Reproduzimos matérias divulgadas no CLIPPING UERJ. Cota social - Folha Dirigida Folha Dirigida - Ensino Superior - pg. 16 - 21/7 Ex-ministro da Educação e atual titular da pasta das Relações Institucionais, Tarso Genro bateu o martelo na semana passada sobre o projeto do governo que prevê a destinação de cotas para alunos carentes no ensino superior público. "A preocupação do governo é aprovar o projeto que vincula a escola pública à universidade pública, comportando uma política afirmativa de cotas". Com isso, fica praticamente descartada a idéia de vincular as cotas a alunos negros ou indígenas. Folha Dirigida - Educação - pg. 04 - 21/7 O Colégio Dom Antônio Almeida Moraes Júnior promoverá no dia 12 de agosto o 2º Encontro "Construindo o Conhecimento". Este encontro é um seminário de práticas pedagógicas com discentes do segundo segmento do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A coordenação acadêmica do seminário é composta pelos professores Jorge Silveira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Onofre Saback, do Colégio Salesiano da Região Oceânica de Niterói, Melissa Petito, do Colégio e Faculdades Paraíso e Verônica Gonçalves. O Dom Antônio Almeida Moraes Júnior fica na Avenida Santa Luzia, sem número, bairro Santa Luzia, São Gonçalo. Para outras informações, ligue para (21) 2724-7033. Folha Dirigida - Anotações - pg. 12 - 21/7 Violência 1 O término da greve na Uerj, no dia 3 de julho, não acabou com um dos problemas que mais afetam a universidade. A violência fora do campus. Violência 2 Nesse retorno às aulas, universitários têm sido freqüentemente alvos de assaltos e agressões nas proximidades das passarelas de acesso ao metrô e aos trens. Sem Solução Embora não seja um problema novo ou privilégio do entorno da Uerj, os bandidos parecem de ânimo renovado nessa volta às aulas. Os relatos dos estudantes incluem até mesmo espancamentos. E a maior queixa é a ausência da Polícia Militar na área. Em grupo Preocupados com os muitos e repetidos casos, os seguranças da Uerj têm orientado os alunos a sairem em grupo. Eles garantem a segurança interna, mas nada podem fazer sobre a violência fora do campus, que também preocupa a eles. Reclamações Alvo de muitas reclamações, o 6º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área, garante que medidas foram tomadas. Segundo o tenente-coronel Álvaro Garcia, os diversos casos ocorridos em menos de um mês são episódios isolados. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Marlan Marinho, já decidiu: solicitará a presença de tropas federais para garantir a segurança no Estado durante o período das eleições. O Dia - Guia Show & Lazer - pg. 06 - 21/7 Até outro dia ninguém tinha se tocado, mas está fazendo 18 anos a noite em que Marisa Monte soltou a voz, dançou com os braços e bastou isso, no pequeno palco do Jazzmania, para arrebatar a platéia que conferia a então nova aposta de Nelson Motta. Hoje ela estréia no Claro Hall o show “Universo particular” — a soma dos discos “Universo ao meu redor” e “Infinito particular”, lançados juntos em março — e, embora quase sem querer, traduz a maioridade em equilíbrio: ao mesmo tempo em que usa pela primeira vez um bom patrocínio (da Natura, de valor não-declarado) para apresentar um primor de produção, Marisa decidiu que não vai se matar de viajar durante a turnê. — Estou espaçando as apresentações, pretendo passar no máximo um mês fora de casa. E cidadezinhas (de estados americanos) como Alabama e Minnesota não quero mais, agora vou só onde interessa — avisa ela, enquanto come queijo quente e toma capuccino no salão de chá do Centro Cultural Banco do Brasil. — Não é uma carreira, é uma vida, e o objetivo é ser feliz. Marisa, 39 anos, pensa assim desde que engravidou, no meio das gravações de “Tribalistas”, e acabou abortando a idéia — que, sim, existia — de cair na estrada com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown: — Era um projeto simples de ir para o palco. Mas foi lançado um mês antes de o meu filho (Mano Vladimir, hoje com 3 anos) nascer e eu não me arrependo, tudo certo, cada coisa tem a sua hora. Pois é hora do novo show — o último foi “Memórias, crônicas e declarações de amor”, em 2000. E “Universo particular” tem seis faixas de “Tribalistas”, que mesmo nunca mostrado ao vivo vendeu um milhão de cópias, no repertório. A banda preparou 28 músicas, das quais 22 são tocadas a cada apresentação. Até o chiclete “Já sei namorar” Marisa já levou umas duas ou três vezes desde que estreou, primeiro em Curitiba, depois em Porto Alegre e São Paulo. — As pessoas começaram a cantar “Ôôôôôô, ôôôôôôô” — justifica, entoando baixinho e no fundo achando