Greve - Notícias 15

Criada em 12/06/2006 19:32 por dirfen_biondi_ca | Marcadores: aluno fen func prof

Reproduzimos matérias publicadas no CLIPPING UERJ.

Extra  -  Extra, Extra!  -  pg.   -   7/6
O direito de fiscalizar
Berenice Seara

A caixa-preta da arrecadação do estado foi aberta na marra. Como a Secretaria de Receita se recusava a fornecer informações, o Tribunal de Contas do Estado foi à Justiça. Ganhou em primeira instância e agora confirmou a vitória no STJ, em Brasília.

Assim talvez os conselheiros possam conferir se a queda na arrecadação nos primeiros meses de 2006 atingiu 17%, como crêem até deputados da base.

Detalhe: o estado argumenta querer garantir o sigilo dos contribuintes. Mas parece esquecer que também deixava a salvo o sigilo dos propinodutos.

Corte profundo

E por falar nas contas do estado, nos últimos 15 dias, as empresas que fornecem mão-de-obra ao Detran já deram aviso prévio a mais de 300 pessoas. Foram cortados também carros, celulares e outras despesas. E a sangria ainda não terminou: até o fim de semana, outras fornecedoras de pessoal terceirizado vão anunciar demissões no Detran.

Bola fora

Do governo do estado pelo atraso no pagamento de empresas terceirizadas. Numa escola em Jacarepaguá, os alunos estão fazendo até faxina.
 
O Globo  -  On line  -  pg.   -   7/6
Professores da Uerj farão protesto nesta sexta em frente ao Palácio Guanabara

Em assembléia, realizada nesta terça-feira, professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiram manter a greve e fazer um ato público nessa sexta-feira, às 9h, em frente ao Palácio Guanabara. Na sexta, estava previsto o pagamento de servidores docentes e técnico-administrativos da universidade.

Os professores também rejeitaram a proposta informal feita pelo governo à administração da universidade de parcelamento do pagamento que está retido.
Os docentes querem, ainda, o fim dos inquéritos administrativos e de eventuais sindicâncias movidas contra os servidores técnico-administrativos e discentes. Nova assembléia será realizada na próxima segunda-feira, dia 12.
 
Estado de São Paulo  -  Estadão On line  -  pg.   -   7/6
Professores da Unicamp decidem não iniciar greve nesta quinta.
Uma nova assembléia acontece no dia 14; nesta quinta-feira haverá paralisação

SÃO PAULO - Em assembléia nesta quarta-feira, a Associação de Docentes da Universidade Estadual de Campinas (Adunicamp) decidiu não aderir ao indicativo de greve a partir desta quinta-feira, dia 8. Ao invés disso, marcou uma paralisação para o mesmo dia.

A associação repudia o reajuste proposto pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Uma nova assembléia foi marcada para o dia 14 de junho.

Nesta terça-feira, os professores da Universidade de São Paulo (USP) decidiram também adiar o início da greve devido à falta de mobilização que a Copa do Mundo e o feriado de Corpus Christi poderiam gerar. Eles decidiram manter o chamado indicativo de paralisação, mas só vão votar a adesão definitiva no dia 19. Os professores da USP em São Paulo decidiram ainda participar da audiência pública do orçamento estadual, prevista para o próximo dia 14, e realizar uma paralisação no dia 21, para participar de atividades na Assembléia Legislativa do Estado.

O campus de Ribeirão Preto da USP já está parcialmente paralisado, e os professores aprovaram greve a partir de amanhã. Uma nova assembléia será realizada na sexta-feira. Na USP São Carlos, foi mantido o indicativo de greve e assembléia, também para sexta-feira.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), que tem campus espalhados por todo o Estado, apenas um aprovou o início da greve a partir de quinta-feira: Marília. Em Franca, foi aprovado um dia de paralisaõa nesta quarta-feira, dia 7. Outros campus realizam novas assembléias ainda nesta semana.

Uma manifestação foi marcada para amanhã, reunindo grevistas das três universidades estaduais - USP, Unesp e Unicamp - na reitoria da USP.

O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) afirma que os servidores da universidade entrarão em greve a partir de quinta-feira.

Os professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas reivindicam 7% de reajuste salarial e mais verbas para a educação em todos os níveis.

