Reproduzimos as seguintes matérias publicadas no CLIPPING UERJ. Contra as cotas raciais - JC E-mail JC E-mail - On line - pg. - 18/7 A via do mérito acadêmico não se resume à nota no vestibular Marcelo Leite é doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, autor dos livros paradidáticos "Amazônia, Terra com Futuro" e "Meio Ambiente e Sociedade" e responsável pelo blog Ciência em Dia, artigo publicado na “Folha de SP”: O assunto só marginalmente tem alguma coisa a ver com ciência (inexistência de raças sob o ponto de vista genético-populacional etc.), mas precisamente esse aspecto será deixado de lado. É melhor não turvar a discussão, política e de justiça, com o fantasma de falácias naturalistas, já banidas do debate sobre o inquestionável racismo da sociedade brasileira. Em boa hora o governo federal ensaia desacelerar a tramitação do Estatuto da Igualdade Racial no Congresso, para aprofundar a discussão na esfera pública e possivelmente abrandar a exigência de cotas raciais no ensino universitário em favor de outro mecanismo de inclusão, talvez com base em critérios socioeconômicos. Estão certos os que deploram no estatuto em exame um viés racificante (um neologismo para evitar a acusação fácil e envenenadora de que militantes anti-racismo seriam os "verdadeiros" racistas). Seu artigo 23, que torna "obrigatória à inclusão do quesito raça/cor, a ser preenchido de acordo com a autoclassificação, em todo instrumento de coleta de dados do censo escolar promovido pelo Ministério da Educação, para todos os níveis de ensino", fixa em documentos, para cada criança, um rótulo que hoje só existe culturalmente e só por isso carrega alguma esperança de superação na biografia. O instrumento da cota racial, da reserva de vagas na universidade e no serviço público, também enfrenta dificuldade. Isso que está previsto no artigo 52 do estatuto jamais alcançará consenso, por afrontar o princípio do mérito individual. Tenta resolver a injustiça presente com mais injustiça (se tiver por base critério exclusivamente racial). Mas... a questão não se resolve apenas propondo cotas socioeconômicas, nem defendendo a melhoria generalizada da educação pública. A primeira nada propõe acerca da discriminação adicional que sofre o negro pobre. A segunda joga a solução para as calendas e se mostra quase perversa, porque só um cego não vê que a educação caminha na direção oposta. A insistência no mérito puro e simples -medido por essa coisa primitiva chamada vestibular- é insuficiente. Flagra-se não o mérito propriamente dito, mas um instantâneo do privilégio acumulado ou, inversamente, da sub-representação de negros no acesso dos pobres aos meios para... passar no vestibular. O que espanta é o silêncio, na reação que se levantou contra o estatuto, acerca da experiência da Unicamp. Ali se concede um bônus médio de 5,6% na nota obtida no vestibular por alunos de escolas públicas, acrescido de menos de 2% para autodeclarados negros e indígenas. Isso elevou a participação dos alunos de escolas públicas de 28,7% para 33%, enquanto o número absoluto de negros e indígenas aumentava 57%. Isso não fez despencar a qualidade do ensino universitário, como apregoam alguns fundamentalistas do mérito. Embora aprovados no vestibular com notas um pouco menores (com ajuda dos bônus), os favorecidos tiveram desempenho médio superior em 31 dos 56 cursos analisados num levantamento da Unicamp e empataram noutros quatro. Eis uma alternativa às cotas raciais, enfim, que encara o mérito acadêmico como um processo, não como um ponto fixo a ser capturado só no momento do vestibular. Vários favorecidos provaram que eram de fato os melhores. É por esse tipo de solução criativa, generosa e construtiva que adversários dos absurdos do Estatuto da Igualdade racial deveriam bater-se, indo além da simples reação. Povo - Politica - pg. 06 - 18/7 Candidato do PSOL promete dar aumento de salários para os professores O candidato da frente de esquerda (PSOL, PSTU e PCB) ao governo do Rio de Janeiro, Milton Temer, visitou, ontem, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde fez um suado corpo-a-corpo com estudantes. Temer ouviu as queixas dos univesitários, que voltaram às aulas