graça. Mas é claro que o flerte com o público também se sofistica no show que os cariocas poderão ver neste fim de semana e no próximo. Co-direção dela com Leonardo Netto (seu empresário) e Claudio Torres (diretor da Conspiração Filmes e fiel parceiro desde o tal début no Jazzmania, quando assinou as filipetas), o espetáculo é daqueles que a crise do mercado fonográfico tornou cada vez mais raros de se ver. Tudo começou com a idéia de botar os nove músicos juntinhos — “olhando no olho um do outro, como nos ensaios lá em casa”, explica Marisa, que pela primeira vez passa boa parte da apresentação sentada — e de fugir das luzes coloridas e piscantes de todos os shows. Leonardo logo achou que luz branca tinha cara de cinema. Claudio sugeriu encher o espação que sobraria no palco com elementos típicos dos sets de filmagem. E lá se foram todos ao teatro da Uerj ensaiar com gruas, trilhos e praticáveis de verdade, para ver como ficava. Claudio gostou tanto do resultado que fez questão de chamar Ralph Strelow, fotógrafo de seu longa, “Redentor”, para fazer — entre outras coisas — o projeto de iluminação. — E uma empresa de São Paulo que faz equipamentos de cinema adaptou todos eles para poderem ser usados também como elementos de cena — conta o diretor. Com cinco grandes turnês no currículo, Marisa considera ter consolidado a carreira no palco. E aposta seriamente nele. Ainda no estúdio, ela se preocupava o tempo todo com a integração entre novas e velhas canções ao vivo. E os ensaios de “Universo particular” começaram no carnaval, antes mesmo de os discos chegarem às lojas. Na casa dela, como sempre. — Primeiro eram só os violões (Dadi, Mauro Diniz e Pedro Baby), por duas semanas. Depois vieram o Carlos Trilha (teclados e programações) e o Marcelo Costa (bateria e percussão), por mais umas duas semanas. Só aí entrou o quarteto (Maico Lopes, trompete; Pedro Mibielli, violino; Marcus Ribeiro, cello; e Juliano Barbosa, fagote) — detalha ela, que no palco mete a mão em diversos instrumentos: violão, ukulele, guitarra, gaita, kalimba e pela primeira vez baixo, além de, como ela faz questão de lembrar, voz: — Voz é um instrumento. A primeira chance de cantar em público Marisa teve seis anos antes do encontro com Nelson Motta, no comecinho dos anos 80. Foi quando estudava no Colégio Andrews e ganhou um papel no musical “Rocky horror show”, dirigido pelo professor de teatro da turma, Miguel Falabella. Ela logo ficou amiga dos músicos (e acha isso sintomático). — O George Israel, cujo Kid Abelha na época engatinhava, era um deles. E o Frejat, mais velho que a gente, também estudava lá e era a lenda do colégio — lembra Marisa. De Lisboa, por telefone, Miguel Falabella lembra mais: — A Marisa abria o espetáculo, fazendo a baleira, e já tinha uma luz muito especial. Essas coisas você não adquire, você adquire técnica, você se burila, mas luz não tem jeito, você tem que vir com ela. Discreta no dia-a-dia, Marisa deixa para brilhar nos shows, que adora fazer. Especialmente no Rio, onde sempre tem fila de amigos no camarim depois (“Acho uma delícia”, diz). E adora ver shows também. Ficou louca com a apresentação de David Byrne no Canecão, orgulha-se de ter sido uma das 30 testemunhas do ensaio de Chrissie Hynde (ex-Pretenders) com Moreno Veloso, Domenico Lancelotti e Kassin no Teatro Dulcina e nunca vai esquecer o concerto de Nelson Freire e Martha Argerich no Municipal, para citar paixões recentes. — O Roberto Carlos eu também amo ver, sempre — confessa Marisa, que se anima e continua a lista de apresentações inesquecíveis: — Seu Jair do Cavaquinho e seu Argemiro Patrocínio no Clara Nunes, Dona Ivone Lara no Rival... Ah, a Alcione também sempre faz shows incríveis. O samba que a cantora reverencia desde o início da carreira naturalmente tem atenção especial em “Universo particular”. Mas as faixas do disco “Universo ao meu redor”, dedicado ao gênero, obrigaram Marisa a deixar de fora da nova turnê duas músicas que não costumam faltar em suas apresentações, “Preciso me encontrar” e “Dança da solidão”: — É uma boa hora para elas darem uma voltinha. Elas têm que ser generosas com as outras. E por falar em generosidade, ou melhor, na falta dela, a música que Marisa atualmente mais gosta de cantar é “Vilarejo”, a faixa de trabalho de “Infinito particular”: — Com o mundo do jeito que está, gostaria que a letra fosse ouvida. O que me assusta é a falta de reação, a falta de articulação e de expressão do desejo de viver bem coletivamente. A grande transformação é individual, se cada um se preocupasse em reciclar o lixo, em fazer trabalho voluntário, em ser ético, seria um avanço. Mas infelizmente outros países