Os reitores ofereceram na reunião de negociação do mês passado apenas 0,75% de reajuste, aplicado sobre o salário de maio. Em setembro, seria mais 1,79%. Segundo a proposta, se a arrecadação do ICMS do Estado atingisse um valor R$ 40,6 bilhões, esse segundo índice seria também retroativo a maio.
 
Folha de São Paulo  -  Folha Cotidiano  -  pg.   -   7/6
Professores da USP adiam para o dia 19 decisão sobre greve
Daniela Tófoli

Em assembléia feita ontem, eles decidiram aguardar uma nova rodada de negociações com a reitoria da universidade

Funcionários já tinham decidido paralisar a partir de amanhã; docentes da Unicamp farão assembléia hoje para decidir se param

Os professores da USP resolveram ontem aguardar até o dia 19 para decidir se entram em greve ou não. Em assembléia no fim da tarde, eles optaram por aguardar a nova rodada de negociações com a reitoria. No entanto, marcaram um ato na Assembléia Legislativa no dia 21 para pressionar o governo a aumentar os recursos destinados para a educação.

Professores e servidores das universidades estaduais paulistas reivindicam reajuste salarial de 7% e aumento na verba para o ensino público. Exigem que o investimento estadual na educação passe de 30% para 33% da receita de impostos e que o repasse para as universidades aumente de 9,57% para 11,6% do ICMS.

O Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) oferece aumento de 0,75% sobre os salários de maio e reajuste de 1,79% sobre os de setembro. De acordo com as assessorias de imprensa das universidades, a folha de pagamento de docentes e funcionários já compromete quase todo o orçamento anual.

Na USP, gasta-se 87,5% com a folha de pagamento sem o reajuste de 0,75%. Na Unicamp, já com o reajuste, o comprometimento fica em 93,21% e, na Unesp, também com o novo salário, 89%. O aumento dos recursos da educação não depende da vontade dos reitores, mas da decisão do governo.

Com a decisão de ontem, os docentes não se unirão aos funcionários da universidade, que já haviam decidido pela paralisação a partir de amanhã. Servidores dos campi da USP de Ribeirão e de São Carlos estão parados desde segunda-feira. Hoje, estudantes da universidade fazem assembléia para decidir se apóiam o movimento.

Também na tarde de hoje, a Unicamp faz assembléia de professores para resolver sobre a greve. Seus funcionários optaram por aderir à paralisação. As 23 unidades da Unesp também estão realizando assembléias.
Já decidiram pela greve os funcionários dos campi de Araçatuba, Assis, Bauru, Botucatu, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro e São José do Rio Preto e os professores de Marília.

A greve da maioria das unidades das três universidades está programada para começar amanhã porque é quando ocorre mais uma reunião do Cruesp com os representantes dos sindicatos para uma nova rodada de negociações.

O vice-presidente da Adusp (Associação de Docentes da USP), Francisco Miraglia, explica que tão importante quanto o reajuste salarial é o aumento da dotação orçamentária. "Não queremos apenas aumento de salário. Melhorar a verba da educação é importante para todo o Estado."
 
Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg.   -   8/6
Alunos do CAp: apoio à greve aulas especiais
 
Enquanto não termina a greve, os alunos do Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj) aproveitam o tempo da melhor forma possível. Os estudantes do último ano do ensino médio têm ido à instituição participar das aulas especiais que acontecem diariamente. Os professores fazem revisão das matérias e tiram dúvidas dos estudantes que irão prestar vestibular este ano. As aulas acontecem no auditório, onde os estudantes podem tirar dúvidas e receber orientação dos professores.

"Os professores estão fazendo diariamente a revisão da matéria e de conteúdo, o que diminui a ansiedade em relação ao vestibular", explicou o diretor do colégio, Lincoln Tavares da Silva.

Mas não são apenas das aulas especiais que os alunos têm participado. De acordo com a direção da escola, eles também participam das atividades de greve. No final de maio, os alunos do CAp-Uerj participaram de uma aula pública na quadra de esportes do colégio. O aulão reuniu professores, alunos e pais, contou a história do Rio Comprido, bairro onde o colégio se localiza, e sobre os problemas enfrentados pela instituição.
 