após uma greve que durou três meses e só terminou no úItimo dia 03. A paralisação teve a participação, tanto de servidores e funcionários do quadro técnico quanto dos estudantes, e foi motivada por uma decisão da governadora Rosinha Garotinho em cortar 25% do orçamento destinado à Instituição. Milton Temer, que chegou acompanhado do vice Eliomar Coelho e dos candidatos a deputado federal Cyro Garcia e Babá, distribuiu panfletos e prometeu acabar com o sucateamento da instituição. - O fim do sucateamento da UERJ é fundamental para a recuperação da tradição do Rio de Janeiro como centro de geração de conhecimento - disse Temer, que criticou a política de assistencialismo promovida pelo governo de Rosinha. - O orçamento da universidade já foi cortado em 30% para que o dinheiro fosse usado em assistencialismo. É uma política que destrói os serviços de saúde e educação. Nossa linha mestra será a recuperação orçamentária de setores - disse o candidato. Para o presidente regional do Partido Socialismo e liberdade (PSOL), o combate à sonegação fiscal é a solução para o aumento da receita, que seria utilizada no aumento do salário de professores e servidores e na compra de novos equipamentos. - O grande problema é que não há combate à sonegação fiscal, se houvesse uma fiscalização eficiente, que não poupasse as grandes empresas sonegadoras, poderíamos aumentar a receita em até R$ 10 milhões - afirmou Temer. Uma recepção fria aos candidatos Por volta de meio dia e meia, a movimentação de estudantes universitários no hall dos elevadores do campus da UERJ era grande. Mas a maioria deles passava quase indiferente aos candidatos. A aparente apatia de um segmento que até pouco tempo atrás era profundamente empolgado com a militância política foi explicada pelo candidato a uma vaga na Câmara dos deputados, Cyro Garcia. - Os estudantes estão vindo de uma ressaca pós-greve e existe também um certo desencanto com os escândalos provocados no Governo Lula. Mas aqui na UERJ nós vimos uma demonstração muito forte e genuína de resistência, onde três segmentos sem cooptação política se uniram em uma greve contra o sucateamento feito pelo estado. - disse Cyro. O anúncio foi feito domingo pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, e pelo secretário de Educação Superior do MEC, Nelson Maculan, durante reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Florianópolis. Segundo os ministérios, o Brasil formará mais de dez mil doutores em 2006. As bolsas ficaram sem reajuste por dez anos. A Capes tem hoje cerca de 28 mil bolsistas, que ganham, no mestrado, R$ 855, e no doutorado, R$ 1.267. O Ministério da Educação terá um impacto de R$ 20 milhões no orçamento neste semestre. O presidente da Capes, Jorge Guimarães, disse que o valor poderia ser mais alto e lembrou que as bolsas são menores do que as da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Para a presidente da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), Nilda Alves, mesmo com a greve de quase três meses na instituição terminando sem que as reivindicações da categoria tenham sido atendidas, a universidade saiu fortalecida da paralisação. Nilda afirma que, hoje, a instituição tem o apoio da sociedade no embate com o governo do estado e que os problemas enfrentados nos corredores ganharam grande destaque na mídia. "A imagem da nossa universidade sai fortalecida após estes meses de paralisação. Esta foi uma vitória do nosso movimento", diz. Veja a entrevista: • Como a Uerj sai da greve, fortalecida ou desgastada? Não tenho dúvida que a imagem da Uerj hoje é muito boa. Conseguimos que um problema interno da instituição fosse publicizado para toda a população carioca, tanto que a sociedade demonstrou total apoio durante toda a nossa mobilização. Então a imagem da nossa universidade sai fortalecida após estes meses de paralisação. Esta foi uma vitória do nosso movimento. • Apesar disso, o reajuste salarial, principal reivindicação dos docentes, não foi concedido pelo governo. O que mais faltou ser atendido? Tudo. As verbas ainda são insuficientes. Não conseguimos o nosso reajuste salarial, mas tivemos uma vitória para a aprovação do orçamento 2007, que foi votado na Alerj. Pelo menos