estão mais adiantados nisso. Marisa recicla o lixo, escreve letras que pregam a esperança, valoriza a ética... E vai ao cinema ver filmes infantis com o filho. Da última safra, adorou “Os sem-floresta” e detestou “Carros”, por causa dos motores barulhentos. Faz sentido: — A gente vive tanta loucura que se distancia da própria velocidade, mas é importante não se violentar. É aquela história: a pressa passa e a merda fica. Isabel De Luca e Leonardo Aversa assistiram ao show em São Paulo a convite da produção BRASÍLIA - O Conselho Nacional de Educação vai estabelecer as diretrizes e orientações para a criação de uma política nacional de educação nas prisões brasileiras. O objetivo é oferecer mais alternativas de ensino e cultura à população carcerária, "lamentavelmente ainda jovem", explica o professor Célio Cunha, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Segundo ele, apenas 17% dos presos têm acesso a aulas. - Compete ao governo criar condições para estimular a vontade dos detentos de retomar os estudos. A privação da liberdade não pode significar o fim do direito à leitura e à educação de qualidade - afirma Cunha. O professor destaca que os presos têm direito de buscar a ressocialização. - A educação por si só não produz milagres, mas com certeza ajuda em qualquer processo de recuperação, quando bem dirigida. Esta oportunidade tem que ser estimulada, o que certamente contribui para evitar uma série de problemas que ocorre nas prisões. Na semana passada, foi realizado em Brasília o Seminário Nacional pela Educação nas Prisões, reunindo especialistas dos estados e de outros países nas áreas de educação, segurança e justiça para a troca de experiências e discussões de alternativas pedagógicas para o ensino nas prisões. Durante o evento, lembra Cunha, foi apresentado um grupo de teatro formado por jovens recém-saídos da prisão que encontraram na arte cênica uma forma de redirecionar a vida. Este foi apenas um exemplo, segundo ele, de que a educação tem um poder muito grande de modificar pessoas e situações. Daí a importância do esforço governamental de promover uma política de inclusão educacional, explica, pois "quanto mais gente botar na escola, menor o número de criminosos". - Basta ver que nas periferias onde a Unesco promoveu a abertura de escolas nos fins de semana caíram os índices de violência - acrescenta o professor. RIO - A governadora Rosinha Garotinho sancionou no Diário Oficial desta quinta-feira a lei 4.818, que institui a política de informação sobre métodos contraceptivos nas escolas estaduais. De acordo com o texto da lei, deverá haver palestras sobre o tema nos colégios estaduais de ensino médio pelo menos uma vez por mês. Meia entrada para estudantes será debatida em audiências na Câmara e Senado RIO - Está marcada para o dia 1º de agosto uma audiência pública na Câmara sobre a meia entrada em teatros, casas de espetáculos, cinemas e outros estabelecimentos e eventos culturais, segundo a Associação de Produtores Teatrais do Rio, uma das participantes da audiência, juntamente com a Associação de Empresários Artísticos, mais ligada à música. Entre 3 e 8 de setembro, deve ocorrer outra audiência sobre o tema, desta vez no Senado. O Globo RIO - A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sediará, no fim de julho, o X Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic). O evento contará com a participação de 2.300 professores e pesquisadores do Brasil e do exterior. Entre os dias 31 deste mês e 4 de gosto, serão realizados 71 simpósios, com uma média de 20 pesquisadores em cada um deles, além de dez mesas-redondas, com dois conferencistas em cada. Entre os convidados estão Hans Ulrich Gumbrecht (Stanford University), Ana Pizarro (Universidade Católica do Chile), Eduardo Portella (ABL), Eduardo Coutinho (UFRJ), Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Antônio Torres e Ivan Junqueira. Inscrições e informações no site www.abralic.org.br . Entre 31 de julho e 4 de agosto, acontece na Uerj o 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de literatura Comparada (Abralic). No domingo, às 19h, haverá um coquetel de abertura e na segunda-feira de manhã começarão os debates, com dez mesas-redondas e 71 simpósios, que contarão com a participação de 2.300 pesquisadores do Brasil e do exterior. Na primeira mesa-redonda, os professores Eduardo Portella, da UFRJ, e Hans Ulrich Gumbrecht, da Stanford University, discutirão o lugar dos estudos literários hoje. Depois, os debates vão se estender a inúmeras frentes. Com tema geral "Lugares dos discursos", os simpósios propõem questionamentos literários em torno da internet, das mídias, das novas