Folha Dirigida  -  Educação/Coluna do Professor  -  pg.   -   8/6
Asduerj: assembléia na segunda, 12
 
A Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) já tem seu calendário de mobilização até a próxima assembléia, marcada para segunda-feira, dia 12. Nesta sexta-feira, dia 9, acontece um ato unificado, a partir das 9 horas, em frente ao Palácio Guanabara. Nesta data estava previsto o pagamento dos professores e técnicos.

Também na segunda-feira, dia 12, o comando de greve se reúne com estudantes secundaristas, para esclarecê-los sobre a suspensão do vestibular. A Asduerj também pretende encaminhar um indicativo político à reitoria que rejeita a proposta informal do governo de parcelamento do pagamento que está retido.

Folha Dirigida  -  Anotações  -  pg.   -   8/6
Coluna Anotações
Marcelo Bebiano

Boa notícia

Em meio a crise na Uerj, o reitor Nival Nunes, recebeu uma boa notícia. Seu nome é o mais cotado para a presidência do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).

Movimento inicial

O movimento em favor do professor Nival Nunes teve início numa reunião do Crub, no final de março, em Goiânia.

Respeitado pelo seu trabalho na área de Engenharia, o reitor ganhou forte apoio do Conselho devido a crise da Uerj. Inclusive, a universidade foi agraciada recentemente pelo Crub com uma Moção de Apoio.

Nada mudou

Ainda em viagem à França, o secretário Wanderley de Souza não perceberá nenhuma mudança na crise da Uerj. Em greve desde 3 de abril, os professores da universidade realizarão ato público sexta, dia 9, em frente ao Palácio Guanabara.

Coincidência

A escolha do dia da manifestação, que coincide com o retorno do titular da Ciência, Tecnologia e Inovação, foi escolhida por ser o dia previsto para o pagamento de servidores, professores e técnico-administrativos da universidade.

Aliviando a tensão

Ao que parece, como emperraram as negociações sobre a greve na Uerj as partes estão procurando maneiras de aliviar a tensão. Enquanto o secretário estava em Paris, o reitor Nival Nunes antecipou em algumas horas o término do expediente da última segunda, dia 5, para festejar seu aniversário com os diretores de unidades.
 
Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg.   -   8/6
Conselheiro da OAB: folha da Uerj é ilegal
Bruno Vaz

A crise da Uerj, cujos funcionários mantêm as atividades paralisadas há mais de dois meses, ganhou um novo capítulo com as declarações do conselheiro para Assuntos Trabalhistas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio (OAB-RJ), José  Ribamar Garcia, na última terça-feira, dia 6. Segundo o advogado, a atitude do reitor da instituição, Nival Nunes, de enviar ao governo do estado uma lista de presença com os nomes de funcionários que, neste período, têm faltado às atividades normais, é ilegal.

"Esta é uma atitude nefasta por parte da reitoria da instituição, já que obriga o governo a cortar o ponto de todos os funcionários, inclusive aqueles que compareceram aos seus respectivos locais de trabalho durante a greve", apontou o advogado.

A medida foi adotada pela reitoria para tentar evitar que o governo punisse com o corte do pagamento os professores e técnicos-administrativos em greve. Mesmo assim, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, determinou na semana passada o corte de ponto de todos os funcionários da instituição, o que causou a revolta da comunidade. Segundo o representante da OAB-RJ, apesar de conciliatória, a atitude do reitor não ajuda a solucionar o problema da Uerj.

"O governo tem todo o direito de cortar o ponto dos funcionários faltosos e não está ferindo a autonomia universitária com isso. O Estado paga a estes funcionários para exercerem suas atividades e, em casos como este, pode sim suspender o pagamento. Na atual situação, a reitoria da Uerj, infelizmente, está atuando de forma ilegal", reforça José Ribamar Garcia.

Com agenda cheia, Nival não responde às críticas 

O reitor da Uerj, Nival Nunes, não foi encontrado para comentar as críticas do conselheiro da OAB-RJ, José Ribamar Garcia, quanto à ilegalidade no envio da folha de ponto dos funcionários da instituição ao governo do estado. Segundo a assessoria de Nival, o reitor, que não participou da reunião do Conselho Estadual de Educação da última terça-feira, dia 6, tem participado de várias reuniões em seu gabinete para tentar resolver o problema da greve na Uerj e, por isso, não pôde atender à reportagem.