nossas perspectivas são boas, pois todos os candidatos ao governo do estado já assinaram uma carta de compromisso para que, caso vençam, coloquem na discussão a nossa pauta de reivindicações. Esperamos que eles honrem este compromisso com a comunidade acadêmica. • E a imagem da reitoria? Como fica após apoiar publicamente a greve e, no final da paralisação, negociar o fim da paralisação com o governo? Podemos ver isso de dois ângulos. Do ponto de vista mais geral, para a população carioca, a reitoria atuou como representante da Uerj e, pelos olhos da sociedade, acho que a imagem deles é boa. Mas no âmbito interno, com a comunidade acadêmica e com as entidades representativas de docentes e técnicos, a reitoria já não é vista com os mesmos olhos, não tem uma imagem tão boa assim. Eleito para a presidência do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, Nival Nunes fala de seus planos para o órgão, sobre os efeitos da política de cotas e da Reforma Universitária Eleito presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub) para o biênio 2006/2008, o professor Nival Nunes de Almeida, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que em seu mandato à frente do Conselho pretende priorizar a defesa da autonomia administrativa, acadêmica e financeira das universidades e viabilizar a cooperação entre instituições nacionais e estrangeiras. Ele afirmou que o projeto de Reforma Universitária é interessante e serviu principalmente para colocar a educação na mídia, na ordem do dia. "Não foi apenas o ProUni e os sistema de cotas, mas a Reforma Universitária também teve seu espaço. Conseguimos um fórum para debater o ensino superior, com espaço em horário nobre. Isso representa um ganho muito grande". Com a posse prevista para o início de agosto, o professor Nival Nunes destacou a importância do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef) em detrimento do recém-aprovado Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). "O Fundef estava indo bem. Cumpria bem a missão". Para ele, o sistema de cotas nas universidades é um projeto importante, mas que deve ser transitório. "A Uerj foi a pioneira no sistema de cotas. Beneficia alunos de escolas públicas, negros e deficientes. No entanto, acredito que essa solução seja transitória". Para o professor Nival Nunes, a solução para o ingresso na educação superior é a melhoria do ensino fundamental e médio. Segundo ele, com isso a escolha dos universitários voltaria a ser realizada através do mérito. Eis a entrevista com o professor Nival Nunes Almeida: FOLHA DIRIGIDA - Quais seus planos à frente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras? Nival Almeida - Nesses dois anos de mandato pretendo, junto com a diretoria eleita e os demais integrantes do Crub, consolidar a articulação do Conselho com governos e segmentos representativos da sociedade e propiciar às universidades associadas mecanismos de apoio à criação e ao desenvolvimento de novos programas, tanto voltados para a pesquisa, inovação e extensão, como para o ensino e o aperfeiçoamento do processo pedagógico. Também são nossos objetivos viabilizar a melhor cooperação das universidades brasileiras com instituições estrangeiras e com agências internacionais de fomento; fortalecer a articulação entre o Crub e os diversos fóruns representativos dos pró-reitores e assessores, bem como, os específicos para cada segmento. Com isso, queremos consolidar o Crub como um local de debate, reflexão e renovação das universidades brasileiras. A nova diretoria também pretende atuar fortemente na defesa das universidades em situações referentes a sua atuação, manutenção, sustentabilidade e inovações. A nova diretoria é composta pelo 1º vice-presidente, Timothy Martin Mulholland, reitor da Universidade de Brasília (UnB); 2º vice-presidente, frei Gilberto Gonçalves Garcia, reitor da Universidade São Francisco (USF), em São Paulo; 3º vice-presidente, reitor Valmor Bolan, da Universidade de Guarulhos (UnG); e o 4º vice-presidente, reitor Jader Onofre de Morais, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). FOLHA DIRIGIDA - Quando será sua posse? Nival Nunes - A data da posse ainda não foi definida, mas está prevista