inserções locais e globais, das recentes conexões latinoamericanas, além de temas mais pontuais, como a obra de Machado de Assis, as vozes africanas e a formação do leitor. Para informações, é possível consultar o site www.abralic.org.br. QUE MUNDO SURGE UMA década e meia depois do aparecimento do mundo unipolar que vivemos? Em 1991 se auto-dissolvia a URSS e, depois de um processo de desagregação interna, desapareceu o Estado que coordenava um sistema político - chamado campo socialista - que pretendia se opor ao campo capitalista. A guerra fria teve um triunfador claro - este campo e, em particular, sua potência líder, os Estados Unidos. Esse triunfo foi político, militar, econômico, mas também ideológico. Triunfou uma visão do mundo em que se opõem totalitarismo e democracia, mas no fundo opõem civilização e barbárie. Ou, para traduzir em termos reais, civilização branca contra os outros: civilizações não brancas, não ocidentais. Aqueles coincidem - não por coincidência - com as potências hegemônicas no sistema imperial, porque foram protagonistas da colonização e da dominação. Por detrás da ideologia liberal, triunfou uma concepção discriminatória, racista, que tem nas obras de Samuel Huntington e suas teses, tanto a da guerra de civilizações, quanto a do perigo mexicano, suas expressões ideológicas mais claras. A criminalização dos povos árabes e a desqualificação dos povos africanos são os exemplos contemporâneos mais claros dessa concepção discriminatória. A passagem do mundo bipolar ao mundo unipolar, centrado na hegemonia imperial estadunidense, poderia parecer que produziria um mundo de ordem - mesmo se a ordem da pax americana. Sem encontrar outras potências que se antepusessem a seu poder, se poderia supor que o mundo passasse a uma era de estabilidade política. Uma década e meia depois, os resultados são exatamente os opostos. Nunca, desde o fim da segunda guerra mundial, vivemos um mundo tão convulsionado, com a proliferação de focos de guerra, sem modalidades de intermediação e de busca de resolução dos enfrentamentos. A incapacidade das outras potências - especialmente as européias - de se contrapor ou de pelo menos colocar alguns limites à política belicista dos EUA e seus aliados, deixa estes com as mãos livres para colocar em prática sua guerra infinita. A ONU, especialmente diante da sua impotência de impedir a invasão do Iraque, se esvaziou como instância de intermediação de conflitos. Focos de guerra se multiplicam, cujos epicentros principais são o Iraque, o Afeganistão, a Colômbia, a Palestina. Enquanto isso, a política imperial dos EUA ameaça estender a militarização dos conflitos para o Irã, a Síria, a Coréia do Norte, Cuba, Venezuela. Ameaças são proferidas semanalmente por representantes do governo dos EUA, disseminando sentimentos de insegurança, de novos enfrentamentos bélicos, de generalização dos choques militares - como no caso das agressões atuais de Israel ao Líbano. Na era do mundo unipolar, com domínio inquestionável dos EUA, o mundo é muito mais inseguro do que antes. O poderio militar estadunidense não lhes permite fazer mais do que uma guerra ao mesmo tempo, não podendo assim resolver os conflitos existentes a seu favor, porque nem sequer conseguem sair do Iraque. Porém, muito mais importante, a pax americana não consegue derrotar a resistência a seu sistema de dominação e a seu afã de imposição dos seus interesses e ideologia ao conjunto do mundo. Tudo o que contribua para derrotar essa política belicista de colocar a humanidade em um campo de guerra infinita - é positivo, colabora para um mundo de paz. Tudo o que contribua para um mundo multipolar ajuda a construir um mundo de paz. Tudo o que ajude a negociar soluções pacíficas justas, duradouras, aos conflitos atualmente existentes promove uma nova ordem mundial estável, democrática e equilibrada. Especialistas internacionais discutem em congresso no Rio os prós e os contras do culto ao cérebro promovido pelas descobertas da neurociência VOCÊ SABE O QUE É UM SUJEITO cerebral? Não é aquele cara que racionaliza tudo ou um nerd da matemática. O sujeito cerebral é uma nova maneira de definir o ser humano. O novo conceito surgiu com as descobertas da neurociência, que aponta, através de neuroimagens, quais áreas do cérebro devem ser ativadas para melhorar determinados desempenhos. As descobertas deram base científica, por exemplo, para uma avalanche de best-sellers de auto-ajuda, que ensinam a desenvolver regiões do cérebro que relaxam, melhoram o raciocínio e a memória, aliviam a ansiedade, o medo e a depressão, ajudam a ganhar dinheiro, a arranjar emprego, a encontrar a alma gêmea, a