instrumento fundamental para recompor o quadro de vagas efetivas da universidade. Mas as áreas prioritárias tem que ser definidas, porque, sua manipulação tem um caráter político. Esperamos que tenha esse concurso, e que nós, representantes da categoria, possamos ser ouvidos de fato na discussão das prioridades de vagas.
Com relação ao número de vagas, a universidade precisa de todas categorias profissionais. Todas as áreas têm necessidade, por isso é importante fazer um estudo atualizado da necessidades dessas vagas, para melhor distribuí-las.
 
Folha Dirigida  -  Educação/Coluna do Professor  -  pg. 04  -   25/7
Uerj discute calendário
Andréa Giglio

"Passei no vestibular da Uerj para o segundo semestre e, após esta última greve, eles simplesmente suspenderam as inscrições em disciplinas para o segundo semestre.

No site da estadual não há informação, apenas para interesse em vagas remanescentes. Já entrei em contato, mas, por incrível que pareça, ninguém sabe dar informação."
(Taís Coelho - São João de Meriti/RJ)

Resposta: O Departamento de Administração Acadêmica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) informou que ainda não há data prevista para as inscrições em disciplinas, pois o calendário acadêmico também está sendo discutido e deve ser definido até 15 de agosto.

Assim, os alunos receberão em casa uma carta, com aviso de recebimento, indicando os dias em que terão que se inscrever nas matérias a serem escolhidas. Além disso, haverá também aviso na página do vestibular www.vestibular.uerj.br.
 
Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 03  -   25/7
Uerj: professores recomendam rever matérias
 
Realizar uma ampla revisão dos conteúdos é o procedimento mais correto para um bom rendimento nos Exames de Qualificação da Uerj, segundo diversos professores especializados na preparação para o vestibular. O primeiro exame de qualificação está marcado para o próximo dia 6 de agosto. Então, ainda há tempo para fazer uma revisão e treinar bastante.

O professor Cesar Consuli, do Centro Educacional da Lagoa (CEL), considera um exercício importante para oferecer segurança aos candidatos a realização de provas de vestibulares anteriores. A seu ver, as provas anteriores possibilitam aos candidatos conhecerem o modelo das questões. "Quem faz exercícios através de provas anteriores possui mais segurança no momento de fazer a prova, pois os modelos das provas não costumam variar. As bancas obedecem a um critério estabelecido e se permitem pouca variação."

O professor Luiz Leal Ferraz, diretor do Colégio e Pré-Vestibular QI recomenda atenção em relação a alguns assuntos, como Citologia e Engenharia Genética. Ele ressalta que os estudantes devem procurar estudar conteúdos como Ácidos Nucléicos e Síntese de Proteínas, além de procurar informações sobre DNA recombinante e organismos geneticamente modificados (transgênicos).

"Os candidatos devem estar atualizados sobre esses temas, embora as questões devam ser mais gerais, com textos retirados de jornais e revistas".

A questão da Clonagem também foi lembrada pelo professor, podendo vir a ser cobrada envolvendo divisão celular (Mitose e Meiose) e Desenvolvimento Embrionário. "Outra recomendação é quanto às funções vitais do ser humano, principalmente respiração, digestão e circulação.

Na parte relacionada à saúde, os candidatos devem aprofundar os estudos sobre sistema imunológico e sobre as principais doenças que afetam a humanidade".

O professor Fernando Autran, que leciona Química no Colégio Santo Agostinho e do Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), acredita que o tipo de conteúdo exigido nas provas da Uerj costuma ser muito variável.

Para ele alguns temas que podem ser abordados na prova são Soluções, Ligações Químicas, Estrutura da Matéria e, em Físico-Química, tópicos envolvendo Eletroquímica e Cinética. Além disso, ele frisa que dificilmente a banca da Uerj deixa de perguntar sobre a Tabela Periódica.
 
Folha Dirigida  -  Local  -  pg. 02  -   26/7
Uerj: socorro à vista
 
A precariedade da Uerj, a maior universidade estadual, foi recentemente desnudada por dois episódios significativos: a longa greve dos professores e funcionários de apoio, motivada pela escassez de recursos orçamentários, e a inauguração precária da nova unidade neonatal do Hospital Universitário, que só ocorreu depois de longa indefinição, por decisão da Justiça.