para o início de agosto, na sede do Crub, em Brasília. FOLHA DIRIGIDA - E qual a principal função do Crub? Nival Nunes - O Crub é uma entidade fixada na luta pela autonomia. Ele objetiva prioritariamente fortalecer as universidades brasileiras no que se refere a sua autonomia administrativa, acadêmica e financeira. Também é seu papel desenvolver uma educação de qualidade, promovendo também a ciência, a tecnologia e a cultura. FOLHA DIRIGIDA - Considera que sua eleição foi uma resposta do Crub ao descaso do governo do estado na crise da Uerj? Nival Nunes - Sim. Acredito que como trabalhamos com afinco e transparência para superar a crise da Uerj, os integrantes do Crub, meus amigos reitores, que sempre me deram apoio e demonstraram preocupação, pensaram em mim para a presidência. E para demonstrar isso, recentemente a Uerj recebeu do Crub uma Moção de Apoio. Um outro fato que me emocionou e me deu força foi o apoio dos ex-reitores da Uerj, João Salim Miguel, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves Pereira e Nilcéa Freire. Foi excepcional. E após essas demonstrações de apoio, os colegas de Crub me propuseram que aproveitando o momento em que, pelo rodízio de poder, a vaga seria das universidades públicas, que aceitasse o desafio. Concordei e tenho certeza que essa gestão será tão participativa quanto as anteriores. Estou muito animado com essa atribuição e com grandes perspectivas de realizações. FOLHA DIRIGIDA - Qual a sua análise sobre a situação das universidades públicas brasileiras? Nival Nunes - Observo um panorama ruim. Em particular, pela falta de autonomia das universidades públicas. As instituições federais possuem a Associação de Dirigentes de Ensino Superior que procura atuar junto ao Ministério da Educação (MEC) na luta por mais verbas para manter a qualidade de ensino. As universidades estaduais também, no que se refere aos seus governos estaduais. FOLHA DIRIGIDA - O sr. concorda com a política do governo federal para as universidades públicas? Nival Nunes - Verifico um crescimento. E, agora, está no Congresso Nacional o projeto de Reforma do Ensino Superior. Então, é um momento de discussão, de reflexão, de aprofundar o debate com soluções que possibilitem a melhoria da qualidade de ensino tanto das instituições federais quanto das estaduais. FOLHA DIRIGIDA - Qual a sua opinião sobre a Reforma Universitária? Nival Nunes - Esse projeto de Reforma Universitária é interessante. Ele colocou o assunto na mídia. Não foram apenas o ProUni e o sistema de cotas. Inclusive, tivemos vários encontros do Crub sobre o assunto. Em Joinville, por exemplo, realizamos um encontro para tratar especificamente do assunto. O então ministro da Educação, Tarso Genro, atual ministro das Relações Institucionais, não pôde ir, mas mandou o secretário-executivo e atual ministro, Fernando Haddad. Naquele momento o próprio governo não tinha absoluta certeza sobre o projeto, mas algumas experiências importantes comprovadamente tiveram sucesso, como a das universidades comunitárias. As instituições comunitárias promovem uma inserção social, uma importância no desenvolvimento social muito grande e a partir daí a discussão foi avançando. Tivemos muitas contribuições. Vários integrantes do Crub apresentaram propostas de emendas a deputados. Até a última semana eram 368 emendas. FOLHA DIRIGIDA - Quais são as propostas do Crub para a Reforma Universitária? Nival Nunes - Não posso falar ainda como presidente do Crub, pois a posse acontecerá apenas no início de agosto e no momento temos o professor Manasses Fonteles como presidente. Inclusive, considero um excelente presidente, assim como foram o professor Paulo Alcantara Gomes e muitos que os sucederam. No entanto, é público que o principal objetivo do Conselho é a defesa da autonomia. Mas acredito que ainda acontecerão muitas discussões sobre a Reforma Universitária. E essa discussão vai se aprofundar como ocorreu com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). FOLHA DIRIGIDA - Considera positiva a criação do Fundeb? Nival Nunes - Pode representar um avanço, mas considero que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef) estava indo bem. Cumpria bem a missão. FOLHA