enfrentar doenças. Trata-se da neurocultura, na qual o cérebro é o protagonista e não mais aquele ser humano que tem corpo, mente e muitos sentimentos. Nesta neurocultura, está o novo sujeito cerebral, que precisaria para viver só de um cérebro bem "azeitado" por neuroelementos naturais ou sintéticos. Para refletir sobre a história dos estudos do cérebro e analisar seu impacto social, que vem criando uma nova figura antropológica - a do homem como cérebro - neurocientistas, filósofos, psicanalistas e neuroeducadores de diversos países se reúnem no Rio, no congresso internacional "Neurociências e sociedade contemporânea" , de 2 a 4 de agosto, no Colégio Bennett, no FIamengo, promovido pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da Uerj e pelo Instituto Max Planck, de Berlim, na Alemanha. Um dos impactos mais intensos das neurociências na cultura seria a transformação do sujeito psíquico, responsável por seu destino e criador de novas alternativas de vida, em sujeito cerebral, cuja meta existencial é apenas botar o cérebro para funcionar bem. - Li dezenas destes livros para desenvolver o cérebro e todos eles, apesar de se basearem em pesquisas científicas irrefutáveis, repetem as fórmulas de auto-ajuda para ensinar a exercitar o hemisfério esquerdo do cérebro ou o direito; ficar mais esperto ou ficar mais calmo. São os best-sellers de neuróbica, a ginástica cerebral - explica o filósofo e um dos organizadores do congresso Francisco Ortega, do IMS, que falará sobre a genealogia da auto-ajuda cerebral. O psicanalista Benílton Bezerra Jr, também do IMS, busca as interfaces entre neurociên cia e psicanálise. Segundo ele, nas últimas décadas, o cérebro vem se tomando mais que um órgão: Um dos confe rencistas é justamente o historiador das ciências do cérebro Michael Hagner, da Suíça, que denominou esse novo paradigma antropológico de homo cerebralis. Mas, afinal, o cérebro é tudo? À parte os benefícios irrefutáveis dos avanços da neurociência e da medicina, a neurocultura explicaria não só o fenômeno editorial da auto-ajuda cerebral, mas também a mania zen que invadiu as academias de ginástica, com aulas de todos os tipos de ioga para alongar, relaxar, meditar. O neurocientista Antonio Damasio, português radicado em Nova York que consolidou em suas pesquisas um dos maiores acervos sobre o funcionamento do cérebro, diz, em seu livro "Em busca de Spinoza" (Companhia das Letras), que a meditação é uma das práticas capazes de alterar comportamento e padrões cerebrais, ou seja, emoções e sentimentos. Benílton, ele mesmo um estudioso da meditação para autoconhecimento, diz, porém, que existe uma grande diferença entre fazer meditação para se conhecer melhor e fazer uma ioga para se sentir bem, sem qualquer questionamento interno. Para aprofundar esta discussão, o professor John Tresch, da Universidade da Pennsylvania, virá para falar sobre "O cérebro budista". Para estudar esta nova figura antropológica, o sujeito cerebral, com uma diversidade grande de inscrições sociais e imaginárias, dentro e fora dos campos científicos, os organizadores do congresso investiram na aproximação entre neurociências e ciências humanas. - Nas últimas décadas, a neurocultura sofreu uma verdadeira explosão, como podemos ver no aparecimento de novos campos como neuropolítica, neuroteologia, neuroética, neuroeducação, neuromarketing, neurofilosofia, neuropsicanálise, neuroarte - diz Benílton. Jurandir: desafios para a psicanálise O grupo de intelectuais da Uerj, portanto, entre eles o psicanalista Jurandir Freire Costa, que fará a conferência de abertura, dia 2, sobre "O sujeito cerebral como desafio à psicanálise", não deixa de reconhecer os benefícios da neurociência, revolucionários até para a psicanálise, quando a obriga a reconhecer a eficácia de outras técnicas terapêuticas que trabalham registros "cerebrais" que não chegam às palavras e, portanto, à interpretação verbal. Tanto que entre os conferencistas estão expoentes da neurociência como o brasileiro Roberto Lent, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, que falará sobre "Neuro-robotização dos seres humanos: é essa a tendência?" e a professora americana Margaret Lock, da Universidade de McGill, do Canadá, que falará sobre suas pesquisas com a doença de AIzheimer e suas supostas causas genéticas, fisiológicas e emocionais. A neurocultura vai estabelecer um diálogo intenso com a neurociência: o professor Antonio Battro, de Roma, falará sobre neuroeducação e Fernando Vidal, outro dos organizadores, do Instituto Max Planck, fala sobre o sujeito cerebral no cinema. Mais informações no site do congresso (www.brainhood.net). O Globo - Obituário - pg. 29 - 23/7 Era professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj e, em sua homenagem, a universidade inaugurou o Espaço para Estudos e Debates Jayme Landmann. O médico escreveu nove livros. Jayme Landmann morreu na madrugada de sexta-feira, vítima de infarto. Ele deixa uma esposa, duas filhas, quatro netos e dois bisnetos. Seu corpo foi enterrado à tarde no cemitério israelita de Vila Rosali, em São João de Meriti. O conhecimento das diretrizes do estatuto ainda é pequeno. Só 46% dos participantes da pesquisa declarou conhecer o estatuto, sendo que só 9% disse estar bem informado sobre ele. O conhecimento cresce em conformidade à renda familiar e à escolaridade dos que foram entrevistados. Paralelamente ao debate da cota para afrodescendentes, 87% dos participantes da pesquisa esperam que se reservem vagas para pessoas pobres e de baixa renda, sem que se leve sua cor em consideração. RIO - O Estatuto da Igualdade Racial ainda é um mistério para a maioria dos brasileiros. Pesquisa do Datafolha revelou que 64% das pessoas entrevistadas admitem desconhecer ou estar mal informados a respeito do projeto de lei apresentado ao Congresso em novembro do ano passado. Apenas 9% conhecem bem a proposta do senador gaúcho Paulo Paim. O projeto de lei pretende combater a discriminação dos brasileiros de origem africana e criar cotas para negros em universidades e repartições públicas. O desconhecimento do assunto só não é maior do que a confusão de opiniões sobre um tema que poucos dominam. Por exemplo: a maioria das pessoas se declarou a favor de cotas para negros nas universidades, mas, contraditoriamente, quase o mesmo número de entrevistados disse que as vagas devem ser ocupadas pelos melhores estudantes, independentemente de cor, raça ou condição social. Segundo a pesquisa 65% das respostas são favoráveis à criação de cotas para estudantes negros nas universidades. Já 87% disseram concordar com a seguinte frase: "Deveriam ser criadas cotas nas universidades para pessoas pobres e de baixa renda, independentemente da raça". Mas 78% dizem justamente o contrário e concordam com a afirmação: "As vagas nas universidades devem ser ocupadas pelos melhores alunos, independente da cor, raça ou condição social". E mais um dado: 55% dos entrevistados disseram concordar com esta outra frase: "Reservar cotas para negros em universidades pode gerar atos de racismo". As opiniões dividem os entrevistados que se declararam negros. Deles, 70% dos que têm renda até dois salários mínimos são a favor de reservar vagas para negros nas universidades. E 18% são contra. Este grupo representa mais da metade dos entrevistados. O apoio às cotas é bem menor entre os negros na faixa de renda acima de dez salários: 42%. Os contrários às cotas representam 54%. Essa faixa de renda equivale a 3,38% da amostra. O diretor do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, diz que a sociedade precisa ter mais informações sobre o tema. - Isso pressupõe que há uma necessidade maior de informação, de acesso à informação a respeito desse tema, uma necessidade de debate junto à sociedade para que a sociedade se informe melhor e possa ter a opinião mais cristalizada - declarou Paulino. Os defensores do estatuto dizem que as incongruências são apenas aparentes. A maior parte da população brasileira, inclusive aqueles que defendem cotas, acham que as cotas não são contraditórias com o sistema de mérito. Ou seja, elas querem preservar o mérito e incluir mais pessoas. Acham que as pessoas mais pobres devem entrar na universidade e, ao mesmo tempo, acham que os negros devem ter mais espaço nas universidades públicas - diz o sociólogo Antônio Sérgio Guimarães. A antropóloga Yvonne Maggie, que assinou o manifesto de intelectuais e artistas contra as cotas, disse que o ponto positivo da pesquisa é mostrar que os brasileiros querem o fim das desigualdades, mas que ainda não sabem qual o caminho a seguir. - A população brasileira está ansiosa para saber o quê que nós podemos fazer para pelo menos encaminhar soluções para melhorar a vida dos brasileiros - acredita Maggie. Sem discriminar Os grupos de pressão que agem em Brasília, no Executivo e no Congresso, para aprovar a toque de caixa projetos de lei sobre cotas raciais, não devem ter gostado da demonstração de bom senso dada pelo governo ao ampliar o tempo para o debate da questão. Um tema de graves implicações para o futuro da nação corria o risco de continuar a ser tratado no Congresso a golpes de chicanas regimentais, longe da atenção da opinião pública. Um projeto de criação de cotas raciais na Universidade, aprovado em comissão na Câmara dos Deputados, iria para