Numa destas reuniões, na última segunda-feira, dia 5, Nival conversou com diretores de unidades que, ao contrário da reitoria, enviaram para o governo do estado as folhas de ponto corretas, com faltas para os grevistas. Apesar do conteúdo da reunião não ter sido divulgado pela reitoria, o fato de as unidades terem se posicionado contra uma determinação do reitor causou mal-estar na instituição.

"Os diretores exorbitaram suas funções. Passaram por fora da universidade, não respeitaram a hierarquia", reclamou Nival, durante um ato público em defesa da universidade realizado na semana passada.

Diretor-geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto, uma das unidades que confeccionaram sua própria folha de ponto,  Carlos Eduardo Andrade se defendeu das críticas. "Nós só encaminhamos uma folha própria porque, em abril, nenhum funcionário do hospital estava em greve, ou seja, o governo não poderia cortar o ponto destes servidores. Mesmo assim, a folha foi encaminhada para a universidade, com cópia para a Secretaria Estadual de Administração", afirma o dirigente.

Segundo ele, na próxima folha de ponto, referente ao mês de maio, a unidade recomendará o corte de ponto dos faltosos. "A greve no hospital começou no dia 8 de maio e vamos dar falta para quem faltou. Mesmo assim, 99,9% dos nossos funcionários estão trabalhando atualmente", garante o diretor.

Folha Dirigida  -  Educação/Comunidade Acadêmica on line  -  pg.   -   8/6
Corte de ponto na Uerj: a polêmica continua
Bruno Vaz

Como não poderia deixar de ser, o colunista volta ao assunto Uerj por um simples e único motivo: não há no meio educacional, atualmente, tema mais palpitante do que a crise financeira que leva a universidade a atravessar uma das piores passagens de sua história, com acusações da reitoria, do governo do estado e dos
funcionários, e com uma paralisação que já ultrapassa a marca dos dois meses.
 
Dito isso, a última informação em relação ao conflito é a de que o fato de o reitor Nival Nunes ter enviado ao governo do estado uma folha de ponto com presença para todos os funcionários, inclusive os que não compareceram aos campi por conta da greve, configura uma ação juridicamente ilegal.

A afirmação é do conselheiro para Assuntos Trabalhistas da OAB-RJ, Iosé Ribamar Garcia. Até as paredes da universidade sabem que o reitor agiu desta forma para tentar evitar que o governo do estado cortasse o ponto de todos os funcionários da instituição, inclusive aqueles que compareceram aos seus locais de trabalho.

A medida, como se sabe, deu com os burros n 'água, já que o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, determinou o corte geral do ponto. E, como bem afirmou o representante da OAB, acabou se virando contra a própria reitoria, que na intenção de beneficiar os funcionários em greve, acabou colocando em maus lençóis aqueles que sequer participaram da paralisação.

Como o governo não parece disposto a recuar em sua posição, o secretário, inclusive, encontra-se no exterior, parece que, como se não bastasse, a Uerj acabou arrumando mais um problema para se ocupar.
 
Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg.   -   8/6
Docentes da UFF apoiam paralisação da Uerj

 
A Associação de Docentes da UFF (Aduff) divulgou uma nota de apoio aos professores que estão em greve na Uerj. De acordo com a nota, a Aduff está à disposição do movimento grevista para o que se fizer necessário. "Estamos apoiando os professores da Uerj, porque eles estão lutando por melhorias de trabalho e salário e mais verbas para a instituição, que é pública", explica a presidente da Aduff, Sônia Lucio.

Ainda segundo a dirigente, todos os docentes fazem parte do mesmo sindicato, o Sindicato Nacional de Docentes do Ensino Superior (Andes), e por isso devem ser solidários em situações como esta. "O sindicato defende uma universidade pública e de qualidade. Estamos nos solidarizando e reivindicando que o governo do estado respeite a autonomia universitária".