DIRIGIDA - Mas, o sr. é contra o Fundeb? Nival Nunes - Ele ainda não é muito claro para mim. No entanto, conhecendo o Brasil e percebendo a carência de determinadas regiões, via com bons olhos o Fundef. Ele foi muito importante para diversos municípios pobres, principalmente em regiões compostas de comunidades ribeirinhas. FOLHA DIRIGIDA - Após quatro anos de implantação, qual a sua avaliação sobre o sistema de cotas? Nival Nunes - A Uerj foi a pioneira no sistema de cotas. Ele beneficia alunos de escolas públicas, negros e deficientes. No entanto, acredito que essa solução seja transitória. Considero que uma solução definitiva para a grave questão da inclusão das minorias depende da melhora do ensino fundamental e médio. Com isso, poderemos igualar as oportunidades. E dentro dessa realidade, a luta por uma vaga no ensino superior será exclusivamente pelo mérito. Saiba mais sobre o CRUB O Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub) foi criado em 30 de abril de 1966. Na mesma data foi designada uma comissão com a incumbência de redigir o regulamento do órgão que acabava de ser instituído. Dois meses depois, no dia 1º de julho, acontece a primeira reunião plenária realizada em Salvador, e que aprovou o estatuto do Conselho e elegeu o primeiro presidente - o reitor Miguel Calmon -, bem como os membros do diretório executivo. Inicialmente, o Crub funcionou no Rio de Janeiro, tendo depois se transferido para Brasília, onde possui sede própria e toda infra-estrutura administrativa. O Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras é uma associação civil, sem fins econômicos, de natureza eminentemente educacional, que congrega, por seus reitores, as universidades nacionais. O Crub tem por finalidade promover a integração das instituições brasileiras, fortalecendo a sua autonomia e buscando, permanentemente, o aperfeiçoamento da educação superior. No entanto, o Colegiado, desde 1997, tem-se posicionado no sentido de construir uma identidade institucional bem definida, de modo que o Crub possa, no momento atual, diante de uma multiplicidade de instituições de educação superior, fazer frente às necessidades da sociedade brasileira. Para isso, foram realizadas reuniões descentralizadas, denominadas Crub Itinerante, visando a debater o papel e os novos compromissos deste Conselho. Adiada por duas vezes por falta de quórum, a próxima reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Csepe) da Uerj para definir o calendário de reposição das aulas, suspensas por três meses devido à greve de técnicos-administrativos e docentes, ainda não tem previsão para acontecer. Apesar da indefinição, porém, os representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição garantem que não existe a possibilidade de suspensão do período letivo e, por isso, confiam no bom senso da reitoria e dos funcionários na hora de remarcar as aulas. "A discussão sobre o assunto está sendo tranqüila, pois já estamos tendo aulas e não existe a menor possibilidade de suspensão do período. Essa hipótese sequer foi levantada por nenhum dos segmentos da comunidade", explica o coordenador do diretório, Bruno Miranda. Para o líder estudantil, o adiamento do Csepe foi bom para os alunos. "Estávamos com mandato vencido na representação nos conselhos superiores e, por isso, não poderíamos participar da discussão". Na última sexta-feira, dia 14, em reunião do Conselho Universitário da Uerj, foi aprovada prorrogação do mandato dos representantes estudantis por mais três meses. A próxima reunião do Csepe havia sido pré-agendada para esta terça-feira, dia 18, mas não houve confirmação sobre a realização do conselho. O diretor da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), Antônio Coscarelli, explica que, como a reposição das aulas já está sendo feita, independente da aprovação do calendário, também não há preocupação por parte dos professores. "As aulas já estão transcorrendo normalmente", explica Secretaria negocia convênio coom União para resolver crise no hospital de servidores Um acordo entre governo federal e Secretaria de Estado de Saúde pode dar fim à crise no Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio (Iaserj). O secretário Gilson Cantarino concordou ontem com as condições estabelecidas pela União para ajudar financeiramente o hospital e já negocia em Brasília um convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). O acordo prevê que a unidade, criada para dar assistência apenas aos funcionários estaduais, passe a receber também os pacientes do SUS. - Estamos fazendo um estudo para saber que áreas podemos abrir aos conveniados do SUS - admite Cantarino. - Vamos conseguir novas formas de financiamento sem comprometer o atendimento ao servidor. O secretário assume que o problema do Iaserj é "seriíssimo" e se agravou nos últimos 20 anos, quando a verba da instituição passou a ser atrelada ao orçamento estadual, e não mais descontada das folhas de pagamento dos funcionários do governo. O presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Eduardo de Oliveira, alerta que o SUS pode, a longo prazo, trazer mais problemas do que soluções ao Iaserj. - Como o SUS paga muito mal pelos serviços e a secretaria vai ter de cumprir os gastos, o Iaserj pode ter prejuízos maiores ainda no futuro - avisa; - Não ter um sistema de saúde universal é uma excrecência - condena. - Cantarino será muito cobrado se as unidades do Iaserj ficarem lotadas. Opinião do leitor .CRISE NA SAÚDE Observar a trajetória da crise no Iaserj é mesmo revoltante. Acompanhamos, através das páginas do JB, um hospital estadual agonizar. Sem que ninguém faça nada (lembra até a situação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: sucateada a olhos vistos). E então, quando a situação ultrapassa todo e qualquer limite, do tolerável, o Estado simplesmente tenta livrar-se do fardo. Lava às mãos e passa a bola para o governo federal Bela solução. Marcos Souto morador do Flamengo Funcionários lutam para adiar contrato Médicos, enfermeiros e profissionais de saúde que foram contratados através de seleção pública para trabalhar no Hospital dos Servidores do Estado (HSE) vão se encontrar amanhã no Rio com o ministro da Saúde, Agenor Álvares. Eles querem prorrogar o contrato de 778 funcionários temporários. O prazo de dois anos termina em setembro. Os profissiónais de saúde denunciam irregularidades no processo de seleção. Se não continuarem no Hospital dos Servidores, os manifestantes pedirão transferência para unidades federais que ainda não realizaram concursos públicos, como os hospitais da Lagoa, de Ipanema, do Andaraí e de Cardoso Fontes. O Rio de Janeiro, que foi capital' da República e viu nascer a campanha das Diretas Já, não é mais o mesmo, a julgar pela pesquisa promovida pelo Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho, da Uerj. Entre as respostas, 47,5% dos entrevistados responderam que não possuíam orientação política. Outros 62% não se lembram do nome do deputado federal em que votaram nas últimas eleições e, acredite, afirmaram que sob certas condições a ditadura era melhor do que a democracia. O estudo completo será publicado no número 2 da revista Fala, lançada hoje com mesa redonda na Academia Brasileira de Letras. O Dia - Geral - pg. 02 - 19/7 NAS ÚLTIMAS duas semanas confirmaram-se os piores temores sobre o futuro dos cidadãos que vivem no Estado de São Paulo. Estão a nos indicar que sua paciência e tolerância estão se esgotando. Podemos estar chegando àquele ponto em que o sufrágio universal responde com radicalidade. Foram três esses indicadores: 1º) a evidente incapacidade do Estado de controlar a violência, que se organizou sob a complacência dos governantes, como já acontecera nos anos 80 no Rio de Janeiro. Transacionaram, talvez inconscientemente, um pouco de tranqüilidade aparente por uma acomodação no tratamento dos criminosos. Não se trata dos direitos humanos que devem ser respeitados: trata-se de um certo desinteresse das autoridades que "detestam falar do assunto", o que tornou possível a formidável organização tática e estratégica do crime a que assistimos atônitos; 2º) o estado absolutamente deplorável a que chegou a educação fundamental pública em São Paulo (particularmente na periferia da capital), revelada nos números divulgados pela mais recente avaliação do Ministério de Educação: a juventude do estrato mais pobre da população foi abandonada, o que lhe tirou a possibilidade de progredir num mundo onde a capacidade de aprender é o diferencial do sucesso; e 3º) o levantamento do pavoroso nível de desemprego na região metropolitana de São Paulo por conta do pífio crescimento: na faixa etária de 15 a 17 anos (onde 43% dos indivíduos já estão inseridos na força de trabalho), de cada dez jovens, seis se encontram desempregados; e na faixa de 18 a 24 anos (onde 83% já estão inseridos na força de trabalho), de cada dez jovens, três se encontram sem trabalho. Esses não são fenômenos independentes entre si ou mesmo peculiares a São Paulo. Revelam, entretanto, uma gravidade maior justamente porque ocorrem no Estado mais rico da Federação. Os três são, basicamente, produto da baixa qualidade do ensino público. Foram gestados lentamente, ao longo de uma geração, por governos que trocaram a obrigação de educar pelo "exibicionismo pedagógico". Quando fingiram preocupar-se com a questão, atacaram o problema da "quantidade" e exterminaram a "qualidade", como agora se confirmou. A solução definitiva dos três problemas será lenta: uma revolução cuidadosa, inteligente e persistente na educação fundamental proporcionada pelo Estado, que deveria ter começado anteontem... Para o reitor da Uerj, Nival Nunes, a universidade avançou com a paralisação realizada pelos sindicatos de professores e técnicos-administrativos. Embora as principais reivindicações dos funcionários não tenham sido atendidas, Nival acredita que, hoje, a Uerj conta com o apoio da sociedade. O reitor também comentou as acusações dos sindicatos de que ele teria recuado no meio da paralisação. "Nós, no papel da administração, temos uma dinâmica. O movimento tem outra". Veja a entrevista: . Que balanço o senhor faz da greve? Tenho a certeza que a Uerj sai fortalecida, pois toda a sociedade se manifestou em favor da nossa instituição. E sob outro ponto de vista, acredito que a própria comunidade interna entende hoje com mais transparência as questões orçamentárias e os demais problemas que a Uerj enfrenta, que não são problemas de uma gestão, mas sim do modelo de financiamento. . Mas a paralisação não resultou em avanço nas reivindicações dos servidores. O governo tem um problema de caixa e não tem condicoes de enviar os recursos necessários. Por outro lado, o próprio governo compreendeu que existem demandas importantes. Houve um movimento, também do governo, no sentido de colocar em dia as contas da instituição, mas não se conseguiu este intento. . Os três segmentos se uniram desta vez. Uma greve conjunta possui maior poder? Sim. Acho que foi importante a discussão da nossa autonomia e entendo as reivindicações do movimento. Há muito que não se via uma mobilização em que a universidade não trancou suas portas. As discussões e atividades continuaram durante todo este período. . No final da greve, os sindicatos acusaram a reitoria de ter recuado. Como o senhor avalia a acusação? Entrar numa greve é muito fácil. Sair é difícil. Não fizemos acordo nem recuamos diante do governo. O que nos preocupou bastante é que o servidor mais humilde ficaria sem o seu salário. E repito, a reitoria não recuou. Acontece que nós, como parte da administração, temos uma dinâmica. O movimento tem outra. O reitor não é líder sindical e não deve tornar atitudes partidárias. O princípio acadêmico deve estar acima de tudo isso. Uma das estratégias já planejadas é a realização de seminários sobre questões relativas ao ensino superior no estado e no país. Três temas de encontros já estão definicos: direito de greve, autonomia universitária e Plano de Cargos e Carreira Docente. Além disso, os professores cobrarão da reitoria um pronunciamento oficial acerca das condições de segurança estrutural do campus da Uerj. Para pedir segunda via, o atendimento via posto de solicitação também se encerra nesta quinta, dia 20. O horário e local são os mesmos apresentados acima. No entanto, a segunda via do cartão também pode ser solicitada pela internet, por meio do site De acordo com as informações disponibilizadas no site, os pedidos de segunda via do cartão poderão ser feitos pela internet até o dia da prova. Para ser aprovado no exame é preciso acertar mais de 40% das questões. Apenas os aprovados no exame de qualificação poderão se inscrever para a segunda fase do concurso, que é composta pelas provas discursivas específicas por grupos de carreira. O exame de qualificação dá direito à bonificação na segunda fase do concurso. A bonificação é distribuída de acordo com o desempenho dos candidatos no exame, que apresenta questões de múltipla-escolha distribuídas de acordo com as áreas do conhecimento. Para ser aprovado é preciso acertar mais de 40% da prova. Os candidatos que acertam mais de 70% da prova são aprovados com conceito A e têm direito a 20 pontos de bônus. Já quem apresenta um percentual de acertos superior a 60% e no máximo de 70% é classificado com conceito B que garante 15 pontos. O conceito C é a nota de quem acerta mais de 50% e no máximo 60% das questões. Estes têm direito a 10 pontos. Já o conceito D é atribuído a quem acerta mais de 40% até 50% da prova. Este conceito dá direito a 5 pontos na próxima fase. Os candidatos que acertam no máximo 40% da prova recebem conceito E e estão reprovados. Estes candidatos devem fazer o segundo exame de qualificação para permanecer na disputa por uma vaga nas instituições que compõem o concurso. No entanto, os coordenadores do DCE discordaram sobre a preocupação dos universitários da Uerj em relação à reposição das aulas. O coordenador-geral do diretório, Bruno Miranda, afirmou que, como as aulas já estavam acontecendo, não havia mais temor dos alunos quanto à possibilidade de suspensão do período. Já os coordenadores Guilherme Pimentel e Oswaldo Rezende disseram que os estudantes haviam demonstrado pressa em saber quando se encerrariam as aulas. "Existe uma preocupação, pois registramos grande presença de alunos na nossa última reunião", comentou Oswaldo, referindo-se à assembléia estudantil do dia 6. Os professores da Uerj terão que repor três meses de aulas perdidas durante a greve conjunta com os técnicos-administrativos e os próprios estudantes. Neste período, a comunidade acadêmica reivindicou reposição do orçamento mensal da universidade, reajuste salarial, aprovação do Plano de Cargos e Carreira (PCC) dos técnicos e recursos para assistência estudantil. O governo só contemplou os técnicos com o PCC, com alterações que desagradaram os servidores, e recompôs o orçamento, mas com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa (Faperj), o que também foi alvo de críticas dos grevistas. A comunidade da Uerj cobra da reitoria um pronunciamento oficial sobre a mureta que caiu no início do ano no pátio da instituição. Na Rural e na UFRJ, obras nas salas de alguns cursos deslocaram os alunos das duas instituições para outros locais. Na sua opinião, os problemas de infra-estrutura nas universidades públicas acontecem por falta de verbas ou pela má gestão dos recursos? "O grande problema é a falta de investimentos do governo federal. Há salas de aulas com rachaduras e obras que foram mal feitas no passado, cujos problemas estão surgindo agora. As reitorias passadas não conservaram os prédios e, agora, a atual direção está empenhada em fazer o melhor possível, mesmo com o orçamento apertado. Não adianta remanejar recursos se alguma área vai ficar descoberta", Fabiano de Carvalho, coordenador do DCE da Rural. "Falta alguém que regulamente os contratos das copiadoras e trailers que funcionam nos campi, e utilize essa verba para melhorias na universidade. O sucateamento da infra-estrutura é notório em todas as instituições públicas de ensino superior do Rio. Na UFRJ, as unidades que têm mais problemas são as que não prestam serviço para a comunidade externa e ficam sem recursos extras para investir na estrutura", Miguel Fernandez, coordenador do DCE da UFRJ. "A área educacional é a que mais sofre com a falta de investimentos. Isso se reflete nas universidades públicas. No caso da UFF, despencou o teto do hospital neste ano e há cadeiras quebradas e rachaduras nas salas. Sabemos que a receita da universidade não dá para realizar as obras necessárias, mas também há verbas que não sabemos para onde vão e que poderiam ser utilizadas para este fim ", Taiguara Souza, coordenador do DCE da UFF. |
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