o Senado sem passar pelo plenário. Do Senado, por sua vez, o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado, foi despachado para a Câmara sem que tivesse havido discussões amplas. Como o período de campanha eleitoral não é o mais apropriado para a avaliação serena de assuntos complexos e polêmicos, o ideal é que os dois projetos aguardem a nova legislatura, em 2007, para retomar a tramitação. Não está em discussão se há ou não traços de discriminação racial na sociedade brasileira e injustiça social. A divergência, profunda, é sobre a maneira de se promover a ascensão de negros e pobres. Tão profunda que divide intelectuais e o próprio meio acadêmico. Será de um maniqueísmo pueril tentar enquadrar posições de lado a lado em figurinos ideológicos de direita e esquerda. Quem se opõe às cotas não pode ser chamado de racista, tampouco de inimigo da ascensão dos pobres. Esse tipo de visão degrada o debate, além de ser insultuoso. Preocupam as implicações de se tentar dividir a sociedade pela cor da pele. Subordinar os direitos civis a etnias é uma fórmula eficaz para se inocular na sociedade tensões raciais inexistentes na nossa História. Subjacente a toda essa questão está o conceito do mérito, colocado em plano inferior pelas cotas. O ideal, em vez dessa política, são ações afirmativas para qualificar o jovem de baixa renda, dando-lhe condições de disputar espaço no ensino superior e no mercado de trabalho. Sem discriminar o branco pobre ou quem seja. Outra Opinião Tempo escasso Heron Albergaria de Melo O conhecimento da formação histórica do conjunto social brasileiro é requisito mínimo para a compreensão da origem do problema racial, que tem como desdobramentos a brutalidade da desigualdade social brasileira e a composição étnica dos grupos excluídos, a desvalorização moral do trabalhador pouco qualificado, as modalidades específicas do racismo no Brasil, a pequena participação de negros nas universidades, a persistência do trabalho escravo, o genocídio nas aldeias indígenas e nas favelas etc. É por sarcasmo da História que logo no Brasil, o último país do mundo a abolir formalmente o trabalho escravo, ainda é necessário reconhecer publicamente a existência da questão racial. O ponto de partida do debate são as circunstâncias reais da vida dos grupos sociais afligidos pela correlação entre o racismo e a falta de oportunidades e as políticas a serem adotadas para sua redução. Cabe perceber que os princípios de igualdade política e jurídica entre os cidadãos brasileiros estão profundamente corroídos pela própria realidade social em que vivem os grupos destinatários de tais políticas. Escravidão e tráfico de escravos já foram instituições legais; portanto, discutir cotas e estatuto da igualdade a partir do texto constitucional é uma inversão na abordagem do problema. O risco é perpetuar as condições atuais, em vez de expô-las ao debate. Com relação às propostas de política educacional, vale lembrar que há cerca de 50 anos vem-se ampliando a rede educacional pública, e, mesmo com suas conhecidas deficiências, é inegável admitir o contingente de brasileiros beneficiados por ela. Mas, com relação à questão racial, é difícil comprovar sua eficácia. Ademais, os investimentos em educação têm longo período de maturação. Assim, os efeitos concretos dessas políticas só estarão suscetíveis a críticas dentro de cerca de vinte anos. Heron Albergaria de Melo é economista. O Globo - Opinião - pg. 06 - 24/7 Sou contra as cotas raciais na universidade e explico: quando ingressei na universidade pública federal, trabalhava de 8h às 17h30m e estudei durante cinco anos à noite. Sacrifício maior é difícil. Passei no vestibular na 1 opção de carreira e de universidade, por pura competência. Não se discutiam cotas raciais naquela época, há 25 anos. Há que se criar leis que possam otimizar o ensino básico, para que os jovens estejam preparados para ingressar numa universidade. Programas assistencialistas? Que pensem nos adultos, formados e desempregados quando o mercado só dá vez para os jovens. Vanda Lúcia Breder O Dia - Viva Mais e Melhor - pg. 12 - 24/7 A Universidade Aberta da Terceira Idade da Uerj realiza também, a partir de agosto, em parceria com a Faculdade de Medicina da Uerj., a 8ª Turma do Curso de Pós-Graduação (Lato-Sensu) em Geriatria e Gerontologia. No curso, informações sobre planejamento de ações de saúde do idoso, ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, diagnóstico clínico e laboratorial das síndromes e patologias geriátricas, previdência social, metodologia de pesquisa, economia e saúde, entre outros aspectos. As inscrições estarão abertas a partir de 1º de