Mas que ninguém pense que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro funciona hoje na sua plenitude: seu funcionamento normal é apenas aparente, pois as principais deficiências continuam, principalmente as relacionadas aos recursos humanos insuficientes. Por essa razão, é animadora a notícia da superintendente de RH da Uerj de que haverá concurso para pelo menos 120 agentes universitários, de nível médio. O edital está previsto para janeiro, e as posses, para março.

A oferta inicial prevista é tímida, é verdade, mas alentadora, pois demonstra a disposição da universidade em sanar o problema. Outras 580 vagas deveriam ser preenchidas, devido a aposentadorias e exonerações, mas, para isso, seria necessário garantir recursos orçamentários.

Oportunidades para técnicos também estão previstas, pois, sem isso, há risco de fechamento de laboratórios, com sérios prejuízos para a qualidade do ensino. Além disso, a Uerj conta com 1.525 não concursados, e há a salutar intenção de substituí-los, não só para obter maior produtividade, mas também em atendimento à legislação. O Tribunal de Contas, inclusive, pressiona nesse sentido.

Em novembro deve sair o balanço geral das vagas, esperando-se que a governadora Rosinha Garotinho, mesmo em fim de mandato, e os deputados tenham sensibilidade para atender às necessidades, que não são só da Uerj, mas da sociedade. A qualidade que todos desejamos da Uerj passa necessariamente pelo reforço de pessoal concursado.
 
Jornal do Brasil  -  Cidade  -  pg. A12  -   25/7
Cotista vira ofensa em faculdades
Aline Duque Erthal

Intolerância marca as discussões entre alunos de direito do Rio e de São Paulo

O que era para ser uma medida de cunho social virou xingamento. Em torneios esportivos entre faculdades de direito do Brasil, a palavra cotista - que se refere ao aluno que ingressou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) pelo sistema de cotas - é usada para ofender os adversários. No calor do embate verbal travado nas arquibancadas, a intolerância vem à tona. As ofensas trocadas à beira das quadras se estendem ao site de relacionamentos Orkut. Na comunidade Jogos Jurídicos, os universitários destilam preconceito sem embaraços.

"Mulata, analfa, a cota da Uerj foi a solução (...). Prestou vestibular de dentro da prisão", provoca um. Outro, para insinuar que o adversário parece pouco inteligente, diz que tem "cara de cotista". "Cambada" e "bando" de cotistas também são expressões freqüentes na discussão.

Irritado com as provocações, o estudante de direito da Uerj Gabriel Lima, 22 anos, responde: "Cara de cotista? Além de burro, é preconceituoso. Fazendo direito com essa cabecinha, vai morrer de fome".

Gabriel estudou a vida toda em escolas públicas e entrou na Uerj pelo sistema de cotas. Diz que só tem problemas com preconceito fora da universidade:

- Dentro da Uerj, ninguém sabe nem quer saber quem é cotista. Vemos preconceito e discriminação quando nos encontramos com estudantes de outras faculdades.

Octavio Gomes, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB), condena veementemente a postura dos estudantes.

- O advogado é a pessoa que defende a igualdade, os direitos humanos, a justiça social. É lamentável que alunos de direito tenham esse comportamento.

Raquel Villardi, sub-reitora de graduação, também lamenta o ocorrido e ressalta que, dentro da Uerj, os problemas com preconceito são raros:

- Para nós, entrou na faculdade, é estudante como qualquer outro. Não temos problemas com isso, até porque tomou-se a decisão de não divulgar listas de quem entrou por cota.

As provocações partem principalmente de estudantes de universidades de São Paulo. A rivalidade entre paulistas e cariocas, por sinal, é combustível para discussões intermináveis no site. Os argumentos vão desde o paladar - catchup ou azeite na pizza? - até o sotaque mais correto "segundo a ABL". Quando todos falham, os alunos resolvem disputar qual cidade é a menos violenta. Um espeta: "Vocês estudam direito militar aí (no Rio)? Afinal, invasão de morro é com vocês mesmos"; outro responde: "A gente ouve muito falar sobre a maior empresa de São paulo, o PCC, que de tão poderosa é capaz de parar uma cidade".
 
Jornal do Brasil  -  Opinião  -  pg. A10  -   25/7
Liberdade
 
O colunista Leonardo Boff (JB, dia 21, pág. A22) poderia esclarecer que tipo de liberdade defende, se é que liberdade comporta adjetivo. Apesar de cultuados pelo colunista, não é possível classificar de livres os regimes como o de Fidel Castro.
Fernando Cruz, Rio
 

Luiz Biondi e Carlos Alberto
Direção da FEN
Gestão Participativa



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