Reproduzimos matéria publicada no CLIPPING UERJ. Folha Dirigida - Educação - pg. - 18/4 A comunidade acadêmica da Uerj reagiu às declarações do secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, sobre o corte no custeio da instituição. Em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, o secretário afirmou que o maior problema da Uerj está na falta de planejamento. Wanderley também disse que a universidade vive seu melhor momento acadêmico, além de acusar os grevistas de terem objetivos políticos. "Só podemos lamentar este tipo de declaração. Ele ainda afirmou que eu preciso ter paciência para resolver os problemas financeiros da instituição, mas ele próprio não teve a mínima paciência para pedir o corte de ponto dos grevistas", criticou o reitor Nival Nunes, apoiado pelos ex-reitores da universidade no pedido pela manutenção das verbas de custeio da instituição. Técnicos-administrativos e professores, em greve há três semanas, ironizaram a entrevista do dirigente. "É interessante o secretário falar em movimento político. Será que a queda da mureta de quase 10 toneladas também foi política? Se a crise é de planejamento e de gestão, por que os cortes sucessivos do governo ao orçamento?", rebate Denise Brasil, vice-presidente da Associação de Docentes (Asduerj). Maria do Socorro, diretora do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj), também respondeu às críticas de Wanderley, segundo ela, "declarações trágicas". "Nosso movimento não é político. Quem quiser pode fazer uma visita ao Hospital Universitário Pedro Ernesto e verificar a situação. Como a Uerj pode estar em um de seus melhores momentos? A universidade está desabando". Grevistas se reúnem nesta terça Apesar do ato realizado pelos grevistas da Uerj na última quarta-feira, dia 12, e da reunião com o secretário estadual de Governo, Ricardo Bittar, no mesmo dia, não há avanço quanto ao fim da greve. Segundo Perciliana Rodrigues, coordenadora do Sintuperj, o diálogo com o governo apresentou poucas novidades. "Fomos recebidos com a mesma enrolação de sempre, não houve nenhuma proposta". Nesta terça-feira, dia 18, acontece um ato no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). Guilherme Pimentel, integrante do DCE, afirma que a mobilização dos alunos está aumentando. Segundo ele, o ato da semana passada teve a participação de mais de três mil pessoas. "O ato teve uma força muito grande", diz. O estudante também reclama da postura do governo. "Fomos recebidos para ouvir um não absoluto. A única proposta que cogitaram foi sobre a construção de um bandejão no campus Maracanã. Também nesta terça, os estudantes vão realizar uma assembléia para discutir a paralisação", avisa o universitário. A Uerj enfrenta uma greve dos três segmentos: professores, técnicos-administrativos e alunos. Sindicalistas e estudantes cobram a recuperação da estrutura da instituição e reajuste de bolsas e salários. Os atos estão sendo organizados conjuntamente. Apesar do governo não ter apresentado uma proposta concreta e da ameaça de corte de ponto dos grevistas, Perciliana avisa que o movimento está apenas começando. "A greve continua. A briga está só começando e esquentando. Não vamos dar paz a este governo. Devemos iniciar em breve uma campanha através de outdoors", ameaça. DCE endossa críticas Os estudantes da Uerj, que assim como os técnicos e professores também paralisaram suas atividades, compararam a posição do secretário Wanderley de Souza a uma piada de mau gosto. O fato do dirigente ter dito que o problema da Uerj é de planejamento e não de falta de recursos deixou os estudantes indignados. "O professor Wanderley só pode estar bancando o fanfarrão", critica o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Guilherme Pimentel. Segundo o universitário, os cortes no orçamento da Uerj vêm sendo sucessivos e o governo estaria fugindo da sua responsabilidade, que é custear a instituição de ensino. O universitário acredita que o objetivo do governo com o corte de recursos é fazer a Uerj entrar em processo de privatização interna. "Se nossos recursos vêm da fonte 00, do Tesouro Estadual, a universidade tem autonomia para definir suas linhas de pesquisa. Se os recursos são captados através de projetos, nossa linha de pesquisa fica comprometida com os projetos e objetivos da empresa em questão. Ou seja, a universidade deixa de lado sua função social para atuar unicamente nas áreas que as empresas definirem. É esta a universidade que queremos?". Diana Beck, aluna do curso de História, também criticou as declarações do secretário. "Suas falas e argumentos vão numa linha contrária a tudo o que defendemos para a construção de uma universidade melhor e mais sintonizada com os problemas da sociedade". A aluna também rebate a acusação de que a greve teria objetivos políticos. "A discussão é política. Mas não temos intenção de prejudicar a eleição de ninguém. O que queremos é defender a universidade pública gratuita e de qualidade", finaliza. Luiz Biondi e Carlos Alberto |
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