agosto no Cepuerj. Rua São Francisco Xavier 524, Sala 1.006. bloco A, 1º andar. Início das aulas dia 15 de setembro. Outras informações poderão ser obtidas pelo telefone 2587-7707 ou pelo e-mail: cepuerj@uerj.br. Jornal do Brasil - Opinião - pg. A11 - 24/7 QUANDO LORDE KEYNES usou a obviedade da expressão "no longo prazo, todos estaremos mortos", o fez para justificar suas preocupações com a Grande Depressão e enfatizar que sua nova teoria seria útil para explicar as flutuações da renda e do emprego sob uma perspectiva de curto prazo. Mas estava, também _ e conscientemente, segundo Rothbard e Paul Johnson _ enaltecendo a vida da cigarra e desmoralizando a da formiga, o que fica bastante claro quando, sob o chamativo título de Paradoxo da parcimônia, defendia a gastança e atacava a poupança, o que representou uma enorme inversão nos valores morais preconizados por São Tomás de Aquino, David Hume, Richard Cantillon, Adam Smith, David Ricardo e toda a tradição que analisava as atividades econômicas sob o ângulo da filosofia morar. Poupar e pensar no longo prazo, para Keynes, passava a ser algo mau e gastar e levar a vida na flauta a serem atos bons. Keynes era inglês, mas bem que poderia ser brasileiro, já que na terra de Macunaíma padecemos de uma síndrome crônica, a da cigarra, que nos impede de olhar à frente, para o longo prazo, e a nos preocuparmos apenas com o presente e a costurar remendos mal feitos. Ora, é claro que no longo prazo todos estaremos em outro plano, mas nossos filhos, netos e bisnetos estarão aqui e temos a obrigação moral de pensar neles. Pensar no longo prazo é, antes de qualquer outra coisa, vislumbrar e lutar por mudanças no sistema cultural, porque é este que influencia os sistemas político e econômico. A crise política, com toda a podridão que vem sendo posta para fora do ralo pela imprensa livre, bem como a crise econômica, com as pífias taxas de crescimento do PIB e o elevado desemprego, na verdade, são resultantes de uma crise ética, moral e cultural. Quando a sociedade _ que nada mais é do que o somatório das pessoas que a compõem - perde os referenciais morais, quando aquela novela exalta o triunfo do mal sobre o bem no último capítulo; quando invencionices de tipos espertalhões como Dan Brown vendem milhões; quando o canal de maior audiência mostra, no final de sua nova estória, em plena noite de sábado, a título de depoimento, uma senhora discorrendo abertamente sobre sua intimidade; quando vemos em universidades cartazes convocando jovens ambiciosos para concorrerem a um emprego; quando bandoleiros invasores do Congresso são libertados por um juiz; quando chefes de marginais pretensamente sem terra são convidados para dar palestras em instituições importantes; quando marginais aterrorizam a maior cidade do país de dentro de presídios; quando ongueiros de plantão tentam lançar a culpa pela insuportável violência sobre os cidadãos honestos, tentando desqualificá-los como integrantes de uma elite; quando, enfim, esses e outros fatos lamentáveis repetem-se diariamente em grande número,o que podemos esperar que aconteça na economia e na política? A reversão desse quadro só poderá ocorrer a partir de um trabalho de paciência, voltado para a juventude, em busca do resgate dos referenciais morais e éticos deixados para trás, como se representassem um velho traste a ser atirado ao lixo. É um trabalho para formigas, difícil, árduo, estafante, extenuante, aparentemente inútil, mas que vale a pena. Somente com uma reviravolta na pretensa cultura endeusada pelos meios de comunicação e imitada como se fosse algo natural, do tipo "a vida é assim mesmo", que leva multidões a agirem como uma boiada sob o comando de um berrante, é que poderemos ter fé no futuro. Mesmo que, no futuro, os atuais educadores e formadores de opinião estejam mortos. Enquanto as cigarras cantam, se cada leitor trabalhar como uma formiga, fazendo a sua parte em casa, no escritório, no trânsito, na fábrica, na sala de aula, na academia, não haverá violência e nem mensalões, nem sanguessugas e nem políticos falastrões, nem demagogos e nem ladrões. Jornal do Brasil - Cartas ao Editor - pg. A10 - 24/7 Com seu artigo A desordem global, Emir Sader aponta com clareza o fato, um tanto acaciano, de que uma superpotência defende, como nos ensina a história, intransigentemente, seus interesses. Foi exatamente isso que fez a antiga URSS ao invadir a Hungria em 1956, a Tchecoslováquia em 1968 e o Afeganistão em 1979. A diferença é que naquelas ocasiões a imprensa soviética não podia criticar. Maria Estela Perez, São Paulo Luiz Biondi e Carlos Alberto |
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