Reproduzimos matérias publicadas no CLIPPING UERJ.
Folha Dirigida - Ensino Superior - pg. 08 - 7/7
Oposição critica tramitação de denúncia conta Rosinha
Os parlamentares de oposição prometem recorrer na Assembléia Legislativa (Alerj) para que as denúncias encaminhadas contra a governadora Rosinha Garotinho, devido à crise na Uerj, sejam realmente apuradas. Ainda em junho, a governadora foi denunciada por desrespeitar a autonomia da universidade, ao cortar o ponto dos grevistas, e por ter se omitido em relação à grave crise financeira da instituição. A denúncia foi para a mesa diretora da Alerj, que deveria repassá-la para a Comissão de Constituição e Justiça na semana passada, o que não aconteceu. Como a assembléia entrou em recesso, deputados aguardam o retorno às atividades para recorrer.
"As comissões mais importantes deixam de funcionar neste período. Se eles não encaminharem as denúncias quando o trabalho for retomado, em agosto, teremos que entrar com recurso", afirma Carlos Minc (PT). O deputado não vê com esperança o andamento da discussão, mas diz que está fazendo sua parte. "O governo tem maioria, mas nossa parte estamos fazendo, que é combater as irregularidades".
Os deputados também criticam a maneira como o governo encaminhou a votação dos planos de carreira de servidores da Uerj e Uenf na semana passada. "É um absurdo que o governo coloque para votação 17 planos de carreira num único dia. Alguns destes planos vêm de discussões de mais de quatro anos. Fomos obrigados a votar às pressas por uma manobra dos deputados governistas, e se não fizéssemos isso, os funcionários é que seriam os grandes prejudicados", reclama Paulo Pinheiro (PPS).
Folha Dirigida - Educação - pg. 03 - 7/7
No 1º exame, 13 mil isenções
No primeiro exame de qualificação, 13.949 candidatos foram beneficiados com a isenção da taxa de inscrição. De acordo com as regras estabelecidas pela Uerj, são beneficiados todos os candidatos oriundos de cursos pré-vestibulares populares, comunitários ou similares, devidamente cadastrados na Uerj, que comprovem uma renda bruta média mensal familiar menor ou igual a R$ 520 e freqüência ao curso.
A avaliação dos inscritos é feita com base na análise das informações apresentadas pelos inscritos no Requerimento de Solicitação de Isenção e nos documentos enviados.
A renda bruta média mensal familiar é calculada pela soma de todos os rendimentos provenientes do trabalho formal ou informal, aposentadoria, pensões, rendimentos de capital, imóveis e assemelhados e outros ganhos, comprováveis ou não, de todas as pessoas residentes no mesmo domicílio do candidato e dividida por esse mesmo número de pessoas.
Para o cálculo de renda bruta, considera-se também as pessoas residentes no mesmo domicílio do candidato que não possuem renda.
Prazo para retirada dos cartões
A partir da próxima semana, mais precisamente do dia 13 de julho, os 72 mil inscritos no primeiro exame de qualificação do vestibular Estadual 2007 começam a receber o Cartão de Confirmação de Inscrição (CCI) na prova. No documento, eles encontrarão informações como horário e local onde farão a prova. É preciso conferir os dados para ver se está tudo correto. Todos deverão receber o cartão até o dia 17 de julho. Aqueles que não receberem o documento até este prazo devem pedir segunda via. Já os candidatos que receberem e identificarem alguma informação errada deverão pedir a retificação.
Os candidatos deverão fazer isso entre os dias 18 e 20 de julho, das 10 às 17 horas, no Balcão do Vestibular da Uerj, no Pavilhão João Lyra Filho - térreo, e na Uenf Prédio P5 – térreo sala Comvest. A segunda via do cartão também poderá ser solicitada pelo site do vestibular <www.vestibular.uerj.br>.
A prova será aplicada no dia 6 de agosto. De acordo com a Diretora do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj, Elizabeth Murad, o exame seguirá o mesmo padrão dos anos anteriores. "Vamos seguir a mesma linha e manter o nível de exigência de nossas provas", disse a diretora, destacando ainda que os dois exames de qualificação terão o mesmo nível de dificuldade.
"Não há uma prova mais fácil do que a outra. Os dois exames são elaborados ao mesmo tempo pela banca. Já aconteceu de pegarmos a prova feita para o segundo exame e aplicarmos primeiro. Por isso, não podemos afirmar que uma prova é sempre mais difícil do que a outra, pois, às vezes, elas são escolhidas para serem aplicadas no primeiro ou segundo exame simplesmente por sorte."
O resultado do primeiro exame de qualificação será divulgado no dia 14 de agosto. Para ser aprovado é preciso acertar mais de 40% das questões. Apenas os aprovados no exame de qualificação podem se inscrever para a segunda fase do concurso, que é composta pelas provas discursivas específicas por grupo de carreira. As provas discursivas do vestibular Estadual estão marcadas para o domingo, dia 10 de dezembro.
Folha Dirigida - Ensino Superior - pg. 09 - 7/7
Manifestantes querem arquivar lei de cotas
A polêmica das cotas para estudantes carentes no ensino superior entrou, na semana passada, na pauta do Congresso Nacional. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB/SP) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL) receberam na última quinta-feira, dia 29, um manifesto contra o projeto de lei que estabelece cotas nas universidades federais. O documento foi assinado por 114 pessoas, entre elas educadores, artistas e ativistas do movimento negro. Ex-secretária de Políticas Educacionais do Ministério da Educação (MEC), Eunice Durham foi uma das que assinaram o documento. "Universidade não é prêmio para injustiça passada. Não se repara injustiça premiando descendentes", declarou a educadora.
Outra argumentação é de que as cotas, conforme estão colocadas no projeto em tramitação no Congresso, poderiam fomentar ainda mais o preconceito racial, já que reservam vagas para alunos negros e indígenas. "Qual Brasil queremos? Queremos um Brasil no qual ninguém seja discriminado, de forma positiva ou negativa, pela sua cor, pelo seu sexo, pela sua vida íntima e sua religião", diz um dos trechos do manifesto. Em outro momento, o documento vai além. "A verdade, amplamente reconhecida, é que o principal caminho para o combate à exclusão é a construção de serviços públicos universais de qualidade".
Folha Dirigida - Educação - pg. 03 - 7/7
Férias serão em ritmo de estudo
A definição do novo calendário do vestibular Estadual 2007 já tem seus impactos diretos no cotidiano dos estudantes. Principalmente daqueles que se preparam para as provas de fim de ano em cursinhos pré-vestibulares. Para a maioria dos alunos que farão o vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a opção a ser escolhida no período de férias é complementar os estudos em casa.
No entanto, no que depender de boa parte dos cursinhos, os estudos intensivos deverão ocorrer mesmo é na sala de aula. Em boa parte deles a intenção dos coordenadores é fazer com que os estudantes permaneçam nas escolas e intensifiquem os estudos.
Para o professor Helcio Gomes, do Curso Miguel Couto, houve uma certa surpresa quanto a definição do vestibular da Uerj, mas eles já estavam preparados para isso. O que o curso oferece no mês de julho é um intensivo chamado "Esticadão". Nele, os alunos não terão mais teoria, e sim questões práticas a serem resolvidas.
"Esse trabalho é feito através de análise de provas das bancas. Serão exercícios continuados que, não necessariamente, terão que abordar o conteúdo programático já visto em sala de aula", afirma o educador.
Um ponto-chave abordado pelo professor é a dificuldade de cativar os vestibulandos em fazer o curso de férias. Segundo ele, é preciso motivar os alunos nesse período e fazer com que eles sintam necessidade de realizar o projeto. "Afinal de contas, a frustração do aluno por ter que estudar mais nas férias é enorme", conclui.
Folha Dirigida - Educação - pg. 06 - 7/7
Rio: escolas estaduais ameaçam nova greve
Sem chegar a um acordo sobre os dias cortados durante a recente greve de 45 dias na rede estadual de ensino e tendo ficado de fora das medidas do Governo Estadual que beneficaram 19 carreiras do funcionalismo público, os profissionais de educação ameaçam voltar a fazer paralisações durante o segundo semestre desse ano.
No dia 5 de agosto, a diretoria recém-eleita do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) se reúne pela primeira vez. Durante o Conselho Deliberativo, que será realizado na sede do órgão, os sindicalistas definirão a pauta da assembléia geral, que acontecerá no dia 9 de agosto, a partir das 14 horas, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio.
Para o dia da assembléia, 9 de agosto, já está agendada a primeira paralisação de 24 horas nas escolas estaduais do segundo semestre. Caso as negociações com representantes do Governo Estadual não sejam retomadas, os profissionais de educação — que estão em estado de greve desde o dia 28 de abril quando encerraram o movimento — ameaçam radicalizar o movimento.
Além disso, existe a perspectiva de luta unificada entre os servidores da educação e da saúde, que não foram beneficados pelas recentes medidas de reestrturação de carreira e de reajuste salarial. Desse modo, profissionais da rede estadual, da Fundação de Apoio às Escolas Técnicas Estaduais (Faetec) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) atuariam em conjunto com o pessoal da saúde para reivindicar melhorias salariais.
No início deste ano, professores e funcionários da rede estadual fizeram uma greve de 45 dias. Como foram descontados, os sindicalistas se recusam a repor os dias parados antes de receber os devidos valores. Já a Secretaria Estadual de Educação (SEE) exige a apresentação de um calendário de reposição para poder pagar os dias de greve, tão logo sejam repostos.
Folha de São Paulo - Folha Cotidiano - pg. C4 - 7/7
Votação do estatuto racial fica para 2007
Cláudia Collucci E Daniela Tófoli
Principais lideranças da Câmara dos Deputados avaliam que o projeto ainda tem pontos que precisam de regulamentação.
Se for aprovado, haverá mudanças práticas, como a exigência de ao menos 20% de atores afro-descendentes em programas de televisão.
Mesmo com a pressão de grupos pró e contra, o Estatuto de Igualdade Racial só deverá ser votado no próximo ano, avaliam as principais lideranças da Câmara dos Deputados. Além disso, há vários pontos no projeto que precisam de regulamentação e isso só deve acontecer após a aprovação final.
Discutido desde 1998, o estatuto tem pontos polêmicos, como o que obriga a população a autodeclarar sua cor/raça na hora de tirar documentos, o que inclui a disciplina história geral da África e do negro no Brasil nos colégios e o que determina a presença de ao menos 20% de atores e figurantes afro-brasileiros em programas e propagandas de TV.
Um dos pontos de maior discussão, no entanto, que previa a reserva de 20% de vagas para afro-descendentes em cargos do serviço público, foi retirado da proposta original.
Com a polêmica, vários deputados, inclusive o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), têm se mostrado favoráveis a um sistema de cotas social, ou seja, seguindo um critério de pobreza e não racial, como propõe o estatuto. Essa seria a opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, no entanto, não quer comprar briga com os movimentos negro e sociais.
Na avaliação de alguns parlamentares, se fosse votado hoje, o projeto seria aprovado. "É a oportunidade de corrigir equívocos históricos. Só temos de ter cuidado para não cometer outros", afirma Beto Albuquerque (líder interino do governo, PSB-RS). Para ele, o adiamento da votação para o próximo ano é mais por uma questão de agenda do que de mérito. "Ninguém tem dúvida da importância do projeto."
O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) não tem tanta certeza assim. "O estatuto é radical, extrapola qualquer sentido lógico. Vamos ter que discutir muito, propor mudanças. Quem acha que já poderia ser votado não leu o projeto", diz.
O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), concorda: "Se fosse votado agora, acho que o estatuto conseguiria aprovação, mas isso seria um desastre. É preciso ainda muito debate e isso não se faz na véspera de uma eleição".
Aleluia afirma que o tema é de interesse nacional e que o projeto não pode ser votado do jeito que está. "Colocar esse assunto em pauta agora é oportunismo. É coisa de políticos que querem agradar a população por causa das eleições."
Erros de interpretação
Autor do estatuto, que tem 85 artigos, o senador Paulo Paim (PT-RS) diz que já houve vários debates, mas que não vê problema se forem necessárias novas discussões. "Se querem aprofundar mais o debate, vamos a ele. Tenho claro que o estatuto não será votado neste ano e o importante é que, quando ocorrer a votação, a sociedade tenha entendido direito a proposta."
De acordo com ele, há erros de interpretação do projeto. "Vários artigos autorizam o governo a implantar ações específicas, como em saúde ou educação. Isso não quer dizer que seja obrigado. O estatuto é uma política de incentivo, não de imposição."
Paim concorda que vários pontos precisarão de regulamentação. "Alguns artigos, como o que prevê a legalização da terra dos remanescentes de quilombos, precisarão ser regulamentados, ter regras de transição e passar por adaptações."
É o caso também da autodeclaração sobre raça/cor, que deverá estar presente na maioria dos documentos dos brasileiros. "Será necessário definir como ocorrerá a autodeclaração porque podemos ter o "racismo dos espertinhos': aqueles que se declaram afro-descendentes para tirar alguma vantagem", diz José Jorge de Carvalho, antropólogo da Universidade de Brasília, que milita a favor do projeto.
A FAVOR
Para grupo pró-cotas, melhor solução são as ações afirmativas
DA REPORTAGEM LOCAL
O manifesto entregue nesta semana com mais de 300 assinaturas, entre elas a do diretor teatral Augusto Boal, pelo grupo a favor do Estatuto da Igualdade Racial afirma que a situação educacional dos afro-descendentes no Brasil é pior do que a dos negros da África do Sul durante a segregação racial e acusa os opositores de não apresentarem propostas concretas para a inclusão racial.
Para eles, a principal forma de reverter a situação é o sistema de cotas nas universidades e a implantação de medidas que estimulem a sociedade a empregar mais afro-descendentes. Após entregarem ao Senado o abaixo-assinado, na terça-feira, o grupo prepara uma grande manifestação, ainda neste mês, em Salvador, e já marcou para agosto um encontro nacional com todas as universidades federais que já adotaram as cotas para que elas apresentem seus resultados.
O grupo também promete acompanhar "minuto a minuto" o trabalho dos deputados. "Quem fugir do debate será cobrado", diz frei David dos Santos, do Educafro (pré-vestibular para afro-descendentes) e um dos líderes pró-estatuto. Para ele, não são necessárias mais discussões e o projeto não dividirá a sociedade.
Tem a mesma opinião José Jorge de Carvalho, antropólogo da Universidade de Brasília. "Racismo é o que temos agora. As ações afirmativas querem apenas promover o acesso dos afro-descendentes aos benefícios previstos para todos." (DT)
CONTRA
Proposta acentua discriminação, alegam intelectuais contrários
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo contrário ao estatuto, formado por intelectuais, artistas e integrantes de movimentos sociais, argumenta que a proposta acentua a discriminação em vez de combatê-la porque dá respaldo legal ao conceito de raça.
Para a antropóloga Yvonne Maggie, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituir o conceito de raça "só traz sofrimento".
"Foi assim na Alemanha nazista e em Ruanda [África]." O estatuto propõe a criação de uma carteira de identidade com a autodeclaração da cor.
Na sua opinião, o racismo pode ser combatido por campanhas anti-racistas nacionais, pela criação de delegacias anti-racistas e por investimentos políticos que priorizem a melhoria de vida das pessoas.
O mesmo pensa José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista. "O estatuto joga fumaça sobre os problemas brasileiros. O governo deve investir em serviços públicos de qualidade, na geração de empregos."
Técnico em manutenção e morador de Caieiras (Grande SP), Miranda diz que não vê sentido numa política que o priorize pelo fato de ser afro-descendente em detrimento do seu vizinho branco, igualmente pobre. "Isso não resolve. Vai dividir o Brasil entre brancos e negros. Não queremos migalhas, mas o bolo inteiro."
Para a professora de história social da UFRJ Monica Grin, a autoclassificação compulsiva é uma expressão clara de políticas de regimes fascistas. (CC)
O Globo - Ancelmo Gois - pg. 16 - 7/7
Fogo na Uerj
Ancelmo Gois
Estudantes de Engenharia da Uerj levaram um susto quarta-feira à tarde.
Uma das cantinas no 5 andar do Bloco C pegou fogo. A brigada de incêndio da universidade não apareceu. O fogo foi controlado, com muito custo, por funcionários da cantina e alunos.
O Globo - Rio - pg. 19 - 7/7
Assaltantes levam medo a estudantes da Uerj
Alessandro Soler
A volta às aulas, depois de três meses da greve de professores, trouxe à tona novamente o problema da insegurança perto do campus da Uerj, no Maracanã. Estudantes têm sido assaltados e até espancados nas proximidades das passarelas de acesso ao metrô e aos
trens, que eles contam não ter qualquer vigilância à noite. O problema é antigo, dizem as vítimas, enquanto o comando do batalhão da PM da área sustenta que o policiamento só foi menor durante a paralisação.
Na segunda-feira, ao fim das aulas, a estudante de história da arte Roberta Manon, de 23 anos, deparou-se com uma cena chocante: dois homens com armas de fogo agrediam e ameaçavam “encher de tiro” um aluno da universidade no acesso à passarela na Avenida Radial Oeste. Ela e as outras pessoas que passavam pela rampa escura correram.
— Eu mesma já fui ameaçada por pivetes na passarela, no ano passado. A diferença é que esta semana os bandidos eram adultos armados com revólveres — contou Roberta. Aluno do curso de letras, Renê Forster, de 22 anos, disse que freqüentemente encontra grupos de menores ameaçando pedestres no acesso à passarela perto da universidade.
Dezessete horas é o limite para Mariana David, de 21 anos, do curso de engenharia de produção. Depois desse horário ela jamais caminha em direção ao metrô para evitar a passarela.
— Tenho um amigo que foi assaltado por vários pivetes no ano passado. Ele perdeu celular, carteira e vários livros da biblioteca da universidade.
Mariana Dias, de 21 anos, aluna do curso de engenharia, disse que uma amiga foi assaltada dentro do campus: ela foi abordada assim que saiu do carro no estacionamento.
— Dentro ou fora, a sensação de insegurança é geral. Os relatos dos estudantes mostram que os assaltos têm ocorrido com freqüência pelo menos desde o ano passado, embora o tenente-coronel Álvaro Garcia, do 6 BPM (Tijuca), insista que o policiamento é constante e que
os casos foram “eventos isolados”.
— Estudo na Uerj há quase cinco anos e uso diariamente aquela passarela. Nos últimos dois vi apenas uma vez um carro de polícia por ali — disse uma estudante.
Vigilância 24h pode ser retomada
Comandante do 6 BPM (Tijuca), o tenente-coronel Álvaro Garcia alega que o policiamento na área só foi menor durante a greve. De acordo com ele, há um esquema montado para a retomada da vigilância 24 horas por dia em dois pontos: o acesso à passarela que leva à estação do metrô, na Avenida Radial Oeste, e a entrada principal da universidade, na Rua São Francisco Xavier.
— Enquanto não havia aulas, deslocamos o policiamento para áreas onde ele era mais necessário. Agora estamos com um esquema para voltar a monitorar os acessos à Uerj. Há também reclamações de assaltos dentro do campus. Isso não é conosco, já que há uma segurança interna — disse.
A Uerj não se pronunciou sobre a onda de assaltos nos arredores, nem comentou a insegurança dentro do campus. De acordo com a assessoria, o reitor Nival Nunes de Almeida e a ouvidora Alzira Lobato estão doentes.
Jornal do Brasil - Opinião - pg. A11 - 7/7
Copa do mundo e noosfera
Leonardo Boff
NO DOMINGO, DEPOIS DE AMANHÃ QUANDO ocorrerá a final da Copa do Mundo de futebol, seguramente 2 a 3 bilhões de pessoas estarão assistindo ao jogo em suas telinhas de televisão. Esse fato pode ser considerado como um entre tantos espetáculos multitudinários como as exéquias da princesa Diana ou os solenes funerais do papa joão Paulo lI. Essa visão, entretanto, émeramente empírica e não capta seu sentido profundo e novo.
Está ocorrendo na história do planeta Terra, entendido como um superorganismo vivo, Gaia, e no fenômeno humano como um todo, uma singularidade que cabe ser conscientizada e aprofundada. Trata-se da emergência de uma nova fase do processo evolucionário que passou pela cosmogênese, irrompeu na biogênese, se desdobrou na ,antropogênesee que, agora, está dando outro salto para frente e para cima com a noogênese.
Esta expressão, noogênese, criada no século 19 por Suess, assumida posteriormente pelo conhecido biólogo russo Vernadsky, um dos primeiros formuladores da teoria de Gaia, foi difundida pelogeólogo, palentólogo e teólogo francês Pierre Teilhard de Chardin ( + 1955).
Teilhard, profundo conhecedor do processo da evolução e atento observador dos fenômenos históricos, havia observado que a rede de comunicação mundial pela via da economia, dos meios de informação, das trocas culturais e do encontro entre os povos e as pessoas estava criando a base material para um salto novo no processo evoludonário. Não apenas se trocam coisas, bens materiais e espirituais, mas, principalmente, vai-se acumulando uma nova energia espiritual e se gerando um novo estado de consciência, cada vez mais complexo e interiorizado nas mentes das pessoas e das instituições. Esse fenômeno foi qualificado por Teilhard de planetização e foi um dos primeiros a usar esta expressão.
O que hoje se realiza, observava ele, é o prolongamento de algo muito ancestral que representa a progressiva complexificàção da realidade que comporta simultaneamente um processo de interiorização e de crescimento de níveis de consciência reflexa. Depois do homem, a humanidade. É a fase atual em que emerge, persistentemente, a consciência de que formamos uma espécie, a humana, uma grande comunidade coletiva, a variegada família humana.
No momento em que bilhões de pessoas estão assistindo ao jogo final da Copa, realizam-se trilhões de conexões neuronais nos cérebros das pessoas, unific_das ao redor do movimento de uma bola. Essa sintonia gera uma onda energética de extraor dinária potência que modifica o estado da Terra e da humanidade. A noosfera constitui exatamente este fenômeno, no qual corpo, mente e espírito formam uma síntese superior.
A noosfera conhece duas fases, a planetização que forma a infra-estrutura da comunicação global e a unanimização convergente que surge quando as pessoas se derem conta e viverem de fato esse estágio novo de sua história. Mas não é suficiente essa síntese, fruto das forças diretivas do universo. Ela precisa ser querida. As mentes e os corações necessitam se unir numa grande paixão e num incomensurável amor pela humanidade e pela Terra criando como que um cérebro de cérebros.
Nesta perspectiva, a crise mundial não é de desagregação mas de rearranjo dentro da nova fase da humanidade. A história da vida nos ensina a ter confian:' ça no futuro, apesar de todas as tribulações do tempo presente. Talvez a Copa nos_ajude a pensar sobre coisas assim graves.
Luiz Biondi e Carlos Alberto
Direção da FEN
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