A nota divulgada pela Aduff também faz referência à autonomia universitária e critica o governo do estado. "Não podemos tolerar que governos corroam a autonomia para fazer valer os interesses dos empreendedores dos nichos privados, que estabelecem uma relação predatória com a universidade pública", diz um dos trechos da nota. Em relação à polêmica do corte de ponto e da posição do reitor da Uerj, Nival Nunes, de não entregar o nome dos faltosos para o governo, a dirigente também se mostrou solidária. "A atitude do reitor representa uma questão de suporte político ao movimento grevista".
 
Folha Dirigida  -  Educação  -  pg.   -   8/6
Greve: instrumento legítimo. Mas ainda eficaz?
Renato Deccache

Na rede estadual foram 45 dias. Nos colégios da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), elas somaram 61. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), já foi ultrapassada a barreira dos dois meses. Este ano, a rotina da educação pública no Estado do Rio de Janeiro, que mexe com a vida de aproximadamente de 1,8 milhão de estudantes, foi abalada por três greves que, mesmo nos casos em que já terminaram, ameaçam inviabilizar o ano letivo de 2006.

Após dezenas de protestos, manifestações, cartas de denúncia, assembléias, encontros com representantes do governo, entre outras ações praticadas pelos sindicalistas ao longo das paralisações, do ponto de vista prático, o saldo é o seguinte: até o momento, nenhuma de suas reivindicações dos representantes dos professores da rede estadual, da Faetec e da Uerj foi atendida. Além disso, profissionais das três redes tiveram descontos nos salários em função dos dias que pararam, o que gera um outro problema: como não receberam, os educadores que já voltaram às aulas ameaçam não repor os dias perdidos ao longo do movimento.

Professores têm pontos de vista diferentes

Diante de uma paralisação que afetou o ritmo de aula dos estudantes e influiu diretamente no planejamento das aulas dos professores, ficam as perguntas: a greve valeu a pena? Será que parar as atividades é a forma mais eficiente de lutar por conquistas? Entre os professores que aderiram ao movimento, é possível encontrar posições opostas. Eduardo Papaguerius, que ensina História no Colégio Estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido, é um dos que acreditam que é preciso rever as atuais formas de mobilização.

"Saímos da greve como entramos e muitos ainda perderam seus salários. Acho que precisamos de formas de reivindicar diferentes. Um movimento, para ser efetivo, tem de contar com a participação de alunos e todos os professores, e não de parte deles", opinou.

Professor do Instituto de Educação Ismael Coutinho, em Niterói, Ricardo Soares considera que a greve foi positiva do ponto de vista da mobilização dos profissionais em torno dos direitos da categoria. Porém, ele destacou pelo menos um ponto negativo da paralisação: para ele, o principal alvo da mobilização, o governo, é o menos afetado.

"A verdade é que alunos e professores saem perdendo com as greves. Elas só interessam aos governos, que diante de paralisações longas conseguem inverter o jogo político e colocar a culpa dos problemas da educação pública nas paralisações e, indiretamente, nos professores", avaliou.

A professora Marli Regina Hubner, do Ciep 397, de São João de Meriti, também aponta um aspecto positivo e um negativo da utilização de greves como estratégia de pressionar governos. "Valeu a pena fazer greve. A categoria sofre com o arrocho salarial e o desvio de verbas para outros fins não educacionais", justificou Marli Regina, que, em seguida, disse que as retaliações aterrorizam a categoria. "Afinal, estamos há dez anos sem aumento e, por isso, o professor não pode se dar ao luxo de deixar de ganhar dinheiro e sofrer corte de ponto. A falta de dinheiro tem sido um ponto crucial na vida dos professores", salientou.

Greves são retrato do caos na educação

Outra que considerou válida a greve destes ano, apesar do corte de ponto e de nenhuma reivindicação ter sido atendida, foi a professora Dayse Oliveira, do Colégio Estadual Raul Vidal, em Niterói. Para ela, o movimento teve resultado positivo, ao permitir à categoria mostrar à sociedade os problemas que, segundo ela, as escolas da rede estadual enfrentam.

"A greve foi válida e o mais importante foi que conseguimos mostrar que o caos que a educação no Estado do Rio de Janeiro vive hoje não é culpa dos professores e funcionários. A culpa é dos governos, em especial nos últimos oito anos, que optaram por uma política assistencialista e ações paliativas como o Projeto Nova Escola, em vez de dar o reajuste salarial a que temos direito", salientou a Dayse Oliveira.

Em um tom mais radical, Renata Martielo, da Escola Estadual Araujo Porto Alegre, na Tijuca, acredita que a greve é o único instrumento válido de que o trabalhador pode fazer uso na hora de lutar por conquistas. Ela acredita que, se algo tem de mudar, que seja para uma pressão mais incisiva.

"Temos de resgatar os métodos históricos de reivindicação e resistência, com ocupações de prédios públicos, paralisação de grandes avenidas, grandes passeatas, etc. Se pedimos para negociar, podemos ser recebidos ou não. Mas, se exigimos, só aceitamos o sim como resposta", salientou.

O professor Max Gouvêa, do Colégio Estadual Antero Figueira de Almeida, de Nilópolis, acredita que todo movimento de greve está sujeito a êxitos e fracassos e que não se pode julgar a paralisação como instrumento de pressão pelo resultado que teve a deste ano. "Todo movimento de luta é algo positivo. É uma guerra e que tem sempre de ter um vencedor. Desta vez, infelizmente, foi o governo, até porque tem toda a máquina administrativa nas mãos e usa isto como um verdadeiro rolo compressor", salientou.

Apesar de tudo, para lideranças saldo ainda é positivo

Entre os representantes do comando de greve na rede estadual e da Faetec, a avaliação é de que, apesar de a paralisação não ter resultado em reajuste salarial ou mesmo no atendimento de reivindicações das categorias, o saldo foi positivo. Eles destacam, principalmente, que o movimento foi válido porque mobilizou professores e alunos a denunciarem problemas nas escolas. Ao comentar se há alternativas à greve como forma de mobilização, o coordenador-geral do Sepe-RJ, Gualberto Tinoco, foi enfático.

"Nestes últimos dois anos, procuramos todos os meios de ter interlocução com o governo, seja por paralisações curtas ou atos com outras categorias. Tivemos encontros com o ex-secretário de Governo, Anthony Garotinho. Fizemos tudo o que era necessário para avançar na negociação. Não se avançou e, portanto, fomos à greve", disse Gualberto Tinoco, afirmando que os alunos já seriam penalizados diante dos problemas que, segundo ele, existem na rede estadual. Ele defendeu a greve como estratégia. "Foi com ela que conquistamos plano de carreira, incorporamos gratificações. Portanto, tudo o que temos hoje no contracheque é fruto de alguma greve que fizemos."

Uma das diretoras do Sepe-RJ e da regional de Itaboraí do sindicato, Maria de Lourdes Monteiro também considera que a greve valeu a pena. Segundo ela, se não foi alcançado um resultado financeiro satisfatório, de alguma forma, a categoria conseguiu uma adesão razoável. "Quando chegamos à greve é porque já esgotamos todas as formas de luta existentes. É claro que se descobrirmos uma outra forma mais eficiente, vai ser ótimo. Mas, até o momento, a greve evidentemente é válida."

Haroldo Teixeira, coordenador geral da Associação de Profissionais de Educação da Faetec (Apefaetec), afirmou que a greve representou um ganho político importante para a categoria. Perguntado se o "ganho político" compensa o prejuízo dos alunos e as retaliações sofridas por grevistas, ele afirmou que a paralisação não é a causa dos problemas da educação no estado.

"Quando se afirma que o aluno foi prejudicado, quero saber o seguinte: e as 16 salas de Santa Cruz que estão interditadas: quem vai repor estas aulas? E os alunos que estão sem merenda no Ferreira Viana? Quem é o responsável? Foi a greve que causou estes problemas? O governo critica mas não tem coragem de ir a público e falar sobre isto", questionou Haroldo Teixeira.
 
Folha Dirigida  -  Ensino Superior  -  pg.   -   8/6
Grevistas vão ao Palácio Guanabara nesta sexta
 
Apesar das negociações da reitoria da Uerj para tentar colocar um fim à greve de professores e técnicos-administrativos da instituição, os grevistas vão ao Palácio Guanabara nesta sexta-feira, dia 9, para pressionar o governo do estado a atender suas reivindicações. Na última terça-feira, dia 6, a reitoria reuniu-se com a Secretaria Estadual de Administração, na tentativa de solucionar o impasse.

Segundo Débora Lopes, da direção do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas do Estado (Sintuperj), a reitoria fez um informe aos sindicatos de que o governo sinalizava com a liberação dos pagamentos caso a greve fosse encerrada. No entanto, no mesmo dia, o Sintuperj, a Associação de Docentes (Asduerj) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) realizaram assembléias e votaram pela continuidade da paralisação. Perciliana Rodrigues, coordenadora do Sintuperj, avisa que a ida ao Palácio será um dos maiores protestos e contará com a presença de parlamentares. "Vamos fazer uma grande mobilização em defesa da nossa universidade", confirma.

O ato em frente à sede do governo do estado estava marcado para a última quarta, dia 7, mas foi adiado para o mesmo dia em que oficialmente os pagamentos deveriam ser liberados, caso o governo não cortasse o ponto dos grevistas. "Por isso escolhemos o dia 9", explica a presidente da Associação dos Docentes (Asduerj), Nilda Alves.

Na próxima segunda, dia 12, os sindicatos realizam assembléias. Bruno Miranda, do DCE, que também está em greve, garante que a mobilização não dá sinais de cansaço. "Acredito que o movimento não vai recuar. O ato  de suspender os pagamentos é ilegal".

Grevistas tentam apoio no MEC e no Congresso 

Uma comissão formada por representantes da comunidade da Uerj esteve em Brasília na última quarta-feira, dia 7, para tentar buscar apoio do Ministério da Educação (MEC) e de deputados federais do estado do Rio para a crise da instituição. Em greve há mais de dois meses, representantes dos docentes, dos técnicos-administrativos e dos alunos querem que os deputados intervenham no diálogo com o governo estadual. A comissão foi recebida pelo secretário de Educação Superior do MEC, Nelson Maculan, e logo em seguida pela bancada de deputados do Rio. A expectativa é que além de apoio para retomar o diálogo, deputados destinem emendas ao orçamento da Uerj e formem uma frente parlamentar em defesa da universidade, com a presença de representantes do Senado.

Em  visita ao Rio, o ministro da Educação, Fernando Haddad, avisou que o MEC poderia ajudar. Para Guilherme Pimentel, do DCE, esta não pode ser a solução. "Quem deve custear a Uerj é o governo estadual. Eles não podem fugir da obrigação".

Crise no cenário político 

Enquanto a comunidade acadêmica da Uerj busca apoio junto aos deputados federais em Brasília, no Rio, os deputados estaduais também saíram em defesa da instituição. As críticas dos parlamentares dizem respeito ao descaso do governo estadual, que não mandou representantes a uma audiência na Alerj para discutir a situação da universidade, e à suspensão do pagamento dos funcionários. Veja o que dizem alguns deputados estaduais sobre o corte de ponto na instituição:

"A atitude do governo é autoritária. A autonomia universitária é consagrada na Constituição. Nem nos governos militares vi atitude semelhante. O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, foi convocado a participar de uma audiência e não compareceu. Claro que se houvesse alguma intenção da Secti de desfazer o mal entendido, eles teriam enviado algum representante", Paulo Ramos, líder do PDT na Alerj.

"O corte de ponto é inevitável. Como vamos explicar esta situação ao estudante carente que está perdendo aulas? O processo de greve custa para o estudante, para o governo e tem que custar também para o grevista. Para solucionar a crise, acredito que o caminho é sempre o diálogo, o entendimento entre as partes. Acho que na questão da Uerj, existem problemas de todos os lados, mas sempre há solução", deputado Noel de Carvalho (PMDB), líder do governo na Alerj.

"A verdade é que somos minoria e os deputados governistas, por questões políticas, fazem ouvidos de mercador para os problemas que a Uerj apresenta. Acredito que o caminho para resolver o impasse é continuar pressionando. Queremos convidar a comissão de Orçamento a visitar as instalações da Uerj. Outras comissões também podem se unir nesta luta. Temos que fazer de alguma forma, este diálogo acontecer", deputada Inês Pandelô, líder do PT na Alerj.

Luiz Biondi e Carlos Alberto
Direção da FEN